Um passeio de patinete aquático anfíbio no rio Tâmisa em 1966

A Pathé News foi a maior produtora de cinejornais e documentários em seu tempo de 1910 a 1970 no Reino Unido. Hoje, graças o arquivo British Pathé, a internet tem a sua disposição a maior coleção totalmente digitalizada de documentários e cinejornais, especificamente com 220.000 filmes de 1896 a 1984. É possível passar horas ali fazendo uma viagem ao nosso passado recente. A boa e diligente digitalização dos vídeos demorou quase 7 anos, mas infelizmente a organização não teve o mesmo cuidado na coleta das notícias que parece ter sido feita por estagiários.

Em muitos casos, a descrição do vídeo simplesmente narra o que vemos nas imagens sem promover qualquer contexto do que realmente está acontecendo ali. Felizmente este não é o caso do vídeo que dá contexto a esta história que ocorreu em 1966.

As imagens mostram um homem com um chapéu-coco andando em uma lambreta com o que parecem ser pranchas de surfe, feitas de fibra, presas na lateral. Ele pega uma passageira e se dirigem direto para o rio Tâmisa. Os aparadores se estendem e a scooter se transforma em um veículo aquático anfíbio.

O veículo, batizado J125 Amphi-Scooter, foi desenvolvido por um distribuidor da lambreta em Surrey, Reino Unido. Mas, ao que parece, os britânicos não tinham em mente andar de moto no Tâmisa, já bem poluído naqueles anos, e o projeto foi abandonado. Só para que se tenha uma ideia, um estudo do Museu de História Natural do Tâmisa em 1957 não encontrou nenhum peixe no principal trecho do rio.

50 anos mais tarde, a Gibbs, uma empresa especializada em veículos anfíbios baseada em Michigan, nos Estados Unidos, decidiu revisitar o conceito desenvolvendo a Biski, uma engenhoca que se transforma de motocicleta em jet-ski em poucos segundos.

A Biski era verdadeiramente única; como monoposto, jato duplo, e a primeiro do mundo em muitos aspectos. O veículo, junto a um outro anfíbio chamado Quadski, chegou a fazer algum sucesso vendendo milhares de unidades até 2012, quando a produção foi encerrada.

Acredite ou não, o entusiasta italiano Costantino Frontalini construiu uma réplica fiel em 2015 da J125 Amphi-Scoote, para comemorar os 50 anos desde a original. A réplica está agora à venda, em um próximo leilão da H e H, onde pode chegar a 100 mil reais.

A J125 Amphi original não foi a primeira scooter anfíbia. Oito anos antes, em 1956, um certo George Monneret realmente cruzou o Canal da Mancha em uma vespa montada em grandes pontões de alumínio, fazendo de Calais a Dover em menos de seis horas. Dois rolos sob a roda traseira permitiram que a Vespa de 125 cc acionasse uma pequena hélice. George cruzou o Canal, estabeleceu um novo recorde mundial e venceu a corrida de Paris a Londres na barganha. O mundo era um lugar mais colorido naquela época.