Vila das Cobras na Tailândia, onde homens e cobras vivem em harmonia (12 fotos)

Sessenta anos atrás, um velho médico da Tailândia teve uma visão de sua pequena pequena, velha e empoeirada vila: convertê-la em uma grande atração turística. E, na tentativa de fazê-lo, convenceu seus moradores para que adotassem cobras de estimação em suas casas, e demonstrando-as em shows para turistas. Surpreendentemente, a tática funcionou, e hoje a aldeia de Ban Kok Sa-Nga na Província do Nordeste da Tailândia de Khon Kaen é mais conhecida como "A Vila das Cobras", entre os turistas.

Todas as casas, 140 e tantas, em Ban Kok Sa-Nga, tem pelo menos uma cobra de estimação, que colocam do lado de fora da porta em caixas de madeira. A população de serpentes é conformada por diversas espécies e vai desde as víboras mais perigosas, como as cobras-rei até as menos perigosas, tais como a pítons.

O clima na aldeia é sempre festivo, onde o tema do show sempre remete a grandes cobras, que deslizam pelo palco, enquanto homens puxam seus rabos para provocá-las ainda mais. Apesar de todas as manobras estranhas que acontecem nestes shows, o que assusta a maioria dos turistas é o nível de tranquilidade dos moradores. A maioria das pessoas têm medo dessas criaturas, mas o povo de Ban Kok Sa-Nga nem pisca um olho. Até as crianças ficam completamente à vontade, porque são ensinadas a lidar com as víboras, como combatê-las e alimentá-las, desde a mais tenra idade.

Outro aspecto perturbador da Vila das Cobras é o baixo nível de segurança. Há muitos rumores de turistas que morreram envenenados por ataques de cobras. Não está muito claro se são verdadeiras ou não, mas, como dizem, onde há fumaça, há fogo; ou melhor dizendo: onde há cobra, há picada. Por exemplo, o manipulador de víboras mais idoso da aldeia, Bualee Chai de 72 anos de idade, foi mordido 21 vezes, um número que o deixa muito orgulhoso. Ele está no negócio há mais de meio século e, por vezes, viajou a Tailândia com suas cobras. Para provar sua aproximação com as serpentes, ele tem algumas lacunas em suas mãos onde alguma vez devem ter existido dedos.

- "Se eu não tivesse meus dedos amputados, teria morrido. A última vez que perdi um dedo, foi em 26 de dezembro de 2004. No exato dia em que a tsunami atingiu a Tailândia". Surpreendentemente, Chai se recusa a tomar qualquer soro anti-ofídico depois de uma mordida, porque segundo ele a técnica de extração de veneno é cruel e doloroso para as cobras. Isso, vindo de um homem que não hesitaria em chutar uma cobra e mantê-la no palco durante horas de um show.

Mas é verdade que estes aldeões realmente consideram suas serpentes como parte de suas famílias. O próprio Chai diz que se uma de suas cobras morresse, ficaria muito triste. Mas, apesar de todo esse apego que eles têm com os bichos, os moradores de Ban Kok Sa-Nga não fazem muito dinheiro com seus shows viperinos. O dinheiro real vem, de fato, de algo completamente diferente: das ervas raras cultivadas na vila e que são vendidas no mercado local. A mais famosa destas ervas é a "wan paya ngoo", que, misturada com cal, é usada como tratamento para mordida de uma cobra. Chai afirma que esta erva pode curar picada de qualquer animal peçonhento, como centopéias e escorpiões. Supostamente ingerir a erva faz com que uma pessoa se sinta melhor em 30 minutos.

Em Ban Kok Sa-Nga, as cobras não são apenas criadas, mas também compradas. Os moradores sempre se mostram dispostos a desembolsar de 5 a 6 mil bahts (340 a 450 reais) por uma cobra. Mas nunca estão prontos para vendê-las. Mesmo que as cobras não sejam muito rentáveis, continuam a comprá-las uma e outra vez por puro amor.

- "Não é apenas pelo negócio", afirma Chai. - "Poucas cobras são colocadas no show. Nós apenas compramos para poder cuidar delas".

Para quem for a Tailândia e não está muito interessado em ver show de cobras, há outras atrações no local: mercados com belos artesanatos, lembranças, brinquedos e roupas. De qualquer forma deve ser interessante conhecer este lugar único (com uma bota de dois metros), a Aldeia das Cobras, onde homens e víboras convivem em harmonia.

Fonte: CNN.