É uma notável ironia, o dedo: venerado, guardado em um santuário, submetido ao mesmo tratamento que uma relíquia santa. Mas este dedo não pertencia a nenhum santo. É o longo dedo ossudo de um inimigo da igreja, um herege. Como acontece com um bom vinho, levou alguns anos para que o dedo de Galileu envelhecesse e se tornasse algo digno de ser arrancado de sua mão esquelética. O dedo foi removido pelo letrado e antiquário Anton Francesco Gori, em 12 de março de 1737, 95 anos após a morte de Galileu, quando seus restos mortais foram transferidos. |
Até então o corpo de Galileu repousava em um pequeno armário próximo à capela dos Santos Cosme e Damião, quando foi transferido para o corpo principal do igreja de Santa Croce onde um mausoléu foi construído por Vincenzo Viviani.
Posteriormente o dedo foi adquirido por Angelo M. Bandini, bibliotecário da Biblioteca Laurenziana e esteve exposto por um longo período nesta biblioteca.
Então, em 1841, foi levado para a Tribuna di Galileo, que acabara de ser inaugurada no Museo di Fisica e Storia Naturale na via Romana.
Depois de algumas centenas de anos, o dedo finalmente parou no Museu de História da Ciência de Florença, que desde então se tornou o Museu Galileu.
O museu diz que o dedo "exemplifica a celebração de Galileu como herói e mártir da ciência". A sala também apresenta informações sobre as ferramentas de Galileu e a ciência em que ele foi pioneiro, além da iconografia e relíquias galileanas que sobreviveram aos séculos desde sua morte.
Em 2009, mais dois dedos e um dente pertencentes a Galileu foram descobertos em um leilão. As peças sobressalentes desapareceram em 1905, e assim permaneceram por 100 anos.
Mas então o comprador foi capaz de deduzir sua origem e os devolveu ao Museu da Ciência, onde eles correspondem a uma descrição detalhada de quando foram vistos pela última vez. O dedo médio de Galileu juntou-se ao dedo indicador, polegar e dente dentro de uma redoma de vidro.
Hoje, o dedo médio está em um pequeno ovo de vidro entre magnetitas e telescópios, o único fragmento humano em um museu inteiramente dedicado a instrumentos científicos.
É difícil saber como Galileu teria se sentido em relação ao local de descanso final de seu dedo. Se o dedo aponta para o céu, onde Galileu vislumbrou a glória do universo e viu Deus na matemática, ou se permanece eternamente desafiador à igreja que o condenou, cabe ao espectador decidir.
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