Conhecida pelo codinome Ivan, a bomba do Tsar é o maior e mais potente dispositivo nuclear da história, que foi detonada uma única vez, em 1961, causando a maior explosão já criada pelo ser humano. Até agora, todas as imagens da explosão eram vídeos curtos e de má qualidade, mas Rosatom, a Corporação Estatal de Energia Atômica da Rússia, acaba de desclassificar o caráter confidencial de um filme de 40 minutos sobre o ensaio. O documentário é um exemplo tardio da propaganda soviética. |
As imagens, que mostram a explosão nuclear com um nível de detalhe sem precedentes, nos transportam a um dos momentos mais arrepiantes da Guerra Fria, com a crise de Berlim e a construção do Muro na capital alemã ainda recentes.
Ivan era uma bomba de hidrogênio com uma ogiva de três etapas (fissão-fusão-fissão) em vez das duas habituais. O premiê soviético, Nikita Khrushchov, tinha exigido a seus engenheiros um rendimento insólito de 100 megatons, mas a equipe manifestou sua preocupação sobre o alcance da radiação e decidiu reduzir sua energia a 50 megatons, ainda assim o equivalente a mais de 3.000 bombas de Hiroshima. O filme assinala que a carcaça da Tsar foi desenhada para suportar uma carga duas vezes maior.
As imagens mostram o interior do avião utilizado para o ensaio, uma versão modificada do bombardeiro Tu-95V. A aeronave foi pintada de branco para refletir parte da radiação térmica causada pela explosão. Também podemos ver a tripulação do bombardeiro colocando óculos protetores antes de deixar o dispositivo de 26,5 toneladas cair sobre o campo de testes de Nova Zembla, junto ao estreito de Matochkin, ao norte da Rússia.
A detonação ocorreu a 4.000 metros do solo. Uma explosão no ar reduz significativamente os efeitos da radiação, motivo pelo qual o filme se refere a Ivan como "uma bomba de hidrogênio limpa", a mãe de todos os eufemismos. A explosão varreu um área de 70 km de diâmetro. A bola de fogo foi visível a 1000 km, apesar de que estivesse nublado, e uma gigantesca nuvem em forma de cogumelo se elevou até superar os 50 km de altura.
O filme mostra o ensaio desde diferentes ângulos e uma inspeção em helicóptero da zona depois da explosão. Ivan era muito grande para uso militar, tanto por questões práticas como pela dificuldade de justificar seu uso contra qualquer objetivo, mas contribuiu a que os governos da União Soviética, Reino Unido e Estados Unidos assinassem em 1963 o Tratado de proibição parcial de ensaios nucleares na atmosfera, que requeria que os testes nucleares se realizassem sob terra.
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