O analfabetismo emocional faz referência à incapacidade que temos de manejar nossas próprias emoções e, portanto, para compreender e aceitar as emoções dos outros. Algumas pessoas afirmam que a alfabetização emocional pode vir a ser uma segunda revolução no ensino básico. A primeira aconteceu há quase três séculos quando as pessoas eram analfabetas e não sabiam ler nem escrever. Sem dúvidas foi um grande passo adiante mas... hoje parece não ser o suficiente! |
É curioso como na sociedade ocidental todos desejam mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo, ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça. Por isso, o primeiro grande passo para deixar de ser analfabeto emocional é conseguir um verdadeiro autoconhecimento. Um conhecimento de si mesmo que permita determinar quais são nossas fortalezas, mas também as debilidades. Para isso provavelmente primeiro seja necessário eliminar o medo de descobrir que não somos perfeitos.
Muitas pessoas afirmam que os analfabetos emocionais são uma consequência do estilo de vida ocidental e da sociedade moderna altamente tecnológica. Pode ser, provavelmente a necessidade de condensar o saber adquirido pela cultura através dos séculos tenha feito com que as escolas se centrem exclusivamente em transmitir informações (muitas vezes perfeitamente inúteis). A sobrecarga de papéis, a escassez de tempo e o desenvolvimento da tecnologia fazem com que optemos por formas de comunicação mais velozes. Já sabemos que suplantar a interação humana pela interação mediante os meios tecnológicos não é uma boa coisa.
Um dos problemas essenciais da sociedade moderna que contribui para que exista um número maior de analfabetos emocionais é a urgência. Como o tempo é uma de nossas posses mais preciosas e o ritmo da vida é muito agitado, damos um grande valor à urgência e tudo aquilo que não seja uma satisfação rápida é considerado negativo.
Assim, a própria sociedade e seu estilo de vida impulsiona o desenvolvimento de adultos que se comportam como "crianças pequenas" que desejam satisfazer suas múltiplas necessidades "aqui e agora" do tipo "eu quero eu quero porque quero". Quando as necessidades não são satisfeitas em um tempo relativamente prudencial a pessoa acaba optando por medidas extremas, simplesmente porque não tem as ferramentas para enfrentar sua nova realidade.
O imediatismo nos torna pessoas mais egoístas, desejando que nossas necessidades sejam prioritárias sobre as demais. A urgência dá-nos pouco tempo para refletir, para repensar e aprender a nos conhecer. Desta forma, terminamos estabelecendo relações superficiais com as outras pessoas e com a gente mesmo. A emotividade restringe-se à expressão das emoções mais negativas como a ira ou o desprezo.
Provavelmente ninguém encerrou melhor e de maneira mais concisa o que acontece na relação entre emoções e razão do que Gibran Khalil Gibran:
"Quando chegar ao final daquilo que deve saber, estará no princípio do que deve sentir".
E você, se considera um analfabeto emocional? Como faz para lidar com suas emoções indesejadas?
Fonte: Kluge: The Haphazard Construction of the Human Mind de Gary Marcus.
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Comentários
Ele não foi reeditado Edgar. Acontece que no post dos internautas de sábado, cada um envia os links que gostou na rede e quase sempre alguém envia um artigo antigo do próprio MDig.
Abraços fraternos.
Oi, Admin. Gostei deste post. Não o conhecia. Mas, por que reeditá-lo agora?
Viver é maravilhoso. Hoje você pode estar no fundo do poço, ou vivendo o melhor momento de sua vida. Talvez você considere que sua vida é um grande marasmo, ou quem sabe desejar um pouco de sossego. Pode estar vivendo uma grande paixão, ou vivendo momentos de frustração e em solidão. Não importa. Neste exato momento você está vivendo algo único, algo que só você sabe o que é, e que te faz essencialmente único e especial.
Especial, sim, por quê até mesmo um cereal com defeito de fabricação tem lá o seu valor. Mas, sobretudo, especial por que você representa o talento mais sublime que um ser possa desejar: você faz a sua vida!
E não importa se você está se dando bem ou mal. O universo possui um misterioso fluxo que acaba mostrando que cada experiência que vivemos nos enriquece. Basta parar, refletir e você verá: você viveu e vive coisas que te dão sustentação para ser o que você é, e também para o que você virá a ser.
Sim, você pode entrar num beco sem saída, mas também pode ganhar o mundo! Basta que você acredite e persiga seus sonhos. Mas você não precisa ter uma ambição do tamanho do mundo.
Ser normal é bom. Mas também não queira ser normal – ninguém jamais conseguiu! À parte isso, você pode conseguir absolutamente tudo o que quiser, mas, acredite, você não precisa do que você não tem agora.
Concordo com o Kaiser. Algumas veses nos não podemos controlar as emoções,como raiva,tristeza e etc... mas é completamente normal pra um ser humano, se me lembro bem, vi um tópico aqui mesmo no Mdig que falava que se vc sente tristeza, é pq seu cerebro está "saudavel". Uma pessoa que consegue se conter de todas as emoções não existe,ou ao menos não é gente. Mas como tudo nessa vida,precisa ter um equilíbrio entre emoções e ações.
Sim,a mente humana é muito bizarra...
Realmente Tyr, existe uma grande diferença entre amor e paixão
Ultimamente eu ando gritando com qualquer coisa que me deixe irritado... E pensar que eu já fui uma pessoa tranquila ao extremo, a ponto de irritar algumas pessoas com a minha tranquilidade exagerada. Deve ser a rotina do trampo, sei lá...
Eu consigo segurar algumas emoções, porém é incontrolavel sentir tristeza ou raiva de algumas coisas...
Me conheço o bastante pra tentar puxar felicidade sobre isso, porém é como se fosse humano o ato de ficar triste... Pra mim isso num existe, analfabetismo emocional, até por que cada um tem um jeito de lidar com cada situação. Não somos robôs
analfabetos emocionais... eu ja fui um, e é dificílimo "melhorar", porque uma mudança completa só sendo um buda, coisa que está muito longe da realidade do brasileiro e de tantos outros povos, eu consegui algum progresso nessa área, primeiro assumindo que estou sozinho, hoje e sempre e assim será, afinal o serumano nasce e morre sozinho, isso faz me pensar que sou "responsável por minhas próprias ações" e por grande parte daquilo que acontece comigo seja bom ou ruim, não adianta culpar os outros, " e o serumano é muito bom nisso, é exímio na arte de "tirar da reta o dele" e falar que nada muda por conta dos demais, ou que os demais não deixam ele mudar, sou egoísta, penso em mim mesmo e em segundo nos outros, mas também sou extremamente moralista, moralista no sentido de ter minha própria moral, e esta diz: não se pode invadir a vida alheia se esta não esta fazendo nada que lhe diz respeito, em outras palavras, não incomode os outros, a menos que esteja sendo incomodado, brasileiro em especial gosta de caçar assunto, de cuidar daquilo que não lhe diz respeito e deixar a própria vida a mercê do acaso e das casualidades, tento não ser assim, e vo confessar, só minha própria vida já toma 105% do meu tempo para cuidar dela, e dá um trabalhão sem tamanho... :sha:
Concordo com tudo.
Ainda sou um "analfabeto emocional", mas já estive pior.
Se eu fosse um ano atrás do jeito que sou hoje muita coisa podia estar diferente... esse texto poderia ter ajudado.
Acho eu que, há momentos estratégicos do nosso organismos para as reflexões e analises, é como se fossem intervalos de "deprê" que ocorrem normalmente, sem que seja necessário um extremo pra isso.
Veja bem, todo mundo tem essas baixas, onde vc desacelera. Comigo ocorre sempre isso, eu vou empilhando coisas, e sinto fortemente quando estou no limite e tenho que "desintoxicar". É quanto o organismo pedi um tempo, para vc pensa nas suas emoções, alimentação, saúde, relação com o meio, em algo que não esta indo bem. Sente-se um incomodo.
Em todos há necessidade de esvaziamento, de repensamento, de mudança. Se a pessoa não tem o costume de fazer isso, o organismo dá o toque, é entender e atender, o resto depende de vc estar mentalmente apto a isso, se é relevante pra vc buscar equilíbrio, evoluir e se auto-conhecer.
É só um achismo.
Ps: a mente humana é muito, muito bizarra.
Eu concordo com praticamente tudo que você disse, Luisão, e antes disso já havia lido bastante a respeito do assunto.
Eu não me considero analfabeto emocional. Se isso for realmente consequência do imediatismo imposto por nossa sociedade, então definitivamente provo o que digo, porque sou completamente desapegado ao que o mundo tem a oferecer. Até ouço bastante reclamações por causa disso... ¬¬
BOA MATÉRIA ENFIM, E DÁ-LHE GRÊMIO!
Eu sempre quis ser um volcano, não ter emoções, elas são a fraquesa humana.
Isso inclui a compulsão e o impulso do estilo de vida moderno pela velocidade e urgencia.
Menos emoção e mais razão.
Acredito que tanta emoção seja ruim, mas nenhum dela talvez seja tambem, logo a resposta é tentar achar o equilibrio.
Shiny,
Agora concordo com os dois. Ja me deparei com 4 casos de surtos constantes de paixão. Parece vício ou necessidade. A pessoa se apaixona como quem troca de roupa.
Interessante.
Nunca havia pensado dessa forma.
Assino embaixo do q disse o JakeOlson. Só uma ressalva: meu analfabetismo emocional irrompe não com o amor, mas com a paixão =S
Hoje em dia, vivemos numa guerra: se você não se impor, será pisado por outros. Em outras palavras, se tentar ser flexível/compreensível com todos, se tornará uma pessoa vítima da vontade alheia. Então, a saída é se impor, para que não se imponham sobre você. Infelizmente, é o mundo onde vivemos.
Também acho que achei o rumo principal para essa escola, ouvir e pensar, sempre que eu tenho um problema, tento resolve-lo da maneira que mais me convence e que possa convencer os outros, não ajudo, mas não estrago a vida de ninguém com um egoísmo exacerbado, só vivo a vida e quero ser deixado em paz.
Meu maior problema que de vez em quando me leva a voltar a ser um analfabeto sentimental por completo é o amor...
Tenho 17 anos
O imediatismo dos resultados é realmente um problema sério. Por conta disso, numa consulta ao cardiologista no fim do ano passado, descobri que estava com minha pressão arterial batendo no teto. E não existia fator fisico identificado. Absolutamente nada. No retorno com meia hora de conversa ele me receitou dois remédios. Um para controlar a pressão e um anti-distonico.
Só o remédio de pressão resolveu. Não necessito do outro. O nome do mal. Ansiedade. Depois disso, nunca mais crises de nervosismo, irritabilidade, explosões. Ja foi algo pra ajudar a ser mais focado.
Eu achava que muitas pessoas não me compreendiam, mas, com o tempo... notei que eu não deixava que me compreendessem e nem queria...
Não queria perder tempo... hoje, acho este tempo... tempo para falar com a velhinha carregando compras, para cantar com minha filha antes de dormir... para chorar no chuveiro sozinho...
Talvez eu vá ser sempre este analfabeto emocional... mas, acho que achei o rumo da escola... tempo para ouvir.
Acho que assim como na alfabetização tem sempre o que se aprender. Pq a alfabetização também é mais que o be-a-ba. Eu sou semi-analfabeta emocional, pois não sei administrar nem a primeira letra. A ANSIEDADE. Eita bixinha que me corroe!
Ou seria um MAL dos dias atuais? (irônico, né?)
:D
eu tento sempre na medida do possivel controlar o meu lado "do mal"...mas as vezes nao da...a gente se descontrola mesmo... :twisted: :twisted:
Interessante isso.
Tenho de adimitir que até pouco tempo era uma bomba relógio sem hora pra explodir.
A pouco tempo descobri que passei a ser uma mina. Só explodia se pisassem em cima.
Hoje me considero uma granada! Se tirar o pino da tempo de contar até 5 pra ver se salva algo.
Sou como diz o texto, com muito pra aprender sobre mim mesmo nesse ponto.
Não saber compreender as próprias emoções e a dos próximos...
Deve ser terrivel...
8) first?