O homem que via além do horizonte

Falamos de Étienne Bottineau que depois de trabalhar vários anos como marinheiro mercante, decidiu alistar-se na Marinha francesa para, em seus momentos de folga, pesquisar uma teoria que rondava sua cabeça. Segundo Bottineau, um barco que se aproxima de terra produz um efeito visível na atmosfera que poderia ser visto por um olho experiente como forma de predizer a chegada de um navio antes que seja visível no horizonte. Batizou este dom, ainda que ele chamava de pesquisa científica, como Nauscopia.

Não demorou muito e começaram a achar que Bottineau era louco, tanto que se viu obrigado a abandonar a Marinha e foi morar na Ilha Mauricio para seguir suas pesquisas. Era o lugar perfeito: águas tranquilas, céu espelhado e poucos barcos.

A princípio, fazia pequenas apostas no cais sobre a chegada dos barcos e aquilo acabou se tornando uma diversão para os moradores locais. O caso é que, entre um café e outro grátis, conseguiu predizer a chegada de 575 navios ao longo de 4 anos (entre 1778 e 1782) com uma média de três dias de antecedência. O governador da Ilhas Mauricio chegou a oferecer-lhe 10.000 libras e uma pensão anual de 1.200 libras se revelasse seu segredo.

Bottineau recusou a proposta e regressou a França para oferecer a "descoberta" a sua pátria. Ali, as coisas não aconteceram como ele esperava, ninguém lhe deu atenção, inclusive virou motivo de piada. Fontenay, diretor do Mercure de France, chegou a dizer que "não eram navios no mar, senão castelos no ar".

O pobre Bottineau abandonou a França e faleceu poucos anos mais tarde em Pondicherry (Índia) na mais absoluta miséria e esquecimento.

Morreu sem revelar o segredo da Nauscopia.

Fonte: Biografia da Nauscopia.