Estamos na metade do século XIX nos Estados Unidos. Um cliente que se encontra em um hotel pergunta pela "dieta biológica" para o café da manhã. Em essência, aquele tipo estava perguntando pelos primeiros flocos de milho da Kellogg. O cliente não estava tentando manter a linha, queria deixar de masturbar-se continuamente. Na década de 1850, qualquer pessoa que fosse a um hotel mais ou menos refinado podia encontrar todo tipo de café da manhã disponível. Desde os típicos pães, até bolos, embutidos ou inclusive suculentos filés. |
De fato, ainda que nem todos os americanos pudesse se permitir esses banquetes, os que podiam com frequência optavam por um grande e tenro filezão, que no fundo não era mais que um prato que definia a classe média, e que sem ele, sentiam que o café da manhã era incompleto.
No entanto, enquanto os americanos faziam verdadeiras ceias no café da manhã, aconteceu um caso nacional de indigestão que despertou o interesse pelas comidas mais leves, situação essa que conduziu ao aumento dos alimentos saudáveis originais dos Estados Unidos: os cereais.
Com eles nasciam novas fortunas, seriam criadas empresas multinacionais que ainda conhecemos na atualidade. Ocorre que a marca mais conhecida de todos os cereais, se originou da forma mais extravagante que possamos pensar.
O doutor John Harvey Kellogg, o inventor dos flocos de milho, não se preocupou jamais com os ganhos. Para ele, o cereal não era só um alimento saudável porque melhoraria a digestão dos americanos. O homem cria firmemente que uma dieta centrada em alimentos leves como o cereal afastaria as pessoas do pecado. Um pecado muito específico: a masturbação.
O cereal contra o pecado
John Harvey Kellogg
Kellogg cresceu no meio perfeito para desenvolver estas ideias. Entre os séculos XVIII e XIX, o mundo ocidental debatia-se com a ideia de que as pessoas tocassem a si mesmas.
A tradição judaico-cristã já tinha condenado a masturbação como um uso indevido da sexualidade durante séculos, mas a chegada da era vitoriana, o Grande Despertamento cristão e outros movimentos religiosos nos Estados Unidos, criaram uma tempestade perfeita para que as pessoas realmente ficassem obcecadas com a ideia.
Grandes pensadores da época chegaram a criminalizar a masturbação, indicando que o "vício solitário" não era só um defeito moral, senão também uma doença física e mental que requeria tratamento e cura. Toda uma campanha orquestrada pela igreja que calou em centenas de milhares e jovens.
Um dos primeiros anúncios de Kellogg
Harvey Kellogg foi precisamente uma das vozes mais fortes contra o ato. Em realidade, o doutor sentia-se incômodo com o sexo, achando que era prejudicial para o bem-estar físico, emocional e espiritual. De fato, os historiadores recordam que ele se absteve pessoalmente disso, e que nunca consumou seu casamento. E mais, Kellogg e sua esposa tinham quartos separados e adotaram todos os seus filhos.
Só assim podemos entender que em seu ativismo, o inventor dos famosos cereais chegasse a recomendar métodos bastante extremos contra a masturbação. Em sua obra "Plain Facts for Old and Young" ele escreveu:
- "O remédio contra a masturbação que resulta quase infalível em garotos pequenos é a circuncisão. A operação deve ser realizada por um cirurgião sem a administração de anestesia, já que o breve instante de dor durante a operação terá um efeito saudável em sua mente, especialmente se for ligada à idéia de punição, como deve ser em alguns casos."
Exercícios de respiração no Sanatório de Battle Creek
Não só isso, o doutor dizia ter descoberto que se as mulheres aplicassem fenol puro no clitóris, seria um método excelente para acalmar uma excitação anormal. Convencido de que o onanismo se tratava de um pecado sensual da carne, uma forma de auto-abuso e um hábito obsessivo comum em adolescentes homens principalmente, advogava firmemente para que a glande, muito sensível ficasse exposta.
Ademais, a eliminação do prepúcio reduziria os prazeres sensoriais derivados do hábito masturbatório. Reduzindo o prazer sensorial, seria também possível reduzir a rebeldia dos jovens ante as normas do Adventismo. Por verdade, Kellogg foi um dos primeiros em assegurar que a masturbação causava acne -além de atrofiar os testículos-. Sobre o ato do onanismo também dizia que:
- "Se o comércio ilícito dos sexos é um pecado atroz, a auto contaminação é um delito duplamente abominável."
Anúncio de 1910
Só para que você tenha uma ideia, Kellogg chegou a catalogar até 39 sintomas diferentes de uma pessoa com transtornos de masturbação, incluindo uma doença genérica, desenvolvimento defeituoso, mudanças de humor, timidez, má postura, rigidez nas articulações, gosto pelas comidas picantes, mão peluda, acne, palpitações ou epilepsia. A solução? Abraçar a história natural e a higiene da vida orgânica, ou o que ele mesmo chamou de dieta biológica.
Em que se baseava? O doutor dizia que a carne e certos alimentos saborosos ou sazonados aumentavam o desejo sexual, e que os alimentos mais simples, especialmente os cereais e as nozes, podiam mitigá-lo. Enquanto trabalhava no Sanatório Battle Creek de Michigan, encontrou algumas ideias sobre a alimentação saudável. Segundo Kellogg:
- "As carnes muito condimentadas, os molhos estimulantes... e guloseimas delicadas em uma variedade infinita, irritam os nervos e reagem sobre os órgãos sexuais."
Em Battle Creek tratavam doenças com ideias inovadoras como a "hidroterapia" (essencialmente banhos a diferentes temperaturas) e outros métodos holísticos, com ênfase na nutrição, exercícios e uso terapêutico de enemas.
Kellogg era vegetariano, e com a ajuda de seu irmão William Kellogg, criou ou inventou alimentos como a manteiga de amendoim ou uma máquina de enema que passava a água pelo intestino e depois a seguia com meio litro de iogurte -a metade pela boca e a outra metade pelo ânus-, no entanto, os flocos de milho que desenhou pela primeira vez na década de 1890, foram seu legado mais perdurável.
A verdade é que hoje muito poucos comeriam aqueles primeiros cereais -não tinham açúcar nem sabores acrescentados-, mas na década de 1900, as pessoas queriam cereal desesperadamente, e compravam tudo que as instalações da Kellogg podiam produzir. Realmente, foi uma oportunidade única para que o doutor difundisse seu evangelho da vida biológica.
Assim foi como desenvolveu uns tantos cereais de café da manhã de grãos em flocos diferentes, incluídos os flocos de milho, como refeições prontas saudáveis e contra a masturbação. Associou-se com seu irmão para fabricá-los e vendê-los ao público. Will estava pouco ligando pela pureza da dieta seu negócio era mais no sentido comercial do que seu irmão, e ficava preocupado que os produtos não vendessem. Queria acrescentar açúcar aos flocos para torná-los mais apetecíeis, mas John não queria saber de nada disso.
Pouco depois, Will começou a vender os cereais através de seu próprio negócio, o que viria a se transformar na Kellogg Company. Os irmãos continuaram brigando durante décadas, mas isso é outra parte da história que outro dia contaremos.
Por verdade, na década de 1940, todas as principais companhias de cereais passaram a recobrir o alimento com açúcar. Felizmente, as opiniões do doutor Kellogg sobre como a dieta influi nas vidas sexuais não eram de todo corretas, e depois de seus Corn Flakes, tanto aqueles que se masturbam como os que não, seguiram devorando uma gigantesca indústria de alimentos processados, que com seus flocos ajudou a criar.
Fonte: Mail Online.
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Comentários
se ele soubesse no que o mundo ia se tornar no século 21...
Aaahhhhhhhhhhhhh
.
Por isso que quando comecei a comer cereal, baixei de 12 sessões diárias de masturbação pra 3 sessões...!!!
Agora tudo se explica !!!!
:-o
Essa moral cristã é tão ridícula, tem que ter uma mente muito fraca pra cair nesse engodo.
Deixa eu ver se entendi... isso era um broxante???
Eu não costumava comer essas coisas mas até agora ninguém me explicou pq meu humor muda três vezes ao dia, sou corcunda, tenho artrite, sou muito tímido, não como sem pimenta, minha mão direita é bem peluda, tenho problema cronico de espinhas, sofro com taquicardia e tenho crises convulsivas epiléticas tratadas a base de gadernal