Baldaquino de Bernini brilha novamente na Basílica de São Pedro

O Baldaquino, o grande dossel acima do altar-mor da Basílica de São Pedro, na cidade do Vaticano, projetado pelo mestre arquiteto e escultor barroco Gian Lorenzo Bernini, foi revelado em sua glória dourada brilhante original após nove meses de restauração. Financiado pelos Cavaleiros de Colombo a um custo de 700.000 euros (R$ 4.273.000), esta é a primeira restauração abrangente da enorme estrutura em 260 anos. Ele só era espanado e superficialmente limpo por pessoas suspensas por cordas. Baldaquim era originalmente um tipo de tecido iraquiano, do qual o nome é derivado, pois os primeiros dosséis eram feitos com ele.

O Papa Urbano VIII Barberini (1623-1644) encarregou Bernini de criar um grandioso cibório -um dossel sob o qual o sacramento da Comunhão acontecia- para a nova basílica em 1624. O Baldaquino foi inaugurado em 1633, mas a obra continuaria por mais dois anos depois disso.

Com mais de 29 metros de altura e pesando 63 toneladas, o Baldaquino está localizado no cruzamento da abside e da nave da Basílica de São Pedro, o coração da igreja sob a cúpula e acima do túmulo de São Pedro. As quatro colunas helicoidais têm 11 metros de altura e pesam cerca de nove toneladas.

Bernini as moldou em três seções e as preencheu parcialmente com concreto para estabilidade. Eles usaram tanto bronze para fazer que saquearam um pouco da treliça de bronze do pórtico do Panteão e até canibalizaram as nervuras da cúpula de São Pedro, que foram então recuperadas em chumbo.

Quando a antiga Basílica de São Pedro foi demolida em 1505, oito das colunas originais foram reutilizadas na nova basílica e podem ser vistas nas quatro paredes do Baldaquino sob os medalhões dos Quatro Evangelistas que ligam os enormes pilares quadrados da igreja à cúpula redonda.

Mais abelhas, querubins, golfinhos, folhas de louro e rostos grotescos adornam as colunas e o dossel. Painéis com borlas contornam o topo, feitos para parecerem as faixas de tecido de baldaquim que eram colocadas sobre os dosséis processionais que inspiraram esta versão estática.

O mais recente projeto de restauração foi anunciado em janeiro deste ano. Toda a estrutura foi coberta por andaimes e os restauradores começaram a limpar séculos de sujeira, poluição e poeira grudados nas superfícies douradas pela condensação de centenas de milhares de humanos respirando e flutuações de temperatura.

O bronze em ambientes internos naturalmente patina para uma cor mogno em vez do verde visto com o bronze exposto aos elementos ao ar livre, mas o bronze do Baldaquino estava quase preto. Óleos, ceras e resinas usados em restaurações anteriores também escureceram as superfícies.

A limpeza e a conservação devolveram seu marrom quente e trouxeram o dourado de volta a um alto brilho. O Baldaquino restaurado foi revelado ao público e fileiras e fileiras de bispos em 27 de outubro na missa de encerramento do Sínodo sobre a Sinodalidade. Este vídeo dos Cavaleiros de Colombo analisa em detalhes a restauração e captura visões únicas do processo.

Também em exposição está a Cadeira de São Pedro, um trono de madeira que, segundo a tradição, pertenceu ao Apóstolo Pedro, mas é, na verdade, um trono medieval dado por Carlos, o Calvo, neto de Carlos Magno, ao Papa João VIII na coroação de Carlos no dia de Natal de 875. As partes mais antigas datam do século VI, então Pedro definitivamente não estava envolvido. Além disso, é decorado com painéis de marfim gravados com cenas dos Trabalhos de Hércules.

Geralmente, a cadeira em si não é visível. Ela é envolta em outro enorme relicário de bronze dourado feito por Bernini pairando sobre um altar enquanto quatro estátuas gigantescas de Santo Ambrósio, Santo Agostinho, São João Crisóstomo e Santo Atanásio ficam sob seus cantos. O relicário de Bernini também está passando por uma restauração, então a cadeira está em exposição pela primeira vez desde 1867. Ela ficará em frente ao altar-mor até 8 de dezembro.