A história da mulher dando bolsada em um neo-nazista

Mulher com bolsa de mão, ou Mulher atingindo neonazi com a bolsa é uma famosa fotografia tirada em Växjö, Suécia, em 13 de abril de 1985, pelo fotojornalista sueco Hans Runesson. Ela retrata Danuta Danielsson atingindo um neonazista em marcha com uma bolsa. Quando a foto se tornou pública, Danuta optou por permanecer anônima. Por conta disso, surgiu um mito em torno da "mulher da bolsa". Embora circulassem rumores de que ela era uma idosa sobrevivente de um campo de concentração judeu, ela tinha apenas 38 anos quando a foto foi tirada.

De acordo com o estudioso Samuel Merrill, a fotografia tornou-se popular por três razões: captura o que Henri Cartier-Bresson chamou de "momento decisivo" de uma ação ou composição, antecipa e insinua em vez de demonstrar explicitamente a violência e retrata o que parece ser uma mulher mais velha vulnerável confrontando um jovem skinhead neo-nazista arquetípico.

A fotografia foi tirada durante uma pequena manifestação de apoiadores do Partido do Reino Nórdico. Conforme aprovado pelas autoridades, a manifestação havia sido planejada para ser realizada logo após o término de um discurso público feito pelo líder do Partido Comunista Lars Werner no centro de Växjö, e as escaramuças entre partidários de esquerda e neonazistas começaram antes mesmo do início da manifestação de extrema direita.

A fotografia de Hans foi publicada no dia seguinte na primeira página do jornal nacional sueco Dagens Nyheter, e em 15 de abril por dois jornais britânicos. Outra fotografia tirada por Runesson durante o evento mostra os 10 neo-nazistas sendo perseguidos, alvejados com ovos e violentamente confrontados por uma multidão composta por centenas de participantes do comício acompanhados por residentes locais de Växjö.

Um dos neonazistas foi chutado inconsciente no chão, depois salvo por um dos manifestantes que supostamente teve pena dele. Os ativistas de extrema-direita finalmente conseguiram se abrigar nos banheiros da estação de trem da cidade, escondendo-se lá por algumas horas até que a polícia os transportasse.

A imagem foi selecionada como a Imagem Sueca do Ano de 1985 e mais tarde como a Imagem do Século pela revista pela Sociedade Histórica Fotográfica da Suécia.

A identidade de Danuta veio à tona em 2014, quando começou um debate em Växjö sobre a possibilidade de comemorar a foto com uma estátua. Tanto o município quanto o filho dela se opuseram. O governo local não quis glorificar a violência, enquanto o filho disse que sua mãe se arrependeu da foto e não queria que ela fosse lembrada assim.

Esses argumentos caíram em ouvidos moucos, quando, por toda a Suécia, as pessoas começaram a colocar bolsas nas estátuas para exigir discretamente que Danuta fosse esculpida. Isso foi o suficiente para convencer a artista Susanna Arwin a fazer a estátua e para o empresário hoteleiro sueco Lasse Diding comprá-la.

O plano de Lasse era instalar A Mulher com a Bolsa na Fortaleza de Varberg, que abriga um museu. Mas as autoridades do município votaram para não exibir a estátua. Lasse decidiu então colocar a estátua no jardim da frente de seu condomínio fechado, onde ainda hoje se encontra.

Uma segunda estátua de Danuta na mesma pose foi inaugurada em um gramado público na cidade de Alingsås em 16 de junho de 2018 e também foi feita pela escultora Susanna Arwin e doada a prefeitura por uma marca de marca de roupa com raízes na cidade.

- "Esta tia tornou-se um símbolo de algo maior. Coragem civil e bravura", disse Susanna Arwin.

A aparência de ambas as estátuas foram alteradas para se parecer menos com Danuta, mas ela foi criticada tanto por Hans Runesson quanto pelo filho de Danuta. O município de Alingsås está considerando retirá-la da praça, O motivo não é outro que a estátua vem sendo constantemente vandalizada.