No final de janeiro de 2016, uma voluntária de ajuda social dinamarquesa estava em uma missão de resgate nas ruas da Nigéria, e descobriu uma criança faminta à beira da morte. O momento foi capturado em uma fotografia assombrosa, em que ela inclina uma garrafa de água em direção aos lábios do pequeno que era só pele e osso. Um ano depois, o mesmo menino começou a frequentar a escola após uma recuperação total, e uma recriação de sua primeira foto mostra o quão longe ele chegou.

Na atualidade, a feitiçaria ainda é um problema na Nigéria e um monte de crianças acusadas de serem bruxas são punidas e abandonadas por suas famílias. Idosos, viúvas e crianças de pais falecidos são acusados porque acreditam que eles são a razão e a causa do sofrimento, da dor e de incidentes horríveis no seio da família. Essas pessoas, que são injustamente perseguidas, não tem nenhuma forma de proteção ou defesa, pois são rejeitadas, torturadas, odiadas pelo povo em sua comunidade, onde sofrem trauma emocional e físico.

Há pouco mais de um mês fizemos eco da história de Anja Ringgren Loven, que resgatou um garotinho completamente desnutrido das ruas da Nigéria. A fotografia do pequeno aferrado por um fio de vida a uma garrafa de água deu a volta ao mundo. A impressionante imagem serviu para remoer consciências e falar da situação dos "meninos bruxos". Ainda que o continente africano, o berço do mundo, seja um dos mais belos e que exibe a maior riqueza cultural, por desgraça também está cheio de crenças e superstições absurdas.

Para muitas pessoas este ano pode ter significado alegria, crença (ou descrença) na humanidade ou pensar que o mundo como conhecemos tem seus dias contados. Razão não lhes falta, porque parte deste ano foi catastrófico, com uma sequência sem fim de incidentes ruins. A guerra contínua na Síria, Sudão, Somália e em tantos outros lugares do mundo. Atentados e mortes por narcotraficantes no terceiro mundo, ou refugiados que ninguém quer com medo que sejam os responsáveis pelos atentados de amanhã (Alemanha e França podem bem contar a história).