Em 1966, havia rumores de que Mao Tsé-Tung, líder comunista da China e fundador da República Popular da China, estava com problemas de saúde. As políticas devastadoras de seu "Grande Salto Adiante, de 1958, que forçaram milhões de camponeses a trabalhar incansavelmente cultivando em comunas governamentais e fabricando aço bruto, resultaram na maior fome conhecida na história da humanidade, custando dezenas de milhões de vidas. Mao queria deixar para trás um poderoso legado comunista, como Marx e Lênin antes dele. |
E para isso, ele precisava se conectar com a geração mais jovem antes de morrer. Então, depois de anunciar sua "Grande Revolução Cultural Proletária", ele nadou pelo rio Yangtze. Mao havia nadado da mesma forma 10 anos antes para provar sua vitalidade e esperava que funcionasse novamente.
Entre o "Grande Salto" e a "Grande Revolução", ocorreu a "Grande Fome" e os historiadores agora veem todos os três como sendo "grandes" no mesmo sentido pejorativo. Embora Mao possa não ter entendido as prováveis consequências de políticas como a coletivização agrícola e a purificação ideológica, ele entendeu a importância de sua própria imagem ao vender essas políticas ao povo chinês: daí a famosa foto de 1966 dele nadando no rio Yangtze.
A essa altura, o líder chinês que liderou um exército camponês à vitória na Guerra Civil Chinesa e estabeleceu a República Popular da China comunista em 1949 estava ficando velho. Pior ainda, o "Grande Salto Adiante provou-se claramente calamitoso.
O presidente precisava encontrar uma maneira de selar seu legado como o rosto do comunismo chinês e uma nova revolução para liderar. E assim ele repetiu uma de suas façanhas anteriores, a travessia a nado do Yangtze que ele havia feito em 1956. Difundida por toda a mídia estatal, a foto de Mao no rio tirada por seu fotógrafo pessoal ilustrou relatos de que ele nadou quinze quilômetros em pouco mais de uma hora.
Isso significava que o homem de 72 anos tinha quebrado todos os recordes mundiais de velocidade na água. Mas quem viu a fotografia não tinha esquecido o que aconteceu na última vez que ele deu um mergulho tão divulgado no Yangtze.
Os especialistas temiam que Mao estivesse prestes a iniciar outro período desastroso de turbulência na China. Eles estavam certos. A já declarada "Grande Revolução Cultural Proletária", agora amplamente conhecida como "Revolução Cultural, foi um chamado para caçar e eliminar seus inimigos e reeducar a juventude chinesa com os princípios do maoísmo.
Liderada pelos fanáticos Guardas Vermelhos, a revolução foi um período devastador de 10 anos na história chinesa que viu milhões de jovens -ostensivamente radicalizados pela imagem de seu líder– se organizarem em uma força paramilitar empenhada em extirpar, por qualquer meio necessário, os "quatro velhos": velha cultura, velha ideologia, velhos costumes e velhas tradições.
Como acontece com a maioria das tentativas de inaugurar um Ano Zero, a revolução final de Mao desperdiçou pouco tempo tornando-se um motor do caos. Apenas sua morte encerrou uma década de destruição que elevou o líder a níveis divinos e resultou na morte de mais de um milhão de pessoas.
O Partido Comunista Chinês condenou posteriormente a Revolução Cultural, mas não o próprio presidente, que foi levado ao status de quase deidade, e de fato sua natação continua sendo um objeto de comemoração anual.
- "Se Mao tivesse morrido em 1956, suas realizações teriam sido imortais", disse certa vez o oficial do PCC Chen Yun. - "Se ele tivesse morrido em 1966, ele ainda teria sido um grande homem, mas falho. Mas ele morreu em 1976. Infelizmente, o que posso dizer? Talvez isso, se o idoso Mao tivesse se afogado no Yangtze, a história chinesa pudesse ter tomado um rumo mais feliz."
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Comentários
Rapaz... e se olhar bem dá pra desconfiar que o cara nadou quinze quilômetros em pouco mais de uma hora sem nem entrar na água.
Dá muita impressão de ser uma montagem, tanto pelo cabelo engomadinho, a cara seca e o que parece ser um pedaço do ombro e colarinho da camisa também secos.