O roteiro desta história truculenta deu uma nova guinada nem tão inesperada. Asia Argento deixou de ser a eterna vítima do movimento #MeToo a acusada de um escândalo em termos similares. A atriz italiana de 42 anos foi uma das primeiras em denunciar Harvey Weinstein, o produtor e assediador de dezenas de mulheres, mas enquanto o movimento crescia, a atriz estava arranjando uma forma de tentar esconder suas próprias faltas e misérias. |
De acordo a uma matéria do New York Times, Asia fez um acordo para comprar o silêncio de Jimmy Bennett, um jovem ator e músico de rock do qual abusou sexualmente quando tinha 17 anos. O preço: 380.000 dólares (1,5 milhões de reais).
O episódio ocorreu em um hotel da Califórnia, um estado em que a idade legal para manter relações é 18 anos. O encontro, ademais, aconteceu quando Asia tinha 37 anos, um fato do qual existe até prova gráfica. Os documentos enviados ao jornal nova-iorquino incluem um selfie de ambos na cama com data de 9 de maio de 2013. Asia pagou também pelos direitos dessa imagem que ninguém vai ver.
O acordo teria chegado nos meses seguintes às revelações sobre o caso Weinstein, em outubro do ano passado. Em uma carta datada de abril e dirigida a Asia em que confirmavam os últimos detalhes do acordo e o calendário do pagamento, a advogada da atriz se referia ao dinheiro como "ajuda para o senhor Bennett".
- "Esperamos que nunca volte a ocorrer algo assim", escrevia a advogada, Carrie Goldberg, a sua cliente. - "Você é uma artista poderosa e inspiradora e é miserável que viva rodeada de indivíduos de merda que se aproveitaram de suas fortalezas e debilidades."
Para o jovem ator, que quando menino cativou Harrison Ford e Bruce Willis, aquele encontro de 2013 supôs, segundo ele, "um espiral de problemas emocionais". Segundo a reportagem to Times, aquilo foi tão traumático que obstaculizou o trabalho de Bennett, de modo que seus advogados solicitaram inicialmente 3,5 milhões de dólares em conceito de danos e prejuízos, dado que seu estado mental tinha afetado seus rendimentos.
O diário assegura que teve acesso às acusações do jovem ator e o acordo econômico posterior, através de documentos enviados de forma anônima. Esses documentos, que foram enviados através de e-mails encriptados, incluem uma fotografa tipo selfie, com data de 9 de maio de 2013, dos dois atores deitados na cama.
O jornal diz que tentou repetidamente entrar em contato com os implicados neste assunto sem sucesso. Não obstante, o advogado de Bennett, Gordon K. Sattro, disse ao diário que seu cliente não aceitaria ser entrevistado a respeito e que continuará fazendo o mesmo que faz nos últimos meses e anos: se centrar em sua música.
Para Bennett, ver Asia se apresentar como vítima de assédio sexual foi a gota d'água, que o fez reviver o episódio de 2013 do qual inclusive resta uma foto no perfil do Instagram da atriz. Com efeito, o relato dos fatos recolhido pelo New York Times lista tim-tim por tim-tim o que ocorreu no quarto.
O acordo econômico -que alguns estão chamando de extorsão legal- ao qual chegaram os atores não impede o jovem de tornar público o episódio, mas sim de processá-la por isso. Também não seria permitido, após aceitar o dinheiro, publicar a foto de ambos.
Nós já falamos sobre o clima de caça as bruxas do #MeToo e a grande sinalização de virtudes e desfaçatez de alguns de seus ativistas. Mas jamais dava para imaginar que íamos chegar a esse ponto onde quanto mais mexe, mais fede.
Se por um lado a atriz demonstrou ser experte em hipocrisia e impostura, não dá para aliviar com o jovem também, que parece ter claramente se aproveitado da situação. Na época do encontro, Bennett estava confrontando a mãe e o padrasto nos tribunais, por ter sido expulso de casa, de roubarem suas posses e de terem se apropriado, ao longo dos anos, de ao menos um milhão e meio de dólares de sua poupança. Bennett estava arruinado e devia dois meses de aluguel.
A atriz italiana, filha do diretor Dario Argento, por enquanto manteve-se em silêncio, fugindo das tentativas de entrevistas com diferentes meios de comunicação, ante o escândalo. Sua reputação de femme fatale, de atriz atrevida, ficará agora em um segundo plano depois da alongada sombra do #MeToo.
Nas redes sociais, as opiniões estão polarizadas, mas uma opinião que li com recorrência criticava a geração de milênicos "toddynho", já que aos 17 anos tudo o que os jovens dos anos 70 e 80 queriam era uma professora de 37 anos como Asia Argento, mas, por outro lado, quem é que não gostaria de ver a conta bancária recheada com um milhão e meio de reais?
Evidentemente que é muito necessário criar consciência sobre a violência sexual exercida contra as mulheres, sobretudo no âmbito profissional, mas, nesse caso, o que o movimento vinha fazendo era dar força aos interesses dos inimigos da liberdade social e sexual. Em vez de expor os abusos das pessoas poderosas, o movimento seguia na direção de incorporar o ódio, pelo simples ódio, aos homens e à sexualidade em uma classe de ressurgimento de uma nova moral vitoriana.
Deu no que deu, afoitos por "caçar monstros" não tiveram o cuidado de verificar se existia um entre eles.
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