Bobby McFerrin é um desses poucos músicos de mão cheia que dispensa apresentações. Apesar de que muitas vezes recorra ao preciosismo, não há dúvidas sobre o talento deste artista. Mas isso ficou mais evidenciado quando, em 2008, ele participou de um simpósio de Ciências e deixou todos, cientistas e público, embevecidos com sua palestra, mostrada neste vídeo que eu recomendo vivamente para todos, sobretudo os que gostam de música.

A música existe desde que os humanos foram capazes de fazê-la. Está em nosso sangue, está em nossos corpos. A música e a dança, de alguma forma, fazem parte de todas as culturas humanas que podemos observar. A ampla e profunda história da música vai muito além do que tendemos a ouvir nas salas de concerto e muito além do escopo música tradicional ocidental. Nesse sentido, fixar uma data para o "início da música clássica" é tão evasivo como apontar o milênio em que os dinossauros foram extintos. 1000 d.C. apenas fornece um ponto de partida conveniente para o nascimento da música ocidental moderna.

As musas, às vezes, são temerárias. A diferença entre a simples influência musical e a apropriação indébita é geralmente sutil. De ordinário, o ouvido é obrigado a medir a sorte da canção suspeita com atenção e seu veredicto nem sempre é aceito sem controvérsia. John Williams plagiou em sua Marcha Imperial o primeiro movimento dos Planetas de Gustav Holst, ou simplesmente inspirou-se nele? São excessivas as coincidências entre a instrumentação de The Man in Me de Bob Dylan e a de Jackie Wants a Black Eye de Dr. Dog?