A região arqueológica de Mesa Verde, no sudoeste dos Estados Unidos, foi o lar dos índios anasazi desde o século XIII d.C. e resulta especialmente curioso por dois motivos. Em primeiro lugar, o imponente meio, pois as moradias estão protegidas por abrigos rochosos naturais dependurados em penhascos; em segundo, que não se trata dos típicos tipis dos filmes senão de casas de pedra e adobe, ou seja, de arquitetura propriamente dita. Anasazi é a palavra que os navajos usavam para designar seus ancestrais -em realidade inimigos, segundo alguns especialistas- e os povoados indígenas em geral. |
A história passou de geração em geração de forma oral porque desconheciam a escrita; afinal de contas, o traço comum dos povos nativos de América do norte é que viveram desde a pré-história até seu contato com os brancos. Por isso os arqueólogos garantiram um pouco da história com a análise de fósseis.
A região dos anasazi, a quem os hopi chamavam hisatsinom, compreende uns 26.000 quilômetros quadrados que engloba os atuais estados de Novo México, Utah, Arizona e Colorado. Mesa Verde, que é um Parque Nacional, está neste último. Um lugar duro, seco e caloroso no verão, mas frio e com neve no inverno. No centro está o Cânion do Corvo, onde no ano 500 d.C. chegou desde a periferia o povo conhecido como os basketmakers (fabricantes de cestos).
Alimentavam-se basicamente de milho e feijão, completando a dieta com outros vegetais e a caça eventual de veados com arco e flecha, armas desenvolvidas logo depois que se instalaram no lugar, assim como fizeram com a cerâmica. Também por então conseguiram domesticar perus.
Suas casas, de janelas muito pequenas para manter o interior fresco no verão e cálido em inverno, tinham a porta no teto, onde chegavam mediante escadas de mão, o que as tornavam mais seguras. Ademais contavam com um armazém anexo e um terraço. Estes povos viviam em torno de uma praça circular chamada kiva, que media uma centena de metros quadrados e servia para reuniões e cerimônias.
O sistema de vida adotado teve sucesso e permitiu duplicar sua população em um século e meio. Então algo ocorreu que lhes obrigou a emigrar em massa para Novo México e para o Cânion do Chaco, de maneira que no mesmo tempo que tinham demorado em crescer, percorreram o caminho inverso e desapareceram do lugar.
No entanto, no ano 930 voltaram a registrar sua presença em Mesa Verde, um regresso acompanhado de novidades culturais entre as quais se destaca um novo tipo de arquitetura com grandes pavilhões comunitários para celebrar seus encontros sociais e religiosos em substituição das antigas kivas e que de passagem serviam de armazéns.
Naquele tempo eles também adotaram um importante comércio com seus vizinhos. Assim, a população cresceu uma vez mais e a esta segunda etapa correspondem as casas localizadas nas ladeiras, das quais o Parque Nacional Mesa Verde tem 600 aceitavelmente conservadas. Algumas dessas urbanizações são pequenas, de uma ou duas moradias, enquanto outras atingem a mais de 100, como o Cliff Palace, que inclusive tem restos de pintura decorativa.
No século XIII ocorreu um novo colapso e esses lugares ficaram desabitados mais uma vez, quando emigraram para o Novo México e Arizona. Ninguém sabe o porquê, ainda que as teorias apontam uma combinação de fatores: excesso de população, guerras, frio inclemente... De fato, as escavações permitiram encontrar muitos esqueletos com sinais de morte violenta e sem que tenham sido enterrados.
Só sobreviveu um pequeno núcleo no Cânion da Areia em condições de precária subsistência. O restantes daquelas populações, além de fonte de estudo para arqueólogos e antropólogos, constituem um atrativo turístico protegido como Patrimônio da Humanidade.
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