As imagens de lugares abandonados e seu aspecto de bucólica beleza são um convite a reflexão, ao questionamento: o que teria acontecido ali para que todos abandonassem aquele local?

No MDig elogiamos antes alguns lugares abandonados -que se tornaram virais nas redes sociais-, especialmente porque em não poucas ocasiões, o abandono dá a um lugar um aspecto pouco comum e poderia ser dito que até mágico. O isolamento, a ruína e o esquecimento são alguns dos elementos que podem chegar a posar em um lugar e lhe dar assim, junto com a inevitável passagem do tempo, uma estética que talvez nenhuma mão humana possa igualar.

Hospitais, hotéis, casas, povoados, parques de diversões e, inclusive, ilhas. O Japão está cheio de lugares abandonados em ruínas conhecidos como "Haikyo" e provavelmente seja um dos lugares com maior quantidade de atrações para os praticantes de urbex. O fotógrafo Jordy Meow explorou estes espaços fascinantes que se mantêm intactos, como se o tempo tivesse parado para eles. São o objetivo de sua última obra Nippon no Haikyo, publicada por edições Issekinicho.

Atualmente, existem cerca de 300 mil pequenas e grandes embarcações abandonadas em diferentes costas do mundo. Seus antigos proprietários, em geral, alegam que não podem arcar com o reboque até um estaleiro para que sejam desmontados. A verdade é que o custo de desmantelamento é bem maior que o material que poderá ser reciclado, assim não é incomum encontrarmos carcaças velhas sendo carcomidas pelo tempo.

A arquitetura rebuscada em meio a obras de arte é uma característica secular em toda a Itália. De pitorescas capelas campestres a catedrais e casarões luxuosos e majestosos, o país abriga ou já abrigou milhares destas edificações. Algumas são mantidas em estado puro, considerados tesouros nacionais, enquanto outras encontram um final bastante diferente, abandonados nas mãos do tempo e sua maneira implacável de decompor as coisas. A Itália é um exemplo perfeito de um país que, embora valorizando muito sua história, arquitetura e cultura, apresenta uma grande parcela dessas obras abandonadas.

A fotógrafa Lori Nix tem uma imaginação meio mórbida. Ela conta que é fascinada com esta história de fim do mundo desde que era bem criança e que possivelmente isso tenha a ver com sua criação em uma cidade pequena do estado do Kansas (EUA) onde passou os maiores perrengues: viu tornados, inundações, nevascas, e toda sorte de acidentes naturais, durante toda a sua infância. Não é à toa, portanto, que ele tenha criado essa fixação com o fim do mundo.

Muitas pessoas tem verdadeiro fascínio por este tipo de fotografia e também pelos locais que retratam. Na verdade se tornou motivo de culto de exploradores urbanos que nos finais de semana mergulham no mundo sombrio de locais abandonados. Como, em geral, são lugares abandonados e carcomidos pelo tempo, há que redobrar o cuidado em andar por ai e, às vezes, até conhecer um pouco da arquitetura antes de aventurar-se, sempre se baseando na regra implícita: "nunca tirar nada a mais que fotos e não deixar nada além de pegadas"

Uma estufa de ferro forjado coberta de ervas daninhas ao lado de um castelo fechado com tábuas na Bélgica pode fazer algumas pessoas pensarem, mas não o fotógrafo francês Jonathan "Jonk" Jimenez. Ele diz que pode ser um lugar enferrujado com janelas quebradas, mas ainda assim é lindo. Jonk é um praticante ativo de Urbex e gosta de encontrar beleza onde a gente acha que não pode encontrar uma. Depois de viajar para mais de 700 locais abandonados em 33 países em quatro continentes, Jimenez divulgou suas fotografias em um livro, Naturalia: Reclaimed by Nature.

A primeira edição do concurso de melhor fotógrafo histórico do ano desafiou os participantes a explorar o mundo em busca de lugares culturais perdidos e o melhor ângulo para retratá-los. O ganhador do evento foi julgado pela originalidade, composição e capacidade técnica de sua fotografia, como também pela história por trás da imagem e seu significado histórico. Seu trabalho foi exibido no site oficial do concurso e recebeu um prêmio de mais de 10 mil reais.

Como muitos eu sempre gostei muito de lugares abandonados, da ausência presente dos locais esquecidos, de pensar e divagar sobre o local sobre quando ainda existiam pessoas passando por ali. Mas este entusiasmo arrefeceu-se bastante depois da última vez que fui fotografar uma casa abandonada em um local chamado Estrada da Ilha aqui em Joinville. Até hoje fico arrepiado com a lembrança da jararaca que me esperava por lá.