O dia em que 100 mil iranianas protestaram contra a obrigatoriedade do uso do hijab

Há 40 anos, especificamente em 8 de março de 1979, mais de 100 mil mulheres se reuniram nas ruas da capital iraniana para protestar contra a decisão compulsória do governo islâmico, que indicava que todas as mulheres do país seriam doravante obrigadas a usar o hijab, o conjunto de vestimentas preconizado pela doutrina islâmica. O protesto foi realizado no Dia Internacional da Mulher, e as imagens mostram mulheres de todos os setores e classes marchando, sorrindo e com os braços levantados em protesto. Infelizmente suas vozes não foram ouvidas.

Na República Islâmica do Irã, o aiatolá Khomeini restringiu severamente os direitos que as mulheres tinham. Em poucos meses após a fundação da República, a Lei de Proteção à Família de 1967 foi revogada.

Ademais, as funcionárias públicas foram forçadas a observar o código de vestimenta islâmico, as mulheres foram impedidas de se tornar juízas e praias e esportes passaram a ser segregados pelo gênero. A idade legal do casamento para meninas foi reduzida para 9 -mais tarde elevada para 13- e as mulheres casadas foram impedidas de frequentar escolas.

Quase imediatamente as mulheres começaram a protestar contra essas políticas. Na época, lembra a fotógrafa Hengameh Golestan, o povo iraniano estava muito "politicamente envolvido" e acreditava que a mudança poderia ser efetuada pela demonstração nas ruas.

A manifestação espontânea de mulheres e homens em 8 de março de 1979 foi um esforço para proteger as conquistas do direito das mulheres nos 70 anos anteriores da história iraniana.

Infelizmente este acabou por ser o último dia em que as mulheres puderam caminhar pelas ruas do Teerã sem as vestimentas obrigatórias do islamismo. Foi a primeira decepção, de muitas outras que viriam, com as novas regras dos governantes da pós-revolução do Irã.

Religião da paz... eles disseram

Fonte: BJP.
Fotos: Hengameh Golestan.