George de Hevesy dissolveu duas medalhas de ouro do Nobel para mantê-las longe dos nazistas

Além de descobrir o Háfnio, o metal de transição usado como material de barras de controle de reatores nucleares, em 1923, o físico-químico húngaro George Charles de Hevesy marcou também seu nome nos anais dos livros de história e química ao ajudar no desenvolvimento dos conhecidos como "traçadores radioativos", utilizados para estudar processos químicos, como exemplo o metabolismo dos animais. Por esta descoberta, ele mereceu o Nobel de Química de 1943, mas há uma passagem curiosa na sua vida pela qual ele é lembrado também.

Em 1933, ele e o amigo físico dinamarquês Niels Bohr receberam duas medalhas de ouro do Prêmio Nobel de colegas judeus na Alemanha. Os físicos alemães Max von Laue e James Franck enviaram os prêmios à dupla na Dinamarca para evitar que caíssem nas mãos das autoridades alemãs.

Quando a Alemanha invadiu a Dinamarca em 1940, as medalhas estavam novamente ao alcance do Terceiro Reich. Uma preocupação adicional era que os nomes de Max e James estavam gravados nas costas das medalhas. Caso fossem descobertos, ficaria claro que os cientistas os enviaram para a Dinamarca, violando a lei contra o envio de ouro para fora da Alemanha.

A princípio, segundo George, ele pensou em enterrar as medalhas. Mas o medo de serem descobertos o levou a outro caminho:

- "Resolvi dissolvê-las. Enquanto as forças invasoras marchavam pelas ruas de Copenhague, eu estava ocupado dissolvendo as medalhas de Max e também de James", contou ele.

George usou água-régia, uma mistura de três partes de ácido clorídrico e uma parte de ácido nítrico. Depois que o ouro se dissolveu, o que ele escreveu como um processo difícil, ele deixou a solução resultante em uma prateleira em seu laboratório no Instituto Niels Bohr.

Quando os nazistas vasculharam o laboratório, eles não sabiam nada sobre o metal precioso dissolvido em potes próximos. Após a guerra, ele retornou e encontrou a solução intacta, e precipitou o ouro dissolvido no ácido. A Sociedade do Nobel recompôs então os Prêmios para Max von Laue e James Franck usando o ouro original.