Ilha Gruinard, 50 anos de contaminação nas águas da Escócia

Antes mesmo dos russos terem colocado o primeiro tijolo para as instalações de pesquisas e testes de armas biológicas na Ilha Vozrozhdeniya (Ilha do Renascimento), os britânicos estavam ocupados desenvolvendo o antraz (carbúnculo) como uma arma da Segunda Guerra Mundial. O local escolhido foi uma pequena ilha escocesa de formato oval de aproximadamente 2 quilômetros de comprimento por 1 de largura, localizada na baía de Gruinard, a meio caminho entre Gairloch e Ullapool. Em seu ponto mais próximo do continente, fica a cerca de 1 km da costa.

Iniciada em 1942, uma cepa altamente virulenta de antraz conhecida como Vollum 14578 foi testada enchendo bombas com a bactéria mortal. Uma vez detonadas, as bombas explodiam e uma nuvem de poeira mortal marrom caia sobre um rebanho de ovelhas inocentes.

Embora o exército tenha descoberto que eles podiam de fato contaminar as cidades alemãs tão completamente que as tornariam inabitáveis por décadas, no processo eles tornaram a própria Gruinard inabitável por quase cinco décadas.

Em 1945, quando o proprietário da ilha buscou sua devolução, o Ministério do Abastecimento britânico reconheceu que a ilha estava contaminada e, portanto, não podia ser retirada até que fosse considerada segura.

Em 1946, o governo concordou em adquirir a ilha e assumir a responsabilidade por ela. O proprietário ou seus herdeiros poderiam recomprar a ilha por £ 500 quando fosse declarada adequada para habitação de homens e animais.

Por muitos anos, foi considerado muito perigoso e caro descontaminar a ilha o suficiente para permitir o acesso do público, e a Ilha Gruinard foi colocada em quarentena indefinidamente. As visitas à ilha foram proibidas, exceto para verificações periódicas do pessoal para determinar o nível de contaminação.

No início dos anos 1980, a ilha tornou-se uma ameaça pública quando um grupo que se autodenominava "Operação Colheita Sombria" começou a enviar solo da ilha para instalações governamentais em todo o Reino Unido, exigindo que a ilha fosse limpa. O solo estava suficientemente contaminado com antraz e visto como uma ameaça genuína.

Em 1986, o governo começou a limpar a Ilha Gruinard borrifando todo o local com uma solução de formaldeído e água do mar. Em 1990 a ilha foi declarada "segura" e, em 1997, a história do projeto foi desclassificada pela primeira vez.

Desde 2007, não houve nenhum caso de carbúnculo no rebanho experimental de ovelhas deixado na ilha após a descontaminação. No entanto, nem todos estão convencidos de que a ilha é segura. Nas palavras de um cético: - "... é uma bactéria muito resistente e mortal."

A Ilha do Renascimento também não teve melhor sorte, de fato, ela deixou de existir com o recuou do Mar de Aral. Diante da iminente dissolução da URSS, as autoridades militares decidiram encerrar o trabalho experimental na ilha, deixando para trás recipientes contendo agentes biológicos que com a passagem dos anos desenvolveram vazamentos.

Em 2002, por meio de um projeto organizado e financiado pelos Estados Unidos com a ajuda do Uzbequistão, limparam a bagunça em dez cemitérios de antraz que foram descontaminados.