Diz-se que a capacidade de identificar a si mesmo em um espelho é bastante rara na natureza, presente apenas entre os grandes primatas (chimpanzés, bonobos, gorilas, orangotangos e humanos), nos golfinhos e nos elefantes. Mas isso certamente pode ser estendido já que muitos animais têm consciência de sua natureza (agentividade), como é o caso de muitas espécies de mamíferos, aves (corvos) e até de cefalópodes (polvos e lulas). O problema está em testar esta agentividade. Porém este vídeo compila aqueles que não lidam muito bem com o seu reflexo.

Mark Fernley, fotógrafo de vida selvagem do Reino Unido, montou um espelho em uma floresta tropical brasileira na Amazônia para que pumas, onças, ariranhas e outras criaturas da floresta dessem uma boa olhada em si mesmos, como parte do Estudo de Estimulação de Imagem Espelhada, que visa pesquisar a agentividade (auto reconhecimento) de um animal em um sentido científico. Parece que a onça gostou muito do que viu no espelho.

Se por acaso você não viu, poucos dias atrás perguntaram ao ilusionista finlandês Jose Ahonen se os cães também são suscetíveis a um truque de mágica. Foi quando ele decidiu testar a reação de alguns animais que presenciam um petisco saboroso simplesmente sumir na frente de seus olhos. O vídeo fez tanto sucesso, devido a reação dos peludos, que o mentalista voltou com novas cenas do divertido e surpreendente experimento que ilustra o princípio de agentividade nos cães.

Nos humanos, a agentividade, essa capacidade que temos de nos reconhecermos como um agente autonomamente em uma ação que resulta em efeito sobre o meio externo, procede, sobretudo, da faculdade que temos de relacionar o resultado esperado dessa mesma ação com o desfecho produzido, quando sabemos que somos parte do meio sem nos envolvermos fisicamente nele. No entanto, a capacidade de reconhecer-se como um ser único não é uma característica exclusiva de nossa espécie.

Há variados estudos científicos corroborando a extrema inteligência dos corvos. Tem agentividade, brincam entre si, realizam truques que outros animais dificilmente conseguiriam e usam o sua capacidade cognitivo para realizar tarefas cotidianas. Mas algo que ainda é pouco explorado é sua natureza safada e descarada. Eles parecem ter algum prazer quando trollam outros animais, sobretudo os gatos, como no seguinte vídeo.

Ainda que não tenham agentividade há um dúvida se nossos animais domésticos são tão sencientes quanto a espécie humana. Todos aqueles que amamos animais gostamos de pensar que sim, que sofrem exatamente igual a nós. Sentem e choram a sua maneira, mas, afinal de contas, como todos fazemos. Recentemente, uma cadelinha tinha sido privada de sua ninhada de filhotes. Achando que não os reveria, esta mãe estava consumida em pena que todos teríamos ao perder um ser querido. Mas, felizmente, os cãezinhos foram devolvidos.

Em diversos outros artigos nós já atestamos e nos maravilhamos com a inteligência antropomórfica dos corvos. Brincam por pura diversão, zombam de gatos, resolvem segredos propostos que poucas pessoas conseguiriam fazer e ademais desafiam sem nenhum medo uma ave de rapina tão perigosa quanto uma águia-careca se isso significa ter alimento em tempo de escassez de alimentos em seu habitat natural. Veja só o que faz o protagonista deste vídeo: ele enche tanto o saco da águia que ela desiste de sua refeição, mas veja só o que ele faz depois.

Nós já falamos mais de uma vez sobre o senso de comunidade e de proteção entre os membros de uma manada de elefantes, considerada como uma das sociedades animais mais estreitamente unidas, e uma fêmea só a abandonará se morrer ou for capturada por humanos. Estes animais têm o hipocampo -região do cérebro responsável pelas emoções e da consciência espacial- mais desenvolvido do que qualquer outro animal. Por isso mostram comummente dor, humor, compaixão, cooperação, agentividade (consciência de si mesmos) e responsabilidade e grande dedicação aos seus membros mais jovens.

A autoconsciência é uma medida de inteligência. Um chimpanzé selvagem ou de cativeiro pode sentar-se em frente a um espelho e, eventualmente, tocar um ponto em sua testa, mostrando que percebeu que o reflexo é dele mesmo. Mas e os ursos? Testes de agentividade feitos com ursos em cativeiro mostraram que os plantígrados não demonstram nenhuma reação a própria imagem. Se por um lado eles não demonstram a consciência da própria existência, por outro eles não mostram nenhuma animosidade contra o reflexo, como costuma acontecer com animais que não têm autoconsciência.

Steven Wise é um advogado americano que se dedicou durante os últimos 30 anos a promover a mudança de status legal dos chimpanzés, para que sejam reconhecidos como pessoas não humanas. Segundo ele, esta iniciativa teria um forte impacto na maneira como os humanos tratam os animais. Ele explica que existe suficiente evidência científica para afirmar que os chimpanzés têm sentimentos e pensamentos, pois contam com capacidade cognitiva da agentividade que lhes permitem ser conscientes de que são indivíduos.