No final do século XVIII os revolucionários franceses propuseram adaptar o calendário ao sistema decimal e ao mesmo tempo eliminar dele todas as referências religiosas, bem como outras datas, fruto da tradição e da história. O resultado converteria as semanas em décadas de 10 dias, os dias passariam a ser divididos em 10 horas, as horas em 100 minutos e os minutos em 100 segundos. Uma das medidas que menos entusiasmou seria que as décadas só teriam um dia de folga, isto é, somente o domingo. |
Um ano após a proclamação da república francesa, em 20 de Setembro de 1793, um matemático chamado Gilbert Romme apresentou sua proposta para um calendário totalmente novo. Era um período marcado pelo sentimento de recomeço de uma nova era e de reformas radicais em muitas áreas da vida pública e privada da França. A igreja Católica que tinha uma posição tão dominante na França pré-revolucionária era considerada agora anti-revolucionária, e o calendário gregoriano, com seus santos do dia e festas religiosas, era um poderoso símbolo da influência subjacente da igreja.
Romme recebeu a missão de criar uma divisão mais científica do ano, com mais conexão com o movimento dos astros, as estações e a tradição. O resultado foi posto em prática durante 13 anos entre 1792 e 1805 e é conhecido como o "Calendário Revolucionário Francês".
O ano neste calendário "racional" já não começaria em 1 de Janeiro, senão no equinócio de outono e o aniversário da proclamação da república: 21 de setembro. Cada mês tinha 30 dias, divididos em 3 décadas de 10 dias cada uma. Cada dia "métrico" estava dividido em 10 horas que tinham 100 minutos de 100 segundos cada um. Desta maneira, cada hora era mais longa que uma hora convencional, o minuto um pouco mais, e o segundo ligeiramente mais curto.
Graças à "racionalidade" do novo calendário, agora as décadas encaixavam perfeitamente nos meses e ao ser todos os anos iguais, a exceção dos bissextos, não era necessário comprar um novo calendário a cada ano.
Os 10 dias da década chamavam-se: primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e décadi. O décadi era o dia de descanso dos trabalhadores.
Como todos os meses tinham 30 dias, ao todo somavam 360, faltando 5 dias num ano não bissexto. Estes dias, conhecidos como complementares, eram colocados ao final do ano (16-22 de Setembro) e eram dias de festa: Fete da Vertu (virtude), da Génie (talento), du Travail (trabalho), de l’Opinion e dês Récompenses. O ano bissexto contava com uma festa a mais: Fete da Révolution.
O poeta Fabre d’Églantine foi o encarregado de encontrar um nome para os meses de Romme, escolhendo apelações evocativas das mudanças das estações e a beleza da natureza. Começando pelo mês que substituiria Setembro/Outubro seriam: vendimiario (de parreira), brumario (de nevoeiro), frimario (de geada), nivoso (de neve), pluvioso, ventoso, germinal, floreal, pradeal, mesidor (de colheita), termidor (de calor), fructidor (de fruta). A maioria destes nomes eram neologismos derivados de palavras similares em francês, latim ou grego. Como uma prova a mais de racionalidade, o nome de todos os meses da mesma estação tinham a mesma terminação.
O novo calendário foi adotado pela Convenção Nacional em 5 de Outubro de 1793, e todos os documentos foram datados com referência à proclamação da república, 21 de Setembro de 1792 como primeiro dia do ano I. De Setembro de 1792 a Setembro de 1793 era o ano I, 1793/4 era o ano II e assim sucessivamente. Desta maneira o calendário começava um ano antes de sua adoção. Sua aplicação se estenderia a territórios ocupados militarmente, como Espanha, e às colônias francesas na América e África.
O povo teve grande dificuldade para adaptar-se ao novo calendário, especialmente à semana de 10 dias, o que ademais implicava 3 dias a mais de trabalho sem descanso, e rompia as convenções estabelecidas no mundo do comércio, tais como dias de mercado e feiras. Por isto é considerado que a semana, talvez o agrupamento de dias mais persistente de todos os calendários da história, foi o causador da pouca popularidade do calendário revolucionário. As pessoas também não receberam com agrado a substituição das festividades tradicionais pelas novas.
Outra das dificuldades era a carência de um padrão regular para os anos bissextos, o que dificultava datar eventos futuros devido à imprecisão dos conhecimentos astronômicos da época.
O ocaso do novo calendário começaria em 1801, mas não por suas dificuldades senão por motivações políticas. Napoleão, que naquele tempo era Primeiro Cônsul, estava convencido que um acordo com a Igreja Católica seria crucial para seus interesses. Pelo qual decidiu melhorar suas relações com ela mediante a negociação com o Papa Pio VII que entre outras questões restabelecia o nome dos dias da semana e o domingo como dia de folga a partir de 18 de Abril de 1802.
O resto do calendário continuaria em vigor alguns anos mais, mas sua abolição total chegaria a meia-noite de 31 de Dezembro de 1805 (10 de nivoso do ano XIV), naquele momento Napoleão já tinha anexado os Estados Pontifícios e tinha sido excomungado por Pio VII, que seria posteriormente encarcerado por Napoleão. Já que Napoleão não via o Papa como um possível aliado, o anterior acordo não pesou muito na tomada da decisão. Na verdade a ampla impopularidade do calendário, a confusão que existia entre o começo do ano, os bissextos e o equinócio ajudaram a abreviar o sistema.
Depois da caída de Napoleão o calendário revolucionário foi novamente implantado por um breve período. Hoje em dia seu uso oficial fica reduzido aos textos legais que foram adotados enquanto o calendário republicano era oficial e seguem em vigor na França que mantiveram suas datas originais. Só alguns entusiastas franceses seguem empregando o calendário, mais por nostalgia histórica que funcionalidade.
Uma dos paradoxos deste calendário é que sua tentativa de eliminar as referências religiosas do calendário para torná-lo mais universal, acabou tendo como resultado um calendário ainda mais local, neste caso centrado na França, dado que os nomes descritivos dos meses podiam ser confusos e imprecisos em outras latitudes, por exemplo um Termidor (mês do calor) é gelado no hemisfério sul.
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Comentários
isso não serve pra guém aliáis nen pra mim serviu
não adianta, a religião é sempre a mais forte, iluministas! mwahahahahaahahahahahahha!
8D~
ah...vai saber o Obama fica meio doidao...
>_> tahparei
:D ainda bem que nao deu certo >_<
Vocês não entenderam o que eu falei.
Eu quis dizer que quem detêm o poder nas mãos tem poder até para mexer no calendário
Por isso agora que o Obama está no poder, tomara que ele nunca pense em mexer no calendário.
Foi isso .
KKKKKKKKKKKKKKKKKK
To rindo da maria, falando pra o obama num adquirir nenhum calendario revolucionario ... se nem leu o texto neh, nada a ve que vc falo...
:fool: :fool: :ma:
Prezado Evil,
A boca é minha , eu falo quanto eu quiser.
crítico,
procure fazer críticas construtivas.
Não chegue batendo nas pessoas.
Você pode conseguir muito mais com um pouco de amor no coração.
Maria... você pode até ser loira... mas já temos a Inteligente... portanto "ma petite... fermè la bouche"... :fool: :roll: :twisted:
interessante
Lombradinho:
Você tem razão, e esse Homem Todo Poderoso é nada mais, nada menos que o anti-cristo.
Crítico:
To; to viajando na França.
bonjour mon petite
Achei legal a História do Calendário e, se foi coisa do Iluminismo (e claro que foi pois está claro) como pano de fundo haviam os Illuminatis da Baviera, que ainda hoje dirigem o destino da Humanidade e se uniram desde anterior ao Século XVII para estabelecer a NOVA ORDEM MUNDIAL, aonde apenas 1 homem será o Governante do Planeta.
Estamos caminhando prá isso, é só vê o Mercosul, União Européia, Liga Árabe e o escambal, até um dia eles se juntarem e chamarem o Homem Todo Poderoso da Terra para Governá-la. :sha:
Maria, vc leu o que tava escrito no texto???
E de onde vc tirou a idéia do Obama mudar de calendário??
vc tá viajando!!!
Agora a foto tá certa, Admin!
...
KKK! :-D
Nossa; o que é o poder nas mãos das pessoas, capaz até de mudar o calendário.
Ainda bem que não deu certo esse calendário revolucionário.
O horário de verão não deixa de ser um exemplo de mudança, só que é uma mudança bem sutil, e serve para economizar energia, o que é um bem, ainda que muita gente torça o nariz.
Tomara que o Obama não adote nenhum calendário revolucionário.
:fool: :ma:
Ô Admin, essa foto tá certa???
...
É igual à do Post "O baterista é um show"...
(Isso porque eu nem queria...)
:-D
1ª!