Esta mariposa, Macrocilix maia levou a camuflagem a um nível diferente: ela tem um mural fotorrealista nas costas, 2 moscas-de-olhos-vermelhos comendo guano de pássaro. Uma cena associada a uma doença potencial, um risco melhor evitado pelos predadores. Dá até para ver a luz refletida nas asas das moscas, cujas espécies depositam larvas eclodidas ou incubadas em feridas abertas de mamíferos, daí seu nome comum, mosca-da-carne, e causam infestações de vermes em animais vivos. Elas também podem transportar bacilos da lepra. Ademais essa mariposa tem um odor pungente horrível. |
Conhecida como mariposa-duas-moscas, ela é eventualmente encontrada na Índia, Japão, Taiwan, Coréia, China, Península da Malásia, Sumatra e Bornéu. Pouco ou nada se sabe sobra esta mariposa. Apesar das vasta distribuição, os relatos dela são geralmente comemorados por causa de sua raridade.
A estratégia de fingir ser algo diferente do que você realmente é, para evitar predadores, é comum, claro, e não apenas para humanos, mas eu simplesmente não consigo entender como trabalha a evolução pata criar estas padrões que permitem este lepidóptero viver para sempre entre predadores comedores de mariposas.
Vejam por exemplo o caso da mosca-da-fruta Goniurellia tridens cujas asas tem uma imagem detalhada de uma vespa. Quando as asas se movem, as vespas parecem andar ou voar. A maioria de seus predadores, lógico, gostaria de evitar um confronto com as picadas de vespas. Quais são os caminhos evolucionários que levaram esta mosca a desenvolver tais padrões?
Esse tipo de truque é chamado de mimetismo batesiano e não, não tem o nome de Norman Bates de "Psicose". A imitação no mundo natural foi descrita pela primeira vez na década de 1860 por Henry Walter Bates, o grande naturalista amazônico. Ele viu o que hoje é conhecido como mimetismo batesiano em certas borboletas coloridas, e os exemplos que forneceu tornaram-se provas cruciais de apoio à teoria da evolução de Charles Darwin por seleção natural.
Henry sabia que um grupo de borboletas deveria ser alvo fácil para os predadores, porque voam durante o dia, vagando ao longo das matas à vista de todos. Mas ele também ficou intrigado ao perceber que essas borboletas se vestiam com cores berrantes, como se para anunciar sua vulnerabilidade.
Ele finalmente percebeu que aquelas cores chamativas combinavam com as cores de outras espécies da vizinhança. E essa espécie-modelo acabou tendo um sabor tão repulsivo que os predadores rapidamente aprenderam a deixá-los em paz. Os imitadores, por outro lado, tinham um gosto muito bom. Mas seu disfarce engana pássaros, lagartos, libélulas, moscas-salteadoras e outros predadores.
Mestres do mimetismo batesiano abundam no mundo natural. As mariposas, em sua maioria, tem ocelos que fazem nas parecer um animal maior, como uma coruja, por exemplo. Os lobos-da-terra são dóceis, inofensivos e solitários comedores de insetos nas planícies africanas, mas usam as mesmas listras que seus ferozes vizinhos caçadores de matilhas, as hienas, o que pode desencorajar os predadores.
E besouros fazem uma imitação quase perfeita de coisas do cotidiano. Eu só não consigo entender o que o Catacanthus incarnatus, que na verdade é uma uma maria-fedida, também conhecida como besouro-face-de-homem quis imitar ou matar seu predador de risada.
Os modos de disfarce também tendem a ser repetidos de um lugar para outro. Se um disfarce funciona em um lugar, é altamente provável que outras espécies também o tenham tentado. Os cientistas chamam isso de evolução convergente. Há mariposas que imitam titica de pássaro, mas a Goniurellia tridens supera as imitações de cocô imitando o cocô de pássaro em seu corpo, e duas moscas se alimentando do cocô em suas asas. Como isso?
E na Costa Rica, mariposas do gênero Brenthia abrem suas asas em um leve ângulo acima do corpo para imitar aranhas-saltadoras. Olhando as fotos, não consigo ver muito a semelhança. Mas funciona bem o suficiente, de acordo com um estudo de 2006 na revista PLoS One, os predadores da Brenthia quase sempre fogem para as montanhas gritando noite adentro.
Tudo isso é apenas mimetismo batesiano. Nem vamos falar de mimetismo mülleriano, wasmanniano ou baqueriano. Ou o tipo de mimetismo que acontece apenas pelo som ou cheiro. Ah, e então há o mimetismo intersexual: os chocos pequenos se fingem de fêmeas e se esgueiram para dentro do covil de chocos valentões. Uma vez lá dentro fazem a festa com as fêmeas se acasalando com o maior número possível. Depois fogem sorrateiros sem deixar rastro a não ser a sua pequena progênie que vai enganar novas sépias alfas.
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