Devo confessar que até bem pouco tempo atrás nunca havia ouvido sequer falar neste dispositivo movido a água que é utilizado na captura de peixes, particularmente salmão adulto, e consiste em uma roda giratória com cestas e pás ligadas a um aro. Funciona mais ou menos como uma roda d'água: o mecanismo é colocado no rio de forma que parte do aro fique submerso no rio; a correnteza então impulsiona a roda fazendo com que as cestas "cirandem" as águas confinando os peixes que nadam rio acima, e uma travessa em ângulo desliza a presa pela força da gravidade para uma caixa de coleta. |
O engenhoso dispositivo pode pegar grandes quantidades de peixes e a melhor parte é que os pescadores não tem nem que estar lá. A história conta que uma Roda de Peixes operando no Rio Columbia -o quarto maior dos Estados Unidos, que nasce na Colúmbia Britânica, Canadá-, no início do século 20 capturava nada menos que meia tonelada de salmão todos os dias.
Toda esta eficiência como dispositivo de captura de peixes, no entanto, fez com que as rodas de peixes fossem proibidas nos Estados Unidos, porque ameaçavam extinguir a população de salmão.
Hoje em dia, nos Estados Unidos, as rodas de peixes para a pesca comercial ainda não foram de todo banidas: ainda são permitidas no Alasca ao longo dos rios Copper e Yukon.
Não se sabe quem começou a utilizar rodas de peixe, mas tudo indica que elas foram inventadas na China. As rodas de peixes foram muito utilizadas no passado no Japão; no Garonne, na França e no Tibre em Roma.
Elas foram utilizadas pela primeira vez nos Estados Unidos na Carolina do Norte em 1829, mas a sua implantação mais importante aconteceu no Rio Columbia, no final da década de 1870 onde se tornaram tremendamente eficazes na captura das piracemas de salmão.
Um modelo em escala de uma roda de peixes.
Ocorreu que conforme os anos avançavam, no começo dos anos 1900, a população de salmão do rio começou a diminuir e surgiu um forte conflito entre os operadores de rodas de peixes e pescadores concorrentes que utilizavam métodos de pesca artesanais, que culpavam os proprietários das rodas por praticamente acabar com o ganha-pão dos pescadores tradicionais.
Uma fotografia sem data de dois homens no convés de uma roda de peixes parada no rio Columbia.
Por final, as rodas de peixes foram banidas nos dois estados atravessados pelo rio Columbia: em 1928, em Oregon, e 1935, em Washington. A indústria da pesca sofreria outro grande revés quando a Represa Grand Coulee foi construída sem escadas para os peixes, alijando os das suas áreas de desova.
Hoje as rodas de peixes não podem ser utilizadas comercialmente em muitos lugares do mundo, mas elas são ideais para os pesquisadores de monitoramento das populações de peixes. As cestas coletam os peixes sem feri-los com anzóis, mantendo-os ilesos. Uma vez capturados, eles podem ser medidos, pesados, etiquetados, e liberados.
Há um pequeno movimento nos EUA reivindicando o retorno das Rodas de Peixes como técnica de pesca comercial. As alegações são que, ao contrário de muitos tipos de pescarias, como a que usam malhas e redes, que matam muito do que é capturado, a roda de peixes mantém a captura viva na caixa de coleta onde os peixes podem ser escolhidos e, os menores, devolvidos ao rio ilesos.
Fonte: Sociedade Histórica do Oregon.
Fotos: Tracis S..
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