Usando o conto dos outros na vida real

As vezes você lê uma história engraçada e quer aplicar na vida real... aprontei isto a 23 anos atrás e por pouco meus filhos teriam outra mãe.

Zeca e Didi "lovistóre"

Eu estava namorando Didi a pouco mais de três meses, e como todo casal novato de namorados queria me atracar com ela em qualquer lugar. Certa oportunidade estávamos indo de metrô para a estação Jabaquara de onde partem os ônibus para o litoral sul de São Paulo, quando resolvi dar uma bitoca em minha doce Didi. Qual não foi a minha surpresa e constrangimento quando a fiadaputa me empurrou o beiço com o dedo e eu fiquei lá, com cara de bundão, língua de fora e puto da vida. Então ela me disse:

- "Aqui não xuxureco!...tem muita gente olhando!"

Porra!...pensei eu...muita gente olhando o caralho!!!...o mico que estou pagando agora é bem pior! Imaginem vocês a cara dos outros usuários do metrô... o babaca aqui de linguão pra fora e eles se cagando de rir, outros discretamente apontando o dedo em minha direção e até a minha quase ex-namorada explodindo em gargalhadas e comentários imbecis.

- "Desculpa moréco, mas eu não resisti o sarrinho."

- "Não resistiu o sarrinho sua baranga... tu vai ver o que vou te aprontar!"

Ela não deu muita atenção a minha ameaça e achou que eu estava blefando. Tudo muito bem... as estações passando, e eu lá matutando como pagaria a ela esta sacaneada que tinha me aprontado. Foi ai que eu me lembrei de um texto de Chico Anísio em que um sujeito resolveu tirar uma garota pra dançar e tinha passado pelo constrangimento de levar uma tábua. Depois de muito pensar, ele aprontou uma com a pobre coitada, que a mulher desejou morrer.

Eu que já tinha me borrado com o texto do velho Chico, talvez pela forma como o mestre escrevia, resolvi aprontar a mesma coisa com Didi.

Lembro que depois que o metrô deixou a estação Sé (para quem não sabe, é a estação com mais movimento de Sampa), eu lá de mãozinha dada com a futura mãe de meus filhos, ela com a cabecinha repousando em meus ombros, metrô lotadão...comecei a dar umas fungadas. Didi me perguntou:

- "O que foi?

Eu com a maior cara de pau do mundo respondi em voz alta:

- "Porra Didi, você peidou!!!

Vocês precisavam ver a cena, a cara de bunda que ela fez. Didi sentada sem entender nada, e eu fui me levantando, apontando pra ela, pressionando meu nariz e repetindo sem parar:

- "Putz, xuxureca... tu cagou no mundo... caceta, Didi, você comeu um rato de manhã?... que peidão você soltou, criatura!!!... e coisas deste naipe.

E quanto mais eu me afastava, pior ficava a situação, ninguém sentava ao lado dela... ela desesperada falando pra eu voltar a seu lado, e eu só gritando:

- "Peidorrenta!!!...peidorrenta!!!

Se alguém fazia a menor menção de sentar a seu lado, eu já mandava:

- "Senta não, que ela peidou forte!!!

Quase perdi a namorada, mas pelo menos Didi nunca mais me sacaneou daquela forma...só de outras.