Por alguns meses em 2010, Marina Abramović passou seus dias sem palavras e sem se mexer sentada em uma mesa no átrio do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Qualquer visitante podia sentar-se na cadeira à sua frente, pelo tempo que quisesse tentando roubar-lhe uma demonstração de sentimento. Em resposta, Marina não dizia e nem fazia nada, mesmo durante as visitas de Lou Reed, Bjork ou seu antigo amor e colaborador, o falecido Ulay. Toda a experiência constituiu uma peça de arte performática, intitulada "O Artista está Presente" que mereceu até um site em seu tempo. |
Como acontece com muitos trabalhos dessa forma, perguntar por que Marina fez isso é perder o tempo. Nada parecido havia sido feito antes e, portanto, prometia entrar em território artístico, social e emocional inexplorado. De fato, o que para muitas pessoas e críticos parecia uma bobagem, gerou uma grande alvoroço na frente do MoMA com uma fila quilométrica de pessoas aguardando a noite inteira só para sentar-se na frente da artista performática.
Uma dúzia de anos depois, a artista estará presente novamente, mas desta vez com um motivo muito específico em mente: arrecadar dinheiro para a nação invadida da Ucrânia. Ela fez uma parceria com a Galeria Sean Kelly de Nova Iorque para oferecer um encontro de arte performática, ou pelo menos um encontro e um olhar silencioso.
No mês passado, quando Putin decidiu pela invasão, Marina divulgou a declaração em vídeo acima. Nele ela explica ter feito algum trabalho na Ucrânia no ano passado, o que lhe deu a oportunidade de conhecer algumas pessoas.
- "Eles são orgulhosos, são fortes e dignos", diz ela. - "Um ataque ao seu país é um ataque a todos nós, um ataque à humanidade."
Até 25 de março, os interessados podem concorrer a uma das duas oportunidades para uma reencenação limitada da performance de Marina. Esses encontros e olhares silenciosos serão capturados pelo fotógrafo Marco Anelli, que documentou quase todos os 1.500 participantes da performance original.
Os rendimentos irão para a ONG Direct Relief, que está trabalhando com o Ministério da Saúde da Ucrânia para fornecer assistência médica urgente, bem como ajuda de longo prazo às muitas vidas devastadas pela invasão russa.
Com efeito, na performance original, os organizadores do museu tinham uma surpresa maiúscula para ela, o antigo amor Frank Uwe Laysiepen, mais conhecido na cena artística como Ulay. Juntos, eles realizaram arte performática durante 12 anos, entre 1976 e 1988, viajando em um trailer. Ele apareceu de surpresa durante a apresentação, 23 anos após a separação.
Ulay morreu em 2 de março de 2020 em Ljubljana, na Eslovênia, após a recorrência do câncer linfático. Ele tinha 76 anos.
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