Shavarsh Karapetyan, o homem que tem aptidão para ser herói

Shavarsh Vladimirovich Karapetyan nasceu em 19 de maio de 1953, na terceira maior cidade da Armênia, Kirovakan -agora chamada de Vanadzor-, então parte da União Soviética. Sua família mudou-se para Yerevan em 1964, onde Shavarsh terminou os oito anos de escola e depois frequentou uma escola técnica de mecânica de automóveis. A conselho de amigos da família, ele começou a aprender a nadar desde muito jovem. Mais tarde, ele experimentou a natação com barbatanas, gostou e decidiu que este era o seu esporte se tornando um multipremiado nadador.

Durante sua carreira, Shavarsh tornou-se um Mestre do Mérito de Esportes da URSS e um recordista mundial onze vezes com nadadeiras. Ele conquistou 7 campeonatos soviéticos, 13 campeonatos europeus e 17 campeonatos mundiais para um total de 37 medalhas de ouro quando se aposentou aos 24 anos.

Em 1974, Shavarsh estava andando de ônibus quando o motorista parou para verificar um problema mecânico e esqueceu o motor ligado. O ônibus de repente começou a descer em direção a um desfiladeiro na montanha e Shavarsh não teve melhor ideia do que quebrar a divisória que separava os passageiros do compartimento do motorista, ele assumiu o controle do volante e desviou o ônibus do penhasco.

Em 1976, depois de completar uma prova de natação de 26 km, ele ouviu um estrondo e descobriu que um trólebus havia perdido o controle e caiu em um reservatório. O trólebus afundou a uma profundidade de 10 metros, a aproximadamente 25 metros da costa.

Apesar das condições desafiadoras de águas infestadas de esgoto e pouca visibilidade devido ao lodo, ele corajosamente mergulhou e usou as pernas para chutar a janela traseira do trólebus. Com incrível determinação, Shavarsh conseguiu resgatar 46 dos 92 passageiros a bordo, salvando a vida de 20 pessoas.

No entanto, a água fria e os cacos de vidro causaram várias lacerações, levando Shavarsh a ficar hospitalizado por 45 dias. Ele enfrentou complicações adicionais, como pneumonia e sepse. Embora tenha se recuperado, os danos aos pulmões o impediram de continuar sua carreira de sucesso como nadador.

Ele, no entanto, insistiu em um última campeonato de natação, apesar de seus pulmões danificados, e conseguiu estabelecer um novo recorde mundial, apesar da névoa de dor.

- "Eu sabia que só poderia salvar tantas vidas, eu estava com medo de cometer um erro", disse ele em entrevista. - "Estava tão escuro lá embaixo que eu mal conseguia ver qualquer coisa. Em um dos meus mergulhos, eu acidentalmente agarrei um assento em vez de um passageiro. Eu poderia ter salvado uma vida. Esse assento ainda me assombra em meus pesadelos."

A façanha de Shavarsh não foi imediatamente reconhecida. Todas as fotos relacionadas foram guardadas na promotoria e só foram publicadas dois anos depois, quando ele foi agraciado com a Medalha "Pela Salvação do Afogado" e a Ordem do Distintivo de Honra.

Ele se tornou um nome muito familiar na URSS em 12 de outubro de 1982, quando o Komsomolskaya Pravda publicou o artigo sobre sua bravura, intitulado "A Batalha Subaquática do Campeão". Esta publicação revelou que ele era o salvador; e recebeu cerca de 60.000 cartas de agradecimento.

Para qualquer pessoa normal esse já seria um boa cota de boas ações para uma vida, mas Shavarsh não é uma pessoa normal. Em 19 de fevereiro de 1985, ele estava passando perto de um prédio em chamas onde várias pessoas estavam presas. Sem hesitar ele corajosamente entrou no prédio e começou a resgatar as pessoas lá dentro. Infelizmente, ele sofreu queimaduras graves durante a operação de resgate e precisou ser hospitalizado novamente.

Shavarsh foi posteriormente premiado com o prêmio "Fair Play" da UNESCO por seu heroísmo. O asteroide do cinturão principal 3027 Shavarsh, descoberto em 1978 por Nikolai Chernykh no Observatório Astrofísico da Crimeia, recebeu seu nome em setembro de 1986.

Durante seus últimos anos, Shavarsh mudou-se para Moscou, onde fundou uma empresa de calçados chamada "Второе дыхание" ("Segunda Respiração"). Notavelmente, ele está vivo até hoje e gerencia ativamente seus negócios, visitando regularmente a Armênia.