Os artistas medievais não são conhecidos pela sua precisão realista. Eles rabiscavam coelhos assassinos nas margens de seus manuscritos e pintavam leões como felinos patetas e fazendo caretas. Mas se você já se pegou rindo das cabeças de homens furiosos em bebês humanos na arte medieval, não está sozinho: esses pintores queriam que os bebês se parecessem exatamente assim. O raciocínio, como todas as coisas artísticas na Idade Média, tem a ver com religião, nesse caso específico com a imagem de Jesus. |
Naquela época, a igreja encomendou a maioria dos retratos de bebês e crianças. E eles não queriam qualquer bebê, eles queriam o menino Jesus (ou outras crianças bíblicas).
- "Artistas medievais subscreveram o conceito de homúnculo, que significa literalmente 'homenzinho', ou a crença de que Jesus nasceu perfeitamente formado e inalterado", disse Matthew Averett , professor de história da arte na Universidade Creighton em Omaha, no estado norte-americano de Nebraska.
Portanto, as pinturas de Jesus mostravam-no com feições e físicos adultos, mesmo quando a suposta criança estivesse sentada no colo da mãe, brincando com suas vestes ou amamentando.
Este menino Jesus Homuncular e de aparência adulta tornou-se o padrão para todas as crianças, um exemplo que ficou na Idade Média porque os artistas da época não tinham muito interesse pelo naturalismo, e eles se voltaram mais para as convenções expressionistas.
A maioria das pinturas deste período eram de temas bíblicos e foram encomendadas ou pela igreja católica ou por patronos ricos da igreja, então, naturalmente, as pessoas queriam que seus bebês se enquadrassem no padrão estabelecido por Jesus.
Outra razão para a estranheza dos bebês medievais é que o realismo e o idealismo simplesmente não importavam tanto para os artistas que trabalharam antes do século XV. O naturalismo não era uma prioridade máxima e isso também significava que era menos importante que as pessoas parecessem distintas umas das outras.
Sua imagem pintada não pretendia necessariamente espelhar sua aparência real, mas sim ser um representante deles. É por isso que muitas figuras em retratos parecem indistinguíveis umas das outras, mesmo quando pintadas por artistas diferentes em décadas diferentes.
A tendência do bebê feio desapareceu durante a Renascença, quando os artistas redescobriram o realismo e aplicaram precisão científica às suas obras figurativas. A arte não religiosa também floresceu na época, pois as classes média e alta em ascensão podiam pagar retratos de seus familiares.
Os clientes ricos queriam representações de seus queridos filhos que refletissem bem nos pais, com meninos e meninas que fossem fofos. As representações de bebês se afastaram do homuncular hiperestilizado e nunca mais olharam para trás.
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