Em quase todos os rios do mundo, cerca de 12.000 espécies diferentes de larvas de moscas-dágua, também conhecidas como friganas, se contorcem e rastejam através de sedimentos, galhos e rochas na tentativa de construir casulos aquáticos temporários. Para fazer isso, as pequenas e lentas criaturas excretam seda das glândulas salivares perto de suas bocas, que usam como argamassa para juntar quase todos os materiais disponíveis em um tubo aconchegante. Algumas semanas depois, uma mosca totalmente desenvolvida emerge e quase imediatamente voa para longe. |
Depois de aprender sobre as friganas, o artista autodidata francês Hubert Duprat teve uma ideia que logo colocou em prática.
Alguma vez uma larva de frigana encontrou naturalmente uma partícula de ouro em um rio e a usou para construir uma casa? E então um passo adiante: e se um mosca-dágua tivesse apenas ouro e outras pedras preciosas ou joias para trabalhar?
Grande parte da diversidade biológica dos Trichoptera é revelada ao nível de família. Cerca de 45 famílias existentes são reconhecidas no mundo. Só não há registros de Trichoptera na Antártida.
No Brasil, o número de espécies é de 656, distribuídas em 70 gêneros e 16 famílias. O estado de Minas Gerais é o que apresenta maior diversidade, com 177 espécies.
A relação deste grupo de insetos com os humanos se dá em diferentes níveis, incluindo na atividade pesqueira, na arte e na sua importante utilização como bioindicador de ambientes aquáticos.
Há anos o artista colabora com os minúsculos insetos, fornecendo-lhes pequenos aquários de ouro, turquesa e pérolas que as larvas usam prontamente para construir seus lares temporários.
Independentemente de quão assustadores você possa achar os insetos, é impossível negar a estranha beleza do produto final, minúsculas esculturas de ouro unidas por seda. Encontrando-os desprovidos de qualquer contexto, alguém poderia supor que eles foram construídos por um joalheiro.
Uma das características mais marcantes dos tricópteros é a confecção dos abrigos feitos por larvas de algumas espécies. A produção dessas estruturas envolve a secreção de seda e a incorporação de vários materiais encontrados no ambiente. A produção artística e exploração comercial envolve justamente tal característica.
Hubert começou a trabalhar com larvas da mosca-dágua no início dos anos 1980. Ávido naturalista desde a infância, ele sabia que a mosca era a isca favorita dos pescadores de trutas, mas sua ideia para o projeto aqui retratado começou depois de observar garimpeiros garimpando ouro no rio Ariège, no sudoeste França.
O artista Hubert disponibiliza para as larvas materiais diversos, como folhas de ouro e pedras preciosas e os animais trabalham na confecção de abrigos que serão posteriormente vendidos como jóias.
Depois de coletar as larvas de seus ambientes naturais, ele as transfere para seu estúdio, onde remove suavemente suas próprias caixas naturais e as coloca em aquários que enche com materiais alternativos a partir dos quais podem começar a recriar suas bainhas protetoras.
Os insetos nem sempre incorporam todos os materiais disponíveis em seus projetos de caixas, e certas larvas parecem ter mais facilidade com alguns materiais do que com outros.
Além disso, as caixas construídas por um inseto e descartadas quando ele evolui para o estado de mosca às vezes são recuperadas por outras larvas, que podem reaproveitá-las adicionando ou alterando seu tamanho e forma.
Fotos: Frédéric Delpech - Museu Paris e MONA de Arte Antiga e Nova.
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