"Shanty" é um pequeno barraco feito de folhas de zinco velhas ou outro material impermeável, que serve de moradia para pessoas pobres, muitas vezes carente de serviços básicos, como eletricidade, esgoto ou água corrente. Para viver em um lugar assim, há que estar passando por um grande perrengue na vida. Exceto, é claro, quando seu barraco está localizado na Shanty Town, e você está apenas brincando de ser "pobre". |
Sim, por mais bizarro que pareça, há pessoas neste mundo que pensam que brincar de ser pobre é um esporte divertido. Em um mundo hiper-real e insaciável no qual traficam experiências e onde se quer conhecer o que os outros vivem, mas só até certo ponto, temos o hotel boutique Shanty Town na África do Sul, que é parte do Emoya Luxury Hotel and Spa.
Neste caso o "slum tourism" ("turismo na favela") só é simulado, isto é, o lugar só parece ser um bairro pobre no meio de dejetos, ambientes tóxicos ou pouco salubres e com altos índices de criminalidade, por baixo de tudo há um resort de luxo.
Shanty Town consta de doze barracos pseudo-pocilgas que podem acomodar até 52 convidados e que mantêm uma fachada de pobreza mas que têm calefação (inclusive no piso), água corrente, eletricidade e Wi-Fi, para que os amantes do simulacro possam seguir bem acomodados e conectados. os quartos custam 82 dólares por noite, o que significa algo como quase o salário mensal de um trabalhador mediano na África do Sul.
Com todas essas facilidades, eu gostaria saber qual parte do Shanty Town imita a vida dos africanos empobrecidos. Compreensivelmente, o resort vem recebendo muitas críticas. Muitos meios de comunicação rotularam o hotel como amostra de extremo mau gosto, insensível e ofensivo para as pessoas que não têm escolha a não ser viver em más condições.
Mas os proprietários do Emoya Luxury Hotel and Spa, no entanto, parecem não se importar com as críticas e seguem seu negócio sem o menor escrúpulo, fornecendo áreas de lazer ao ar livre, como uma fogueira comum, com cadeiras feitas de pneus colocados ao redor dela. Os hóspedes também têm a opção de "cagar no mato". O site do resort promove o Shanty Town como uma "completa experiência africana".
Alguns dos hóspedes qualificaram a experiência no Trip Advisor como "muito real" e outro anuncia com obviedade:
- "Não fiquem no Shanty Town, por esse mesmo preço podem ficar em um hotel de luxo com direito a café da manhã".
Para alguns este tipo de experiências resultarão ofensivas, para outros divertidas e outro mais crerão ver nelas um sinal de nossos tempos, nos quais as aparências e a simulação são parte já indissociável do tecido real.
Esta não é a primeira vez que ouvimos falar de hotéis que oferecem experiências alternativas. Não muito tempo atrás falamos da experiência de "Viver como um verdadeiro condenado em um hotel-prisão na Letônia" ou então "Dormir como um mendigo em um hotel sueco". Mas o Shanty Town parece ter levado a coisa um pouco longe demais, eu acho. Há algo tão vulgar em pagar o rico dinheiro para imitar os pobres (mas com todas as conveniências).
Fonte: Daily Mail.
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Comentários
Não condeno o hotel por ganhar dinheiro com isso. Tendo procura, não machucando ninguém, que se faça a oferta.
Não condeno, mas acho estranho sim as pessoas que querem usar esses serviços. Meio contraditório, querer passar um tempo em um local que parece pobre, sem as dificuldades trazidas pela pobreza. E gastando muito por isso.
Vergonhoso!... Se existir karma, pode ser que quem pague para brincar aos pobrezinhos, na próxima vida nasça no cu do mundo para ver o que é bom!... Palhaçada! De muito mau gosto! :ma:
Se era para se "sentirem pobres", dava esse dinheiro logo pra quem precisa.
Propaganda enganosa.
Que piada.