A região outrora empobrecida de Landes, no sudoeste da França, consistia em um terreno muito plano e pantanoso e mal tinha estradas, o que tornava a movimentação das pessoas um tanto quanto problemática. Para andar pelo terreno instável, cheio de brejos e banhados, os pastores desenvolveram uma adaptação única: as pernas de pau. Localmente chamadas de "tchangues", as pernas de pau de madeira com mais ou menos um metro e meio de altura, e uma base para os pés eram, amarradas às pernas dos pastores. |
Até o início do século 20, as pernas de pau eram realmente usadas para facilitar a vida das pessoas, e os pastores dependiam delas para seguir seus rebanhos com uma visão panorâmica.
O equipamento era complementado com um longo cajado que o pastor usava para direcionar seu rebanho e como suporte para descansar. Empoleirado confortavelmente sobre essa configuração de tripé, um pastor tinha uma visão elevada para acompanhar suas ovelhas e observar os lobos.
O povo de Landes era treinado a andar de pernas de pau desde tenra idade e era capaz de destrezas surpreendentes, correndo facilmente, pulando e até se curvando para colher flores. Quando a imperatriz Josephine visitou a região em 1808, ela foi escoltada por um grupo de andadores de "tchangues" que, com seus longos passos, acompanharam o ritmo dos trotes dos cavalos da esposa de Napoleão.
Os pastores de pernas de pau de Landes foram descritos no Suplemento Científico Americano, nº 821, de 26 de setembro de 1891:
- "Os pastores de Landes adquirem uma extraordinária liberdade e habilidade para andar em suas longas pernas. Eles sabem muito bem como preservar seu equilíbrio e andam com grandes avanços, Ficam de pé, correm com agilidade ou executam alguns feitos de verdadeiro acrobatismo, como pegar uma pedrinha do chão, apanhar uma flor, simular uma queda e subir rapidamente, correr com um pé, etc."
No século 19, quando os pântanos de Landes secaram e a necessidade do pastor de se mover sobre as pernas de pau começou a desaparecer, a prática tornou-se estranhamente na moda entre alguns dos aristocratas mais excêntricos da sociedade francesa. No início do século XX, maratonas de pernas de pau foram realizadas em Paris, comemorando a tradição agrícola francesa.
Daí foi só um pulo para que se tornassem: gigantes e fossem adotadas em números circenses, ou pequenas e virassem brincadeira de criança.
Não eram apenas para pastorear com melhor visão, senão que permitiam se locomover com mais facilidade e um método de locomoção mais rápido.
Uma ilustração de um carteiro de Landes em meados do século XIX.
Um casal em pernas de pau.
Um pastor francês de pernas de pau.
Dançarinos com pernas de pau de Landes andam por Londres a caminho de uma apresentação no Albert Hall.
Quando Josephine, esposa de Napoleão Bonaparte, visitou Landes em 1808, um grupo de andadores escoltou sua carruagem até a cidade, movendo-se com facilidade ao lado de seus cavalos trotando.
Pastores franceses em pernas de pau.
Essa era uma maneira de manter os pés secos.
Este vídeo de 1932 mostra pastores de Hossegor na região de Landes, dançando sobre perna de pau, em 1932.
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