10 dólares podem ser a diferença entre o sucesso e o ostracismo

No âmbito dos inventos e das patentes sempre existiram, existem e sempre vão existir disputas pela paternidade de certos inventos, basta dar uma olhada neste simples infográfico para ver com as empresas da área de telefonia se digladiam nos tribunais. Essa briga toda começou lá no século XVIII quando um tal Antonio Meucci inventou o teletrófono e não tinha 10 dólares no bolso para registrar a patente.

O inventor italiano Antonio Meucci emigrou para Nova Iorque em 1850 onde, depois de dez anos de pesquisa, desenvolveu o primeiro comunicador por voz -chamado teletrófono- que ligava seu laboratório, no sótão, com seu quarto no segundo andar.

Em 1871 apresentou ante o Escritório de Patentes uma "patent caveats", uma espécie de patente provisória renovável anualmente. Se outra pessoa apresentasse outro invento similar durante o tempo que esta patente estivesse em vigor, o Escritório de Patentes devia comunicar ao primeiro e este tinha um prazo de 3 meses para solicitar a patente definitiva; se decorridos estes três meses sem nenhuma solicitação a patente passava ao segundo.

Em 1874, Antonio Meucci não tinha 10 dólares para renovar a "patent caveats". Vivia da assistência pública por estar convalescendo de queimaduras produzidas pela explosão da caldeira de um ferry que ligava Staten Island, onde vivia, com Manhattan. Em 1876, Alexander Graham Bell solicitou a patente do telefone e pagou os 250 dólares estipulados por uma patente definitiva.

Ninguém soube explicar -dizem que foi obra do destino e da casualidade- como os esquemas, projetos e protótipos de Meucci foram parar no laboratório onde, casualmente, Bell trabalhava. Quando Meucci tentou recuperar seus originais, disseram-lhe que haviam se extraviado. Meucci interpôs um processo contra Bell por fraude mas faleceu quando ainda estava em trâmite.

Em 2002, por iniciativa do congressista Vito Fossella, a Câmera de Representantes dos EUA aprovou a resolução 269 declarando "que a vida e descobertas de Antonio Meucci deviam ser reconhecidos, bem como seu trabalho na invenção do telefone". Até hoje não resolveram o imbróglio.

Nós já sabemos que o maior inventor de todos os tempos, Thomas Alva Edison, foi também o maior ladrão de patentes que já existiu na face da terra. Tesla que o diga. De forma que não seria nada surpreendente descobrirmos que a verdade relacionada ao mundo das invenções e inventores tenha uma realidade bem diferente daquela que a história nos conta.

Fonte: The Guardian.