Aprender a tocar instrumentos como violino, violoncelo ou flauta é um processo difícil, mas você pode imaginar como dominar qualquer um deles sem nunca poder vê-los? Isso é o que 48 mulheres com deficiência visual do Cairo, componentes da orquestra Al Nour Wal Amal tiveram que fazer para se tornar um conjunto. E, uma vez que finalmente dominaram o instrumento escolhido, elas precisaram memorizar até 45 peças, para poder apresentar um concerto em sincronia com os outros membros durante uma performance. Pode parecer impossível, mas essas mulheres incríveis são uma prova viva de que isso pode ser feito. |
Fundada em 1954, a Associação Al Nour Wal Amal tornou-se a primeira associação não-governamental no Oriente Médio a auxiliar deficientes visuais entre meninas e mulheres. Até hoje, oferece cuidados, educação, formação profissional, oportunidades de emprego e obras para facilitar sua integração na sociedade.
Uma das conquistas mais incríveis foi criar uma orquestra de música clássica composta exclusivamente por mulheres cegas ou com deficiência visual, na década de 1960. O conjunto começou com 15 membros, mas ao longo dos anos, tornou-se um grupo de 48 pessoas, que desde então tocou em shows nos cinco continentes.
As meninas que aspiram a se tornar membros da orquestra Al Nour Wal Amal devem primeiro aprender a tocar um instrumento de uma das quatro seções principais: cordas, sopro, metal e percussão. Para este fim, elas praticam mais de cinco horas por dia, sob a orientação de professores da academia de música, do conservatório e da Orquestra Sinfônica do Cairo, às vezes por vários anos. Uma vez que dominam, as mulheres seguem o treinamento de memória.
As músicas começam por ler suas partituras em Braille, memorizam e ensaiam individualmente até decorá-las por completo. Mas a parte mais difícil é se apresentar em grupo. Como elas não têm partituras na frente delas e não conseguem ver o maestro durante os concertos, os membros da orquestra Al Nour Wal Amal devem confiar nas batidas e no guia vocal do maestro para desempenhar sua parte no tempo certo. Mais uma vez, parece quase impossível, mas a violinista Shaimaa Zakaria diz que se tornou uma segunda natureza para ela e suas colegas.
As músicas cegas aparentemente são tão boas no que fazem, que as pessoas, às vezes, nem sequer percebem que são cegas. Amal Fekry, vice-presidente da organização Al Nour Wal Amal lembra de uma pessoa que estava contando a todos o quanto gostara do concerto, depois de sua apresentação, e perguntando por que as meninas tinham tocado sem partituras. Foi quando ele soube que elas eram de fato deficientes visuais.
Al Nour Wal Amal é a única orquestra de música clássica com componentes cegos do mundo, mas, apesar de ter grande sucesso e atuar em todo o mundo, a associação está lutando para manter o conjunto. O apoio do governo egípcio não é lá essas coisas, motivo pelo qual foram obrigados a confiar fortemente em doações.
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