Uma visita pouco agradável

Acho que a maioria dos amigos coincidirão em que não existe nada mais estressante, nada mais terrível, nada mais pavoroso, que ir ao dentista. Sim, falo da visita ao único ser na terra que utiliza os dentes dos outros para comer.

A situação é mais ou menos assim: Uma dorzinha chata e você marca um horário para a semana que vem (desde que não seja um caso de urgência) e a partir desse momento, até o dia da bendita consulta nossa vida passa a ser um calvário. Eu, pelo menos, fico irascível, deixo de comer, de pagar a conta da luz e do telefone, e já ouvi falar de extremistas que chegaram ao suicídio.

E então no dia D, chegamos ao consultório do querido operário do dente e na sala de espera nos deparamos com todos que ali aguardam com expressão de goleiro frente ao Dadá Marvilha.
Passados alguns minutos, a porta é aberta, uma pessoa sai contendo o choro e você escuta a voz do carrasco lhe chamando:

- "Pode entrar, é a sua vez". As pernas tremem, uma gota fria de suor percorre a testa, a palpitação aumenta e você pensa:

- "Ai que vontade de voltar a ser criança e me jogar aqui no chão fazendo birra..." Que nada!!! Você se contém e senta ali no cadeirão de torturas com a boca aberta.

O carrasco, profissional que é -que percebeu claramente nosso estado lamentável- trata por todos os meios de ser simpático e tenta nos tranqüilizar com comentários do estilo:

- "Relaxa cara, pior é ir ao proctologista".

Mas ontem, após ter revisado a minha boca, o dentista comentou:

- "Tenho duas notícias para te dar, uma boa e uma ruim...

- "Tá... tá diz logo a ruim primeiro", eu disse.

- "O resultado é que depois de você passar mais de um ano fugindo do consultório, terá que tratar de pelo menos seis dentes..."

- "É, já esperava isso... mas qual é a boa?

- "Você viu que gostosona a minha nova secretária?

- "Ahammm!!! fdp.

Atualmente, em muitos consultórios, é comum vermos um aparelho de TV onde passam vídeos musicais ou filmes para distrair o paciente. A escolha da programação é fundamental e define a idoneidade do dentista. Não hesite em sair correndo dos consultórios que colocam um show do Marilyn Manson ou do Daniel, O silêncio dos Inocentes ou, sobretudo, Maratona da morte.

O momento de maior crise durante a consulta é quando o dentista toma com sua mão um dos piores inventos da humanidade -junto à prepotência, a música sertaneja e o pagode- que é aquele motorzinho terrível. A utilização daquele objeto de tortura extrema deveria ser condicionado a um aparelho colocado aos testículos do profissional. Você sentiu dor? Aperta um botão que causa o aparelhinho dar uma juntada no saco do verdugo. Ele ia ser cuidadoso, cuidadoso.

Em homenagem ao sacana do meu dentista, Julio Cesar.

E crianças não se esqueçam de escovar os dentes pelo mesno 3 vezes ao dia.