MK-Ultra, o programa secreto da CIA que usava LSD para alcançar o controle da mente

Nos experimentos secretos de controle da mente e lavagem cerebral de indivíduos usando LSD, conhecidos como MK-Ultra, realizados pela CIA entre 1953 e 1973, eles avançaram sobre quaisquer aspectos éticos e sociais da medicina. Estariam os soviéticos desenvolvendo programas de controle mental? A CIA, como vários desses relatos nos dizem, ficou convencida de que sim e decidiu desenvolver drogas e procedimentos a serem usados em interrogatórios e tortura, para debilitar e forçar confissões por meio de controle de mente. No entanto, estranhamente nunca é especificado por que eles se convenceram disso.

Poderia ser um pouco de culpa por contratar cientistas alemães ex-nazistas (ou apoiadores) por meio da Operação Paperclip? Ou tudo isso era apenas um disfarce porque a CIA realmente queria experimentar o controle da mente? Quer dizer, já se passaram 70 anos, e isso ainda não tem respostas. Ocorreu que havia todas essas novas drogas sendo desenvolvidas que alteravam a mente, então por que não começar por aí?

No topo da cornucópia da farmacológica estava a dietilamida do ácido lisérgico, e o homem que conhecia melhor o LSD era o Dr. Sidney Gottlieb, o "Envenenador em Chefe", como seu biógrafo Stephen Kinzer o chama. Criado no Bronx, o amor de Gottlieb pela química e pela ciência rendeu-lhe um lugar de prestígio no Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech). No final da década de 1940, ele foi recrutado pela CIA.

O paradoxo de Sidney era seu amor pelo LSD, que supostamente ingeriu mais de 200 vezes. Ele tendia para o budismo, o que não é surpreendente para aqueles cuja mente foi expandida por psicodélicos. Sidney vivia como um proto-hippie, cultivando seus próprios vegetais e vivendo "fora da grade" por um tempo com sua família.

Sidney Gottlieb, em 1977.

No entanto, ao mesmo tempo, ele não tinha problemas com seu comportamento diabólico absoluto. Depois de convencer a CIA a comprar o suprimento mundial de LSD, ele começou a trabalhar. Ele administrava aos colegas grandes quantidades e só contava depois.

Ele realizava experimentos com profissionais do sexo, prisioneiros ou pessoas com doenças terminais. Muitos não sabiam no que estavam se inscrevendo. O LSD em altas doses tinha como objetivo aniquilar a mente e permitir que uma nova mente fosse implantada.

Isso não funcionou muito bem, mas Sidney e associados continuaram tentando, sob a égide do então diretor da CIA Allen Dulles e do chefe de operações Richard Helms. Na realidade, Allen e outros no alto escalão da CIA adotaram uma abordagem independente: melhor não saber o que Sidney estava fazendo, especialmente quando ia contra o Código de Nuremberg de fazer experimentos com as pessoas contra sua vontade, as mesmas coisas que os nazistas faziam.

O presidente Gerald Ford, no centro, reunido com a família de Frank Olson, que se suicidou após participar de testes da CIA com LSD.

Também houve muitas vítimas, cadáveres que foram o custo dos negócios na Guerra Fria, e tantos dos quais não saberemos. A morte de maior perfil, e que tirou o MK-Ultra da obscuridade, foi o cientista do governo Frank Olsen. Seu salto de um quarto de hotel em Nova York foi considerado suicídio pelo governo, resultado do estresse no trabalho. Todo o caso Olsen forma a espinha dorsal da série de documentários de Errol Morris em 2017, "Wormwood".

A descoberta da verdade ajudou a expor a história do MK-Ultra a uma América de meados dos anos 70 que havia perdido a fé em seu governo e estava pronta para o estabelecimento das teorias da conspiração.

Sim, MK-Ultra era uma coisa real. Mas como Sidney e seus chefes haviam destruído a maioria dos registros, as teorias da conspiração preencheram as lacunas. Os experimentos de Lee Harvey Oswald e Sirhan Sirhan MK-Ultra deram errado? E quanto a Charles Manson, que o autor Tim O'Neill descobriu ser um "rato de laboratório" para experimentos da CIA?

O mafioso Whitey Bulger fazia parte de um experimento com LSD e o FBI permitiu que ele continuasse a cometer crimes. O futuro Unabomber Ted Kaczynski participara de experimentos psicológicos brutais enquanto estudava em Harvard.

Por outro lado, os experimentos do MK-Ultra também afetaram a cultura de uma maneira positiva. Allen Ginsberg tentou sua primeira dose no norte da Califórnia, assim como Ken Kesey, que saiu dela como proponente do LSD e formou o nascente movimento hippie.

Sidney aposentou-se em 1972, e os resultados do MK-Ultra careciam de resultados práticos. Em 1999, Sidney faleceu de causas desconhecidas. Possivelmente um ataque cardíaco ... mas quem sabe?