Quando a aspirante a atriz Shoshana Roberts, 24 anos, protagonizou um vídeo com uma câmera oculta andando por um percurso de 10 horas pelas ruas de Nova Iorque, trajando camiseta simples, jeans e tênis, ela recebeu 108 elogios, cantadas e xavecos. Há uma forte corrente de criticas ao vídeo e por isso alguém decidiu replicar o mesmo experimento em Auckland, a maior área metropolitana da Nova Zelândia. |
Seria interessante que víssemos o mesmo experimento sendo feito no nosso país, tanto este, com a mulher, quanto o outro com o rapaz, que também ganhou muita repercussão já que, pese que a maioria das pessoas que fazem insinuações são garotas, curiosamente alguns homens também fazem elogios ao modelo. De qualquer forma, as experiências de ambos os personagens demonstra que o assédio de rua não distingue gênero e é uma manifestação recorrente, ao menos em Nova Iorque.
Ainda que perto da metade da população da cidade de Nova Iorque seja de caucasianos (44%), segundo o censo do 2010 dos Estados Unidos–, só um homem branco disse um galanteio a Shoshana Robert, no vídeo que supostamente busca criar consciência sobre o assédio sexual de rua. Isso é o que vemos na edição de dois minutos do vídeo que já recebeu mais de 15 milhões de visitas em 48 horas.
A atriz foi convocada pela organização Hollaback!, que busca conscientizar a população do assédio, e o vídeo foi feito em colaboração com o cinegrafista Rob Bliss. Quando alguém chamou a atenção a respeito do que parece uma seleção arbitrária que deixou de fora quase todos os caucasianos, Hollaback! e Bliss saíram a dar explicações.
No Reddit, Rob Bliss disse que havia realmente um número importante de rapazes brancos, mas por uma ou outra razão muito do que disseram foi de passagem ou longe do alcance da câmera. Ele afirmou que ao todo mais de 100 homens se aproximaram da mulher, mas nem todos chegaram à edição final.
- "Ademais nem sempre capturamos bem o áudio ou o vídeo", acrescentou Bliss para explicar a falta de homens brancos - "Há uma sirene que arruína a cena ou alguém caminha na frente d câmera, de modo que tivemos que trabalhar com o que tínhamos".
Em um comunicado, a Hollaback! disse lamentar o preconceito racial não intencional da edição do vídeo:
- "O tipo de assédio que nos preocupa está dirigido a mulheres de todas as raças e etnias e realizado por uma igualmente diversa população de homens".
No entanto, alguns usuários da rede também saíram em defesa dos criadores do vídeo. Uma, por exemplo, assegura que o tipo de mulher "com curvas" como Shoshana atrai mais os homens latinos e negros, enquanto os brancos gostam mais de magras pálidas.
Para um número não depreciável de usuários, incluindo muitas mulheres, não há nada de errado com o que acontece no vídeo, enquanto vários outros, feministas e masculinistas, se "matam" na área de comentários do YouTube, mais de 125 mil até agora. Um usuário chamado Chosen Won expressa que:
- "Quando ignoro às mulheres completamente, me chamam estranho, pedófilo, introvertido, fenômeno, etcétera. Mas quando trato de falar com elas, dizem que sou sexista, pervertido, feio... De modo que aprendi a não reconhecer sua existência e as ignoro solenemente".
No entanto, outro assinala que:
- "Alguns de vocês estão a favor desses bastardos? Esses pervertidos? Sou homem e este comportamento não é aceitável. Cumprimentos amáveis como 'Tenha uma boa tarde' são legais. Mas gritar 'Gostosa!' para uma mulher é ruim em qualquer ocasião".
A polêmica está lançada.
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Comentários
Havia mandado pro links da semana ontem mesmo. Justamente porque vi as críticas que os primeiros vídeos receberam.
Quando eu era magra eu era muito assediada, mas depois que engordei, parou.
Uma dica para as mulheres que não querem ser assediadas; fiquem gordas
Sol, merece um like.
Eu também achei que apenas alguns casos era de falta de respeito, olhar para mulher (tirando aquelas que parece que está comendo a guria com os olhos), piscar, ou fazer um elogio não mata ninguém e nem é ofensivo sabendo maneirar.
As reclamações, pelo menos para os vídeos acima acho muito mimimi. Eu vi poucos serem realmente deselegantes ou intrusivos.
O rapaz que perguntou se ela era italiana a elogiou e percebe-se que tentou ser gentil para chamar a atenção. Ora...algumas amizades e relacionamentos começam assim.
Na rua não pode mas na balada pode?
Claro que há cantadas grosseiras e aí sim, é assédio. Como eu já disse, há também olhares mais ofensivos que palavras.
E quantas vezes a gente tem vontade de dizer pras pessoas na rua que são bonitas?
Uma vez, parada no acostamento da estrada, tive vontade de "assediar" um ciclista que passou raspando a janela do carro dando um tapa no bumbum, mas me contive. :P
Ridículo e desrespeitoso. Os homens que fazem isso não devem ter a noção da situação desagradável e apavorizante que eles colocam nós, mulheres, quando têm esse tipo de atitude. Eu fico com medo e nojo desses homens que têm esse tipo de comportamento. Muito mais medo quando estou andando sozinha.
Teve uma experiência assim no Brasil, quem fez foi o Pânico na Band, só não sei quando foi.