Na loja do Museu da Ciência de Londres você pode comprar a caneta espacial russa por 15 libras (aproximadamente 40 reais), ou se quiser algo mais barato pode levar a caneta espacial americana por 1/10 do preço (4 reais). Em geral, se você pedir a qualquer pessoa que conte uma história que contenha as palavras "americanos", "russos", "caneta" e "corrida espacial", o normal é escutar um relato mais ou menos assim: |
À esquerda: "caneta espacial russa". À direita, equivalente americano.
"Os americanos descobriram que precisavam uma nova caneta para escrever em suas naves espaciais em plena corrida espacial já que canetas convencionais da época não serviam. Após a NASA gastar uma pequena fortuna -normalmente os valores mencionadas aqui oscilam entre o milhão de dólares e várias dezenas-, encontraram finalmente um troço que era capaz de escrever no vácuo, em situação de falta de gravidade e em geral nas condições nas quais eram realizadas as viagens espaciais.
Quando os russos tiveram o mesmo problema, decidiam usar um lápis.
Moral da história: 'Ha ha ha ha. Nossa como estes americanos são tolos. Dá zero pra eles!'"
A história da caneta espacial é uma lenda urbana, mas que tem detrás uma história totalmente verídica:
Ao princípio da corrida espacial, tanto os americanos como os russos utilizavam lápis comum. Em 1965, a NASA encarregou a empresa Tycam Engineering Manufacturing Inc. de uma série de lápis com partes mecânicas –imagino que algo similar a uma lapiseira– ao preço de 128.89 dólares por unidade. Ante várias queixas recebidas pelo elevado orçamento, recuaram e empregaram outras soluções.
Na mesma época, a Fisher Pen Co. investiu cerca de um milhão de dólares para desenvolver uma caneta que utilizava um cartucho de tinta a pressão utilizando nitrogênio comprimido e que podia funcionar no vácuo, em ausência da gravidade, dentro de outros líquidos e numa faixa de temperaturas entre -10 e 204 graus centígrados. Este investimento e a posterior patente foram realizadas sem petição prévia da NASA e empregando unicamente fundos privados da própria companhia, ao invés do que afirma a versão que vai salta de boca em boca há décadas. Uma vez que o produto estava pronto, a empresa se dirigiu à NASA para oferecer a caneta.
Para o projeto Apollo compraram 400 destas canetas ao módico preço de 6 dólares por unidade (muito mais baratos que a lapiseira de 1965). Em 1969, os russos compraram 100 canetas e 1.000 cartuchos de tinta para seus Soyuz. Atualmente, estes canetas ainda são utilizadas. A empresa que as inventou criou uma outra empresa diferente para sua comercialização ao público: Fisher Space Pen.
Mas se já tinham um lápis, para que complicar a vida buscando uma caneta tão especial? Simples: as pontas dos lápis contêm grafite, que é um material condutor. Descobriram com o tempo que as pontas de grafite quebradas podiam flutuar pela nave e terminar fazendo contato em algum circuito. De forma que requeria uma solução mais segura.
E agora, depois de tudo esclarecido conto o motivo de ter escrito este post: ontem fiquei surpreso ao ler o relato de um astronauta espanhol a bordo da nave Soyuz:
"Estou escrevendo estas notas na Soyuz com uma caneta vagabunda. Por que isso tem importância? Resulta que estou trabalhando há dezessete anos em programas espaciais, onze como astronauta, e sempre acreditei, porque assim me explicaram, que as canetas normais não escrevem no espaço.
A tinta não sai, diziam. Tente escrever um momento folha abaixo com uma caneta e verá como tenho razão, diziam.
Em meu primeiro voo, como todos os astronautas da Shuttle, eu levei uma caneta muito cara dessas que têm o cartucho de tinta a pressão. No entanto, no outro dia estava com meu instrutor da Soyuz e vi que estava preparando os livros de voo com uma BIC amarrada com barbante. Ante meu assombro, ele disse que os russos sempre usaram este tipo de caneta no espaço."
Ao final, já nem sei quem tem razão. Se alguém tiver mais informação, por favor, compartilhe com a gente para elucidarmos mais este grande mistério da humanidade humana.
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Comentários
hehehe
Adorei a história!
Hehe, já ouvi essa lenda...
Eu acho que no espaço há preocupações com questões muito sem importância. Não acredito que a tinta de uma caneta esferográfica comum demore tanto para secar ao ponto de ficar vagando pela unidade e causar algum estrago...
humanidade humana????????
hehehehee
Use lápis e guarde as pontas (lixo) em sacos plásticos pequenos.
Sai mais barato. Pq tanto barulho? kkkkkk
Se nao tiver caneta,escreve com o dedo!^^
Vou querer uma destas pro meu próximo vôo espacial...
ee? :| :|
hhhhaa, unado eu vi o posto j me liguei que era sobre o lápis e caneta, achoq eu foi meu amigo qeu contou, pelo jeito parece (parece) ser verdade. Mas se olhar por um lado os mericnos sõ uns puta burro (em determindas coisas), mas vou dier algo os dois foram burros. Por quê? Ora, eles poderim usar giz de cera, ou até mesmo computador. vai saber.
Ora, a solução é escrever de cabeça para baixo.....
Deve ser uma droga ficar batendo a caneta para a tinta descer porque não tem gravidade, mas provavelmente funciona.
Eu tambem iria preferir pagar mais caro em uma caneta que funcionasse facilmente e sem problemas no espaço.
Lapes é ruim porque a ponta quebra e é um saco ter que apontar, odeio lapis.
Nem sempre a solução mais simples é a mais eficiente, apesar de ser eficaz.
Não é lápis comum não. Lápis usa grafite que é condutor, o pó em suspensão poderia entrar dentro dos equipamentos eletrônicos e provocar um curto. O lápis usado é a base de cera, que não é condutor.
Por acaso essa nao é aquela caneta que vc pode estar de ponta cabeça ou pode nao ter gravidade e ela funciona normalmente?Que legal.....onde tiver eu qero uma dessa....so pra zuar
:roll:
Qual a utilidade deste post???
:sha: :sha: :sha: :sha: :sha:
eu queroo
Agora eu li.
Bem, eu acho que as canetas de pressão funcionam perfeitamente com você usando ela até o final na subgravidade ou gravidade zero, e a bic também, só que por alguns minutos apenas.
Acho que esse instrutor não deve ter usado a caneta por um longo período de tempo, mas por alguns minutos, e se usasse por mais tempo descobriria que a caneta espacial funciona melhor.
Ainda bem que a era das penas molhadas de tinta acabou
Antes de ler eu vi a foto
acho que é uma caneta que usa pressão ao invés de gravidade para descer a tinta :roll: