Eu já postei algumas obras da multi-artista australiana Patricia Piccinini aqui no MDig no post Universo sintético. Sei lá o por quê, mas suas obras ao mesmo tempo que causam um certo desconforto visual -pelo menos para mim-, fascinam. É como se estes seres, que ela retrata, fossem espécies de um mundo paralelo cheio de emoções e dúvidas doloridas. Dê só uma olhada nestas fotos e dê sua opinião.

Ao ver um corpo assim nossas reações podem ser diversas, mas é muito possível que o comum denominador delas seja a aversão. Podemos sentir asco, temor, talvez inclusive certo grau de fascínio por morbidez. E isto não é casual. Acontece que um projeto do governo local de Vitória, na Austrália, reuniu um médico, um pesquisador universitário e uma artista plástica para dar forma a "Graham", um ser humano cuja particularidade anatômica tem um propósito social.

Francesca Piccinini, Yana Maksimava, a insossa Maria Sharapova, Allison Stokke, Yelena Isinbayeva, Leryn Franco, Luiza Almeida, Luciana Aymar, a esquisitona Jaqueline Carvalho, Zara Dampney entre outras eram cotadas como "a musa" dos Jogos Olímpicos de 2012. O caso é que até ontem ninguém sabia quem era uma tal de Antonia Misura, jogadora croata de basquete, que após desfilar uma meia dúzia de sorrisos encantadores mostrou ao mundo o que todos os croatas já sabam: quando ela sorri não há concorrente à altura.

A artista australiana Patricia Piccinini alterna-se entre a escultura, desenho e fotografia para recriar um universo sintético onde convivem estranhas espécies animais, motos e autos em forma de bebê ou jardins digitais. O mundo de Patricia é irreal, mas uma vez que se penetra nele para descobrir suas histórias e entender sua mensagem, descobrimos que está muito próximo a nossa realidade quotidiana, marcada pela velocidade vertiginosa que impõem os avanços tecnológicos e pelo impacto de suas contraditórias consequências.