No MDig elogiamos antes alguns lugares abandonados -que se tornaram virais nas redes sociais-, especialmente porque em não poucas ocasiões, o abandono dá a um lugar um aspecto pouco comum e poderia ser dito que até mágico. O isolamento, a ruína e o esquecimento são alguns dos elementos que podem chegar a posar em um lugar e lhe dar assim, junto com a inevitável passagem do tempo, uma estética que talvez nenhuma mão humana possa igualar.

No nosso joguinho de sexta, alguém lhe contou dos encantos tétricos de uma certa usina antiga abandonada, no fim de semana pegou seus apetrechos, máquina fotográfica e foi praticar urbex no local, entretanto a usina é bem maior do que pensava e logo após alguns minutos de entra e sai de salas cheias de grafite, acontece o pior: você está perdido e não faz a mínima idéia de como sair dali. O que era para ser uma diversão passa a ser uma sessão de terror [Muahahaha].

Em 2013, quando publicamos o artigo "30 usinas abandonadas simplesmente majestosas em sua decadência" destacava-se sobremaneira a fotografia de Niki Feijen, um holandês que vive em Eindhoven, e que surpreendentemente não é fotógrafo profissional. Niki nunca estudou fotografia nem fez nenhum curso relacionado com o assunto. Na verdade ele é um engenheiro de redes que nas horas vagas pega sua câmera para fazer fotos verdadeiramente deslumbrantes com base em HDR, o método que permite alargar naturalmente a razão entre o valor mais claro e o mais escuro de uma imagem (alcance dinâmico)..

A relação entre religião e arquitetura resultou muito frutífera ao longo da história. O levantamento de templos de adoração é algo muito antigo, e que ainda hoje perdura, já que seguem erigindo catedrais de extraordinária beleza e que são consideradas verdadeiros marcos. Mas ainda assim, como tudo feito pelo homem, elas também têm uma data de validade e o abandono destes lugares acaba refletindo a fascinação do ser humano pelos lugares abandonados e as possíveis histórias que emanam de cada um dos objetos descobertos em seu interior.

Inspirado em um documentário sobre vida selvagem que ele viu quando criança, o fotógrafo Jonathan Jimenez, mais conhecido como Jonk na cena fotográfica, viajou pelo mundo em busca de estruturas artificiais que foram abandonadas e recuperadas pela natureza. Uma selva enche um teatro em ruínas em Cuba, raízes serpenteiam através de uma mansão em Taiwan e um jardim selvagem brota em uma antiga estufa na Bélgica. Um reflexo de sua consciência ecológica, a fotografia de Jonk mostra que, na luta de poder entre o homem e a natureza, a natureza sempre vence.

Veículos abandonados são engolidos pela floresta ao seu redor em "Nature Takes Over", uma série de fotos de Thomas Strogalski. Ocorreu que o fotógrafo alemão, normalmente baseado em Düsseldorf, ficou cinco semanas em Maui, Havaí, a serviço de um cliente e, durante sua estadia descobriu irregularidades notáveis ​​envolvidas pela natureza local exuberante e fascinante. Thomas não conseguiu resistir e encontrou algum tempo livre para realizar esse projeto pessoal.

A refinaria de açúcar Domino é um dos edifícios mais emblemáticos do Brooklyn e está a ponto de ser demolido para a construção de apartamentos. O edifício foi construído em 1856 e chegou a processar a metade do açúcar que era consumido nos Estados Unidos. Em 2004, após 148 anos em funcionamento, a fábrica cessou sua atividade e desde então permanece abandonada.

A crise e o abandono fomentaram este tipo de lazer, às vezes, como turismo industrial ou diggering, mas o termo mais estendido é Exploração Urbana (Urbex) para designar a investigação de um território, edifício ou fábricas abandonadas com o fim de obter prazer psicológico e prazer estético ou simplesmente satisfazer o simples interesse na pesquisa e nas fotos posteriores. Este fenômeno tem muitas características na subcultura da juventude, que foi o caso do fotógrafo alemão Christian Richter.

É difícil não se perguntar como seria o mundo hoje se o hospital Beelitz-Heilstätten, cujas ruínas ainda seguem em pé em Berlim, na Alemanha, nunca tivesse curado Hitler em 1916 durante a Primeira Guerra Mundial. Nesse centro também foram tratados soldados nazistas feridos durante a Segunda Guerra Mundial e, a partir de 1945, e até a queda do Muro, os militares soviéticos. O hospital foi construído em 1898 como um sanatório para doentes de tuberculoses e uma pequena parte do enorme complexo ainda segue em uso para reabilitação neurológica.

Locomotivas e vagões do século XIX se acumulam nas cercanias do povoado de Uyuni, na Bolívia. Sim, bem próximo da maior planície salgada do mundo, conhecida popularmente pelo local onde o horizonte alcança o céu e que já mereceu mais de uma dezena de artigos no MDig. Nestas 10 fotografias de sabor pós- apocalíptico podemos apreciar os restos destas composições enferrujadas no meio da areia, por onde antanho passava a linha da ferrovia Uyuni - Antofagasta de transporte de minerais como prata e estanho.