Para alguns, Thomas Edison é o pai da invenção moderna. Para muitos outros, é o escroque que realmente ferrou Nikola Tesla. Mas para seu segundo filho, Thomas Edison Júnior, ele era simplesmente o pai que preferia dormir em seu laboratório a ficar em casa com sua família. Provavelmente não surpreendendo ninguém, Edison -que eles chamavam de "Mago" naquela época- não era o Pai do Ano, e sua indiferença com seus seis filhos era notória, bem como seu impulso incontrolável de engrandecer histórias e realizações, que levaria Júnior a seguir seus passos da forma mais desastrosa. |
Foto colorizada por IA de Edson Junior aos 21 anos.
Edson se casou com uma jovem de 16 anos, Mary Stilwell, uma de suas empregadas, que trabalhava como perfuradora de fitas telegráficas. Segundo conta a história, ele a pediu em casamento batendo uma moeda em código Morse. Terminada a cerimônia, o noivo esqueceu as núpcias, enfiou-se na oficina e de lá só voltaria de madrugada. Mary morreu doze anos depois, de febre tifóide. Edison se casou mais uma vez, com Mina Miller. Nos dois casamentos, teve seis filhos, três de cada um.
Quando Mary morreu, Júnior ainda era muito jovem, e seu pai logo o enviou para um internato, onde ele trocava mais correspondência com a madrasta do que com o pai. De fato, Júnior tinha um complexo de Édipo por Mina que tinha quase a mesma idade dele. Quando tinha 17 anos, largou a escola e foi trabalhar para a empresa de mineração de seu pai, provavelmente para ficar mais perto dele, mas ele quase nunca o via.
Júnior e o irmão William.
O ressentimento começou a crescer dentro do adolescente, não só porque era filho de um homem que não dava a mínima para os filhos, mas também porque era filho do maldito Edison , uma posição na vida que trazia naturalmente todos os tipos de expectativas do mundo exterior. O jovem Junior seguiria os passos de seu pai e se tornaria outro grande inventor? A resposta é sim e não, e provavelmente você está vendo para onde tudo isso está indo.
Em 1899, Junior casou-se com uma jovem atriz chamada Mary Touhey, corista nos palcos de Nova York com uma reputação de exuberante, controladora e mesquinha. O namoro foi breve, mas o casamento foi ainda mais curto. Eles voltaram separados da lua de mel e imediatamente anunciaram sua separação. Ironicamente, Mary criticou Júnior por ser um bêbado. Apesar do curto casamento, ela aproveitou ao máximo o nome dele, até sua inexplicável morte no início de 1906, aos 27 anos.
Para mascarar sua sensibilidade e inseguranças profundas, Júnior seguiu a deixa de seu pai e se voltou para a bravata e o auto-engrandecimento, e também para o álcool. Em Nova York, ele chamou a atenção de jornalistas e repórteres e os fez acreditar que seria o próximo melhor inventor americano, chegando a afirmar que tinha fabricado uma lâmpada melhor do que a do progenitor.
O homem que simplesmente não tinha o cérebro de seu pai (na ciência) logo se envolveu com empreendimentos obscuros vendendo todos os tipos de produtos de "óleo de cobra" porque ter um cara com o nome Edison sendo o chefe da uma empresa parecia uma boa ideia na época. A Thomas A. Edison, Jr. Chemical Co. vendia tablets "Wizard Ink" ("tinta mágica") que não apenas capitalizavam o apelido de "wizard" do pai, mas também não eram nada mais do que uma ferramenta de escrita medíocre com métodos de teste questionáveis por trás dela.
Júnior foi convidado a participar de um monte de empresas fajutas, todas com o nome de seu pai. A notoriedade alimentou seu falso sentimento de importância e ele inventou todos os tipos de ideias malucas, nenhuma das quais deu frutos. Como seu pai disse dele mais tarde
- "Sua cabeça está tão inchada que não posso fazer nada, ele está sendo usado por algumas pessoas astutas para seus próprios fins. Eu nunca consegui que ele fosse para a escola ou trabalhasse no Laboratório, ele é, portanto, absolutamente analfabeto cientificamente ou não."
Mas invenções medíocres não eram nenhuma novidade, nem mesmo naquela época, e poucas pessoas pestanejaram sobre a tinta. Não muito tempo depois, em 1904 ele lançou o "Vitalizador Magno-Elétrico" e foi quando as coisas realmente começaram a piorar para o jovem Edison. A palavra "eletromagnetismo" naquela época tinha o mesmo peso de "quântico" na atualidade para criar qualquer classe de produtos milagrosos, e sua empresa afirmava ter inventado uma máquina que poderia curar tudo, desde paralisia, doença renal, surdez e cólicas menstruais.
Caramba, eles até afirmavam que o dispositivo podia literalmente tornar uma pessoa mais inteligente. Provavelmente porque as pessoas que acreditam em invenções milagrosas realmente precisam de mais inteligência.
Claro, o dispositivo mágico e todas as suas reivindicações associadas foram completamente destruídas e, um ano depois, o Serviço Postal dos EUA acusou a empresa de Júnior de fraude postal. Nesse ínterim a situação estava fora de controle. Júnior estava passando cheques sem fundo e bebendo muito. O nome Edison estava sendo usado para todos os tipos de empreendimentos obscuros. Edison finalmente foi à justiça e obteve uma liminar que proibia seu filho de usar seu nome em empresas comerciais, e o rejeitou legalmente por um curto período de tempo.
Àquela altura, o Thomas pai estava tão farto do filho que implorou que ele sossegasse o facho para receber uma gorda mesada semanal e ordenou que ele parasse de usar o nome Edison e fosse "plantar cogumelos" em uma fazenda em Nova Jersey.
Por vários anos, Junior viveu sob um pseudônimo, chamando a si mesmo de Burton Willard ou Thomas Willard na tal fazenda de cogumelos, onde morava com sua segunda esposa Beatrice enquanto se afundava cada vez mais no alcoolismo, depressão e problemas de saúde.
Tom Junior não desistiu de seus sonhos de grandeza durante esse tempo, no entanto. Ele ainda aspirava ser um grande inventor como seu pai e conseguiu montar um minúsculo laboratório. Sua nova ambição era criar um carburador automotivo aprimorado e, com a generosidade e indulgência do amigo da família Henry Ford, ele trabalhava nessa invenção sempre que não se sentia consumido pela bebida ou pela depressão.
Infelizmente, isso não acontecia com muita frequência, como pode ser inferido das muitas cartas que a sempre apoiadora esposa de Júnior escreveu para Ford.
- "Tom sofreu de maneira patética com a cabeça quase a semana inteira e passou quase todo esse tempo no sofá. Pobre homem, ele soluça a cada hora, está tão desanimado", diz uma dessas cartas. Tom levou sete anos para finalmente completar sua invenção, o "Ecômetro", que foi um fracasso terrível no mercado.
Em meados da década de 1920, ele tentou salvar sua vida perdida e, graças a seu meio-irmão Charles, conseguiu um emprego servil no laboratório do pai. Após a morte de Edson em 1931, Charles promoveu Tom a uma posição de alguma autoridade, ao mesmo tempo que o nomeou para o conselho de administração das várias empresas Edison. Júnior finalmente alcançou parte da importância que ansiava, mas não duraria muito.
Júnior voltava para sua casa, em East Orange, depois de passar alguns dias na fazenda do irmão Charles, em Lake Sunapee, quando parou em um hotel de Springfield junto com dois companheiros, se registrou com um nome falso, ostensivamente para evitar alerta público. Supostamente, ele já estava se sentindo mal ao chegar e um médico foi chamado.
Embora alguns biógrafos afirmem que ele cometeu suicídio, outros culpam as doenças cardíacas. As circunstâncias de sua morte são curiosas, mas não há evidências de que tenha sido autoinfligido. Sua certidão de óbito listava as causas como "trombose coronária, edema pulmonar (terminal) e morte súbita". Foi um fim trágico para uma vida trágica.
Nunca se saberá se houve realmente algo sinistro encoberto pelas autoridades cooperativas, e a controvérsia continua a fermentar nas biografias de Edison. Como grande parte da vida de Junior, sua morte permanece envolta em mistério.
Junior escreveu uma vez se - "... meu nome fosse Smith eu seria um homem rico hoje." Embora essa ostentação seja outro sinal de sua bravata infundada, devemos nos perguntar como sua vida poderia ter sido diferente se ele não tivesse sido sobrecarregado com um dos nomes mais famosos do mundo.
Thomas Alva Edison Júnior morreu usando o nome falso de J.J. Byrne, em 25 de agosto de 1935. Ele tinha 59 anos.
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