O Museu de Etnologia de Viena (Welt Museum), na Áustria, respondeu nesta terça-feira ao Governo mexicano que não poderá emprestar o penacho do imperador asteca Moctezuma II, como solicitou o presidente Andrés Manuel López Obrador, devido ao frágil estado em que se encontra esta peça histórica. Gerard van Bussel, curador das coleções de América do Norte e Central do museu, explicou que o cocar que pertenceu a Moctezuma II é demasiado frágil, e por formado de material orgânico, qualquer vibração no ar ou estrada o destruiria. Por esta razão, van Bussel explicou que o penacho não poderia ser transladado ao país latino-americano ao menos nos próximos dez anos. |
Na segunda-feira passada, AMLO pediu a sua esposa, a historiadora Beatriz Gutiérrez Müller, que fizesse a tentativa de solicitar o cocar ao presidente de Áustria, Alexander van der Bellen, ainda que advertiu que se tratava de uma missão quase impossível.
A visita de Beatriz a Europa teve como objetivo pedir emprestados códices, objetos e documentos históricos que possam ser expostos no país no próximo ano, quando completa 700 anos da fundação de México-Tenochtitlán; 500 anos da invasão colonial espanhola e comemoram o bicentenário da Independência.
Na sexta-feira, 9 de outubro, a historiadora se reuniu com o presidente italiano, Sergio Mattarrella, para solicitar o empréstimo do Códice Fiorentino -escrito pelo missionário Francisco de Sahagún entre 1540 e 1585- que se encontra na Biblioteca Medicea Laurenziana, em Florência, bem como o Códice da cultura mexicana conhecido como Cospi —que foi elaborado antes da "conquista" espanhola, entre 1519 e 1521- e que está resguardado na Universidade de Bolonha.
A também escritora visitou o papa Francisco para entregar uma carta do marido, onde o mandatário mexicano pediu ao sumo pontífice sua permissão para expor no México o Códice Borgia; o Códice Vaticano da cultura náhuatl; o Códice Vaticano da cultura tolteca-chichimeca; bem como diversos mapas de Tenochtitlán.
Segundo explicou AMLO explicou López Obrador em uma carta aberta dirigida a Mattarrella, a solicitação de empréstimo destas peças históricas tem como objetivo mostrar aos mexicanos a grandeza cultural de seu povo, que de acordo com o mandatário latino-americano, foi distorcida pelo processo de "conquista" e colonização do México.
Na carta endereçada ao papa Francisco, o presidente fez questão de que a Igreja católica, a monarquia espanhola peçam uma desculpa pública aos povos originários que padeceram das mais vergonhosas atrocidades para saquear seus bens e terras e dominá-lo, desde a "conquista" de 1521 até o passado recente.
O cocar de Moctezuma II supostamente foi um presente (há controvérsias) do imperador asteca ao conquistador espanhol Hernán Cortês em 1519. AMLO é um forte crítico da conquista espanhola e já se dirigiu ao Rei da Espanha da mesma forma exigindo desculpas públicas.
A Conquista da América espanhola aconteceu da forma mais exploratória possível. Seus exploradores não vieram para a América em busca de terras para povoar. E "explorador" aqui deve ser entendido com a pior conotação possível, pois ocupavam o espaço, apropriando-se suas riquezas. Os espanhóis, com efeito, dizimaram populações indígenas inteiras, impondo sua cultura, língua e religião.
Fotos: Joe Klamar / AFP.
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Comentários
O problema seria a fragilidade ou o medo do México não devolver alegando que o cocar pertence a sua cultura?