![]() | A história de fantasia atemporal de "A Bela e a Fera", da Disney, foi recontada em 2017, graças a Emma Watson e Dan Stevens, e, claro, ao resto da equipe de filmagens, batendoo recorde de arrecadação de filmes no Brasil. Mas você sabia que essa história mágica pode não ter sido meramente uma invenção da imaginação de um contador de histórias? Jeanne-Marie Leprince de Beaumont ou Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve podem ter se inspirado em uma história de amor real, uma que prova que a beleza pode ficar em segundo plano e não importa muito. |

Pedro Gonzales, nascido em Tenerife, Espanha, em 1537, não era um garoto de aparência normal. Ele tinha pelos cobrindo todo o seu corpo e acabou ganhando a reputação de ser um "wildman", uma criatura da mitologia medieval europeia descrita como meio homem e meio animal. As pessoas acreditavam que, assim como os lobisomens, os wildmen se transformavam em seres ferozes quando a noite chegava e as vezes até comiam criancinhas.
A história de Pedro começou na noite da coroação do rei Henrique II da França, em meados do século XVI. Ele foi apresentado como um presente ao rei -um "wildman" enjaulado à disposição do rei-. Sua presença causou excitação entre todas as pessoas presentes e ele foi mantido na masmorra do castelo para observação.
Enquanto permaneceu no calabouço, médicos e acadêmicos examinaram Pedro e descobriram que ele não era um homem selvagem. Ele era, de fato, um menino normal de 10 anos de idade, com muitos pelos sobre o corpo -uma condição conhecida hoje como hipertricose congênita-. Sua condição, que também é chamada de "síndrome do lobisomem", era rara, com apenas cerca de 50 casos documentados durante a Idade Média e Pedro foi o primeiro deles.
Durante esse tempo, as pessoas com irregularidades físicas eram percebidas mais como símbolos de status das pessoas ricas do que como seres humanos. Graças à raridade de sua condição, o rei viu Pedro como um bem precioso. E, como um experimento, ele foi educado como um nobre e manteve a forma latina de seu nome: ele passou a se chamar Petrus Gonsalvus. Eles descobriram que Petrus era um bom aprendiz, e logo dominava fluentemente três línguas. Eventualmente, Petrus acabou conseguindo uma posição na corte.

Em 1559, o rei Henrique II morreu devido a uma lesão sofrida em um torneio de justa, deixando como viúva Catherine de Medici. A rainha queria ver se nasceriam mais "wildmen" se Petrus se casasse e tivesse filhos. Então decidiu que ele deveria se casar e escolheu uma bela mulher também chamada Catarina, filha de um servo da corte, para ser sua esposa. Tanto ela como Petrus não se conheceram até a cerimônia de casamento.
Os eventos da cerimônia de casamento permanecem desconhecidos, mas há especulações de que os médicos da rainha espiaram o casal em sua primeira noite. Aparentemente, eles queriam descobrir se a "Besta" realmente se transformaria em um ogro durante a relação sexual e se o fizesse, se a "Bela" sobreviveria a ele.
Para surpresa de todos, a Bela acabou se apaixonando pela Besta, que de besta tinha apenas os pelos. Petrus era um homem muito gentil e educado. Assim a vida de casados de "A Bela e a Fera" transcorria muito bem até que a rainha ficou desapontada quando os dois primeiros filhos de Petrus, com Catarina, não herdaram o "semblante peludo" de seu pai. Mas a partir do terceiro filho a rainha sossegou o facho, pois a partir dai os filhos sucessores do casal, dois filhos e três filhas, herdaram a "síndrome do lobisomem".

A família de Petrus ganhou mais popularidade e foi autorizada a viajar pela Europa e viver com outros nobres. Eles finalmente decidiram ficar na Espanha, onde foram apoiados pelo Duque de Parma, que permitiu que Petrus morasse em uma propriedade doada por ele nas proximidades de Parma.
No entanto, seus filhos com hipertricose foram dados como presentes a outras famílias ricas. Sua filha, Antonietta, até se tornou um brinquedo da amante do duque. Não foi fácil para o casal de coração gentil ver seus filhos sendo enviados e tratados como bichos, mas não havia nada que eles pudessem fazer naquela época.
Petrus e Catarina finalmente estabeleceram-se no Lago Bolsena em Capo di Monte, Itália, onde passaram os últimos anos de suas vidas em paz. Eles eram discretos e reservados, pouco apareciam em público. Nesta época Petrus foi visto uma única vez no batismo de seu neto em 1617, e morreu no ano seguinte. Catarina, por outro lado, morreu em 1623.
É profundamente triste que, apesar de ser um homem gentil e amoroso e um pai devotado, Petrus teve negada a unção em seu leito de morte devido à sua aparência. Isso significou que ele não pôde ser enterrado em um cemitério consagrado. Até no final de sua vida ele foi tratado como uma besta e não como um ser humano.
Infelizmente, a possível verdadeira história por trás de "A Bela e a Fera" não teve nada de um conto de fadas.
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