No final dos anos 80, aos 12 anos, Martin Pistorius, da África do Sul, contraiu uma doença neurológica estranha. Seus médicos não tinham certeza do que era, mas o prognóstico predominante era meningite criptocócica. Ele piorou progressivamente: primeiro perdeu a capacidade de se mover sozinho, depois a capacidade de fazer contato visual e, finalmente, a capacidade de falar. Seus pais foram informados que seu filho estava essencialmente em estado vegetativo, que não estava "realmente lá". O O hospital disse-lhes para levá-lo para casa e mantê-lo confortável até que ele morresse. |
Mas ele não morreu. Nos 12 anos seguintes, seus pais cuidaram dele: dando banho, vestindo e alimentando. Um dia, sem saber que seu filho podia ouvi-la, Joan Pistorius desabafou:
- "'Espero que você morra.' Eu sei que é uma coisa horrível para uma mãe dizer", contou ela em 2015. - "Eu só queria algum tipo de alívio. Vê-lo naquele estado me deixava louca!"
Mas ele a ouviu. Martin começou a acordar entre os 14 e os 16 anos.
- "Eu estava ciente de tudo, como qualquer pessoa normal", lembrou mais tarde. Sua condição é conhecida como síndrome do encarceramento, que pode ser causada por um acidente vascular cerebral, lesão cerebral traumática, infecção ou overdose de drogas. Não há cura conhecida.
Embora Martin pudesse ver, ouvir e entender tudo, ele não conseguia mover o corpo.
- "Todo mundo estava tão acostumado a eu não estar lá que não perceberam quando comecei a estar presente novamente", disse ele. - "A dura realidade me atingiu forte quando pensei que ia passar o resto da minha vida assim, totalmente sozinho."
Ele estava preso, tendo apenas seus pensamentos como companhia. E não eram pensamentos particularmente agradáveis.
- "Ninguém nunca vai me mostrar ternura. Ninguém nunca vai me amar. Estou condenado."
Então ele percebeu que sua única opção era deixar seus pensamentos para trás como uma forma de lidar com aquele martírio. Essa foi sua primeira estratégia -desengajar seus pensamentos- e ele diz que ficou muito bom nisso.
Mas ocasionalmente havia coisas que provocavam pensamentos que ele não podia ignorar. Como o Barney.
- "Eu não posso nem expressar para você o quanto eu odiava Barney", disse Martin.
Como o mundo todo pensava que ele era um vegetal, no centro de cuidados especiais onde ele passava seus dias, ele ficava muitas vezes em frente à TV assistindo a reprises do desenho infantil "Barney e Seus Amigos hora após hora, dia após dia.
Então, um dia, ele decidiu que já tinha o suficiente. Ele queria ganhar uma pequena medida de controle sobre seu dia. Então descobriu como contar o tempo pela forma como o sol se movia em uma sala. Esse foi o começo.
Eventualmente, Martin encontrou uma maneira de reformular até mesmo os pensamentos mais feios que o assombravam. Como quando sua mãe disse: - "Espero que você morra."
- "O resto do mundo parecia tão distante quando ela disse essas palavras", disse Martin. Mas ele começou a razoar e se perguntar por que uma mãe diria isso? - "Com o passar do tempo, gradualmente aprendi a entender o desespero de minha mãe. Cada vez que ela olhava para mim, ela só conseguia ver uma arremedo cruel da criança outrora saudável que ela tanto amara."
Com o tempo, Martin começou a se envolver novamente com seus pensamentos. E lentamente, à medida que sua mente se sentia melhor, algo mais aconteceu: seu corpo começou a melhorar também. Envolvia desenvolvimentos neurológicos inexplicáveis e uma batalha árdua para provar que ele existia.
Foi uma das cuidadoras em sua creche que notou seus movimentos leves e percebeu que Martin podia se comunicar. Ela encorajou seus pais a fazerem outra avaliação, onde sua consciência finalmente foi percebida e começou a usar um computador para se comunicar. A partir daí, ele só prosperou.
Quando Martin tinha 26 anos, ele estava muito melhor, conseguiu um emprego, se matriculou na faculdade para estudar ciência da computação e até escreveu um livro sobre sua experiência, "Ghost Boy".
Martin se casou com Joanna 3 semanas depois que eles se conheceram no Skype, e pese os médicos o tenham avisado que ele nunca teria um filho, Sebastian, nasceu em dezembro de 2018.
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Comentários
Que história inspiradora. Prova que a esperança tem todo valor!