História do mundo segundo a Getty Images desafia as estruturas de poder inerentes à captura e controle de imagens

Quando os direitos autorais de um material expiram, ele entra em domínio público, o que significa que não está mais sujeito a marcas registradas, patentes ou direitos de propriedade intelectual. Nenhum indivíduo, empresa, autor ou artista o possui, e ele pertence ao público. Se for esse o caso, por que algumas imagens de domínio público são tão caras? Esta é a questão central do curta-metragem de Richard Misek, "Uma história do mundo de acordo com a Getty Images", no qual ele explora como imagens historicamente significativas de cinejornais, agências e pioneiros do cinema são "mantidas em cativeiro" atrás de paywalls.

Além da história contida nas imagens, Richard examina a própria filmagem e o que acontece depois que ela é capturada. Ele se concentra na Getty Images, o maior arquivo comercial do mundo, desafiando seu controle sobre as imagens públicas, que só são disponibilizadas por meio de altas taxas de licenciamento.

No caso do icônico curta-metragem dos irmãos Miles, “A Trip Down Market Street", que captura o centro de San Francisco poucos dias antes do devastador terremoto de 1906, o filme foi digitalizado em 2016 pelo arquivo Prelinger e disponibilizado gratuitamente, enquanto a Getty cobra centenas ou milhares de dólares pelos direitos de uso da filmagem, dependendo do uso pretendido.

Richard analisa a dinâmica de poder desigual inerente à captura da vida e dos principais eventos, além das barreiras para acessar essa filmagem hoje.

- "As câmeras de cinejornais documentam o poder, mas o que mais me impressiona em minha exploração do arquivo Getty é o quanto o próprio ato de filmar é uma expressão de poder", narra Richard. Ele ressalta que imagens filmadas pelo governo, como as primeiras explosões atômicas no Atol de Bikini em 1946, entram no domínio público imediatamente, mas que a NASA é a única agência federal que divulga diretamente ao público. Ele pagou para usar seis dos oito clipes completos do filme, que ele obteve de várias coleções para encontrar o melhor preço.

- "Sempre que procuro um arquivo de notícias, sempre espero encontrar algumas imagens que não sejam sobre poder. E de vez em quando eu faço", diz ele. - "Mas, em geral, o passado não oferece surpresas. Como é a fonte de todas as desigualdades e injustiças que ainda existem. Foi por isso que fiz este filme. Seu objetivo não é apenas compartilhar histórias de imagens, é libertá-las do cativeiro."

Ao pagar para usar os clipes completos, Richard astuciosamente adiciona imagens anteriormente inacessíveis ao domínio público sem reivindicar direitos autorais, tornando o filme disponível para transmissão on-line e download completo gratuitamente.