Seis dias na cama. Ela: Sada Abe, ex-prostituta, ninfomaníaca, desequilibrada e hiper-sensível. Ele: Kichizo Ishida, submisso, niilista, embriagado de satiríase e subjugado aos encantos de Sada. Ambos protagonizaram na primavera de 1936 uma maratona orgástica e passional que desembocou na asfixia erótica consentida de Kichizo e com seus genitais cerceados na bolsa de Sada. |
A história transcendeu o mito e converteu-se em inspiração de uma infinidade de artistas. Aí nasceu o legendário filme "O império dos sentidos".
Fotograma de "O Império dos Sentidos"
A transcendência histórica (e pessoal) daquela semana de conhecimento lascivo e carnal –literalmente- foi confirmada pela obra mestre de Nagisa Oshima. Filme cultuado pelos amantes do cinema erótico-explícito e proibida em uma infinidade de países durante sua estréia em 1976 e ainda hoje na Irlanda, apesar de compartilhar videotecas com abundante cinema pornô. Ninguém que viu o filme, voltou a comer um ovo cozido da mesma maneira. Ninguém.
Sada Abe nasceu em Tóquio em 1905. Filha menor de uma família de classe média, fabricante de tatamis, foi uma menina mimada e irritante. Violada aos 14 anos cultivou um temperamento e uma identidade sexual quase indecifrável que levou seus pais a "vendê-la" a uma escola de gueixas esperando dar um rumo a sua vida simultaneamente que obtinham com isso algum rendimento, -tradição muito comum na época-.
Mas na realidade, ela cresceu em um bordel no distrito vermelho de Tobita como prostituta de luxo ou queixa de segunda classe. Ali ganhou uma grande reputação como uma grande cu-de-encrenca. Roubando os clientes e tentando abandonar o prostíbulo em várias ocasiões. Lutou contra a sífilis e seus proxenetas até que conseguiu fugir e mudou a sua identidade para evitar pagar as dívidas contraídas com eles. Apesar de sua dilatada experiência sexual, ainda não conhecia a parte espiritual da entrega amorosa.
Distrito Vermelho de Tobita. Bordéis de Osaka por onde Sada perambulou durante sua adolescência."
Sem profissão, terminou como camareira no hotel Yoshidaya, uma pequena pensão da "Capital do Leste" gerenciado por Kichizo Ishida, que viria a se converter em seu melhor e verdadeiro amante. Paradoxalmente foi Kichizo que descobriu em suas primeiras aventuras a vertente mais hedonista da sexualidade de Sada . Ainda que logo ultrapassariam todos os limites das relações sexuais convencionais para cair no mais alto sibaritismo pornô-erótico e sadomasoquista.
"... é muito difícil dizer exatamente o que era melhor em Kichi. Mas também é impossível não dizer nada a respeito de seu aspecto, sua atitude, sua habilidade como amante, ou a forma com que expressava seus sentimentos. Nunca tinha conhecido um homem tão absolutamente sexy e sensacional". Disse Sada Abe após sua detenção
Pouco a pouco a exacerbação da libido de Sada foi degenerando em uma veneração fálica doentia. Os escassos passeios que faziam fora da "Tea House" ou Machiai, ela permanecia com sua mão sob o quimono segurando os genitais de seu amante. Kichi, sexualmente onívoro, alimentava sua paixão com as veleidades de sua meretriz e a possessão não o pressionava, em absoluto.
Kichi tornou-se um homem objeto, sempre subjugado, sempre por baixo, exausto e obcecado em como dar um "grande orgasmo" que nunca chegava a Sada. Aí começou o impulso destrutivo quando ambos começaram a introduzir a dor como fonte de prazer. Kichi entregava-se uma e outra vez, comprazido, ao perigoso jogo da asfixiofilia proposto por sua amante.
Na última noite, em 18 de Maio de 1936, Sada utilizou seu obi para cortar a respiração de Kichi durante seu êxtase enquanto ele suplicava:
- "... quando eu tiver dormindo coloque o obi ao redor de meu pescoço outra vez e aperta de novo, não pare... Se começar a me estrangular, não pare, porque é muito doloroso depois acordar...", confissões de Sada Abe.
Ao redor das duas da madrugada, enquanto dormia, Sada estrangulou Kichi com sua conivência até causar-lhe a morte, atingindo o delírio tântrico que buscava. Uma sensação que, segundo ela, a prazeria pelo resto de seus dias. Imediatamente depois cortou os genitais de seu amante embrulhou numa revista e levava-o a todos os lugares em sua bolsa de mão como um relicário.
Sada sorri no momento de sua detenção e palco do crime"
Algumas fontes assinalam que não foi em sua bolsa, senão no interior de seu próprio corpo onde guardou seu troféu sexual. Antes de abandonar o palco Sada talhou seu nome com uma faca de cozinha sobre o braço inerte de seu namorado e escreveu com seu sangue: "Sada, Kichi Futari-kiri" (Sada, Kichi juntos).
- "... Após matar Kichi senti-me totalmente a vontade, como se tivesse tirado uma carga pesada de meus ombros, e experimentei uma sensação de clareza absoluta. Apanhei seus genitais porque não podia levar sua cabeça ou o corpo comigo. Escolhi a parte dele que me trazia as melhores lembranças...", outras declarações de Sada à polícia.
Quando a polícia descobriu o cadáver e até a captura de Sada, iniciou o chamado "Abe Sada Panic"; ou medo dos homens de acabar sob os braços da amante assassina. Um falso avistamento na cidade de Ginza provocou inclusive um gigantesco engarrafamento e correria nas ruas que só cessou ao declararem que o alarme era falso.
Sada sorri no momento de sua detenção e palco do crime"
Poucos dias mais tarde Sada Abe foi detida na cidade de Osaka enquanto tentava comer sua relíquia para prolongar seu êxtase agora necrofílico.
Após somente seis anos de condenação por assassinato em segundo grau e mutilação cadavérica, Sada mudou-se para Saitama. Converteu-se em uma celebridade e paradoxalmente uma autoridade em matéria sexual. Idolatrada pela cultura tradicional japonesa, escreveu uma biografia de muito sucesso (Memórias de Abe Sada: A metade de uma vida de amor) e participou em vários Best-Seller.
Último aparecimento público de Sada Abe para a televisão. 1969
Desapareceu voluntariamente do mapa em 1969. O pênis e os testículos de Kichi permaneceram em exibição pública no departamento de patologia da Universidade de Tóquio até pouco tempo depois da II Guerra Mundial.
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Comentários
Hedonismo. :twisted:
8O
Linda a história... dá tesão... o filme é f*da também...
Sou fã desses dois... hehehe...
O mais interessante é a mulher se chamar "Sada"...
isso e um amor fora do normal
isso que e amor fora do normal.
É doida,heim?!! 8O
Nossa,tirar o genital do cara e fazer o que ela fez...
Eu heim?!!!Vai ser ninfomaniaca la longe mesmo!! :? :D
oO
cada coisa q editam
:D
Fico até sem palavras para comentar esse.
Aff, cada coisa que vejoooo!
Eu eim , que gente estranha.
Acho que o japa curtia o pinto no mel... :lol: :twisted:
A MEU DEUS... 8O 8O 8O
Isto é que chamo de uma chapuletada doida!
A aranha come seus machos após transar com eles também.
A aranha faz sexo tântrico, é?
ora bolas.. já falei demais.. :lol:
é que quando eu finalmente matar a fome, acho que vou querer comer a todas as horas do dia! :mrgreen:
na na .. garanto que está tudo em ordem!
:fool: DOida e doido
Incrivel a história... Achei o caso interessantíssimo, e não o conhecia...
A parte mais interessante é que tudo isso tenha acontecido tendo como plano de fundo uma cultura exótica como a japonesa, em que quase todos os casos é a mulher que é subjugada...
Desta vez foi diferente, e veja só no que deu... rsrs
"Um falso avistamento na cidade de Ginza provocou inclusive um gigantesco engarrafamento e correria nas ruas que só cessou ao declararem que o alarme era falso".....rárárá com certeza eram vários homens querendo se encontrar com a moça....rsrs...
Portuguesa, é incrivel.. o teu 6º sentido não falha.. já descobriste o meu bluff..
mereço ser processado por Publicidade Enganosa.. :lol:
a verdade é que o bem-bom já não é feito há muito tempo, eu espero é não enferrujar nem perder a prática.. ehehe :mrgreen::lol:
isso me faz lembrar da historia do rasputin hahaha
Ah! Nelson Costa,
Se encontrares uma mulher com múltiplos orgarmos e conseguir satisfaze-la por completo, aí acredito em "sua força".
Ah! Que ela diga como foi a "aventura"...
Quanto ao post:
Muito estranho. É a degração completa do ser e estar. Que prazer em subjugar e mutilar até a morte? O prazer deveria vir acompanhado de cumplicidade e respeito. Ela e ele eram "doentes".
irra.. estavam no bem-bom todo o dia!
não é que eu não fosse capaz.. mas nunca experimentei.. :D :lol:
duvido é que exista alguém com pedalada para me acompanhar :mrgreen:
Cool??! :roll: