Alma Deutscher, o prodígio da música clássica que improvisa com notas aleatórias como se fosse nada

Não é preciso pensar muito para criar uma lista de crianças famosas que parecem de alguma forma menos excepcionais quando os olhos enormes de bebê desaparecem e os dentes permanentes surgem. Mas eu aposto comer uma pratada de giló com quiabo, temperado com coentro, que o nome de Alma Deutscher não estará nela. Quando tinha 11 anos, o maestro Johannes Wildner disse ao New York Times que - "...ela não é boa porque é jovem. Ela é boa porque é extremamente talentosa, amadureceu muito cedo e que há poucos profissionais da música clássica que podem ser comparados a ela."

É bom quando uma criança musicalmente talentosa nasce de pais que não só estão dispostos a cultivar essa semente, mas também entendem que sua filha de 18 meses canta com afinação perfeita. Seus pais foram os primeiros a reconhecer suas habilidades extraordinárias. Ela estava se aproximando da idade da razão quando o público em geral conheceu a compositora de rabo de cavalo que tocava piano e violino, adorava improvisar e fazia comparações constantes e não universalmente bem-vindas com Mozart.

Ela seguiu com uma reimaginação operística completa de Cinderela (10 anos) e um treinamento rigoroso que se baseou em sua exposição inicial a partimento: improvisação de teclado.

Agora com 19 anos, Alma continua a encantar os ouvintes com sua habilidade aparentemente mágica de conjurar uma sonata de piano usando notas selecionadas aleatoriamente em menos de um minuto, assim como ela impressionou o correspondente do 60 Minutes, Scott Pelley, depois que ele escolheu um B, um A, um E bemol, e um G em um chapéu, quando ela tinha 12 anos.

Alma, nascida em Basingstoke, Inglaterra, e formada pela Universidade de Música e Performances Artísticas de Viena, foi objeto de experimentos linguísticos de seu pai nos primeiros anos de sua vida, relacionados à sua pesquisa profissional. Em um esforço para entender por que as culturas antigas não usavam o termo "azul" para descrever a cor do céu, ele fez questão de nunca informar sua filha que o céu era "azul". O desenvolvimento de suas percepções de cores, e especialmente sua insistência em tenra idade ela insistiu que o céu claro era "branco".

Aos quatro anos ela improvisava ao piano e aos cinco já começava a escrever suas próprias composições. Essas primeiras notações escritas não eram claras, mas aos seis anos ela conseguia escrever composições claras e compôs sua primeira sonata para piano. Talvez por isso ela goste de fazer as delícias do público compondo sonatas com notas escolhidas aleatoriamente na audiência. Com "ouvido absoluto" ela concebe primeiro a canção em sua cabeça, antes de começar a tocar.

Ela não se envergonhou de seu amor pela melodia na aparição no 60 Minutes, e assim permaneceu, explicando o raciocínio por trás de sua peça, Valsa das Sirenes, para um público no Carnegie Hall, dizendo que sempre quis escrever belas músicas:

- "Música que sai do coração e fala diretamente ao coração, mas algumas pessoas me disseram que hoje em dia melodias e belas harmonias não são mais aceitáveis na música clássica séria porque no século 21, a música deve refletir a feiúra do mundo moderno", disse ela. - "Pois bem, nesta valsa, em vez de tentar tornar a minha música artificialmente feia para refletir o mundo moderno, fui exatamente na direção oposta. Peguei alguns sons feios do mundo moderno e tentei transformá-los em algo mais bonito através da música."

A ópera completa "A Nova Valsa do Imperador" é a primeira grande conquista adulta do jovem, no que promete ser uma longa carreira. Inspirando-se em "As Novas Roupas do Imperador", de Hans Christian Andersen, ela procurou criar uma história de amor que agradasse aos jovens fãs pop, ao mesmo tempo que dava algumas olhadas no“mundo desafinado da música atonal e recheada de Auto-Tune contemporânea.

Como ela observou em entrevista à Rádio Klassik da Alemanha, - "...são definitivamente as belas melodias que unem a música pop e clássica. Tenho certeza de que se Mozart ou Schubert tivessem ouvido as mais belas melodias do ABBA, ou Queen ou Elton John, eles teriam ficado com inveja e teriam dito: 'Eu gostaria de ter composto isso!"