Faz 50 anos, uma das narrativas que sustentavam ao mundo era a chamada "corrida espacial", uma empreitada derivada diretamente dos avanços que a tecnologia aérea e de comunicações teve na Segunda Guerra Mundial e, por outro lado, enquadrada na rivalidade da Guerra Fria entre Estados Unidos e a Rússia Soviética. A ciência, a política, a tecnologia, os interesses econômicos e outros âmbitos da cultura humana se viram envolvidos na exploração do espaço. |
Aquilo, de alguma maneira, nos acompanhava desde o primeiro momento em que um ser humano levantou a cara ao céu noturno e quis saber de que eram feitas as luzes que resplandeciam lá na imensidão.
Nesse contexto, um ponto culminante da era espacial foi o momento em que a expedição da Apollo 11 levou à Lua dois seres humanos, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin, entre 20 e 21 de julho de 1969, um fato que muitos põem em dúvida -assegurando que se tratou de uma montagem cinematográfica-, mas que em todo o caso deu àquela época uma atmosfera singular, alimentando certos sonhos e certas expectativas, enchendo o cosmos com novos significados.
1969 foi também no ano em que David Bowie gravou sua canção Space Oddity, uma de suas composições mais originais e emblemáticas. A canção reflete parcialmente essa novidade com que vivemos a era espacial, que suscitou toda uma nova classe de emoções em alguns, a meio caminho entre o assombro e o temor.
Sim, ainda que talvez possa soar um tanto estranho, o temor, pois talvez pela primeira vez em sua história o ser humano começou a ter as provas irrefutáveis da escala ínfima que nosso planeta tem em comparação com a vastidão do cosmos.
Ali estávamos nós, com toda a importância que nos damos, toda nossa história, nossas tradições, nossas guerras, as conquistas que mais nos orgulham, e também o mundo natural do qual fazemos parte, as milhões de espécies de seres vivos com quem compartilhamos a Terra, os mares, as montanhas, os rios, ali estávamos e no entanto somos pouco mais que um grão de areia flutuando no vazio: já não aquela "escuridão sublime" da qual fala W. H. Auden num poema, tão própria do ser humano que olha o universo inteiro girando em torno de sua contemplação, já não aquilo, senão um nada absoluto e indiferente.
Space Oddity participa desse espírito. De alguma maneira Bowie encontrou as palavras e a música para cantar a insignificância do destino humano em frente ao cosmos, mas também uma amostra de melancolia que necessariamente nos assalta quando nos damos conta disso.
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Grande astro...faz muita falta...