Este artigo foi adaptado de uma história contada por Adolar Gangorra, também conhecido como homem do balde amarelo. Supostamente, o humorista brasiliense preza pelo anonimato e diz não querer chamar atenção enfiando um balde amarelo na cabeça, vestido de terno e gravata, enquanto conta histórias deliciosamente divertidas. Quando fundamos o MDig em 2004, alguns textos de Adolar viralizaram nas redes sociais, muitas vezes sem a autoria, porque a principal disseminação ainda eram as listas de e-mail. Um destes textos é a sátira ao fanatismo que havia em torno dos barbudos Los Hermanos no início dos anos 2000. |
Voltei para o Brasil há pouco tempo. Saí do Rio ainda adolescente para morar com minha família na Inglaterra. Agora estou de volta há uns três meses e estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato com umas garotas legais.
No entanto, foi meio por acaso que eu conheci uma menina maneiríssima chamada Tainá. "Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido!" Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser a de um, mas na verdade era o C.A. da Antropologia. A garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. "Que bacana! Que politizada ela era!" E continuou a me explicar a importância de eu me conscientizar enquanto enrolava um beque da grossura de um diploma. Pensei em dizer que estava precisando desesperadamente dar uma cagada, mas ela era tão gata que eu falei que sim.
Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez..."Aí, acho que ela me deu um certo mole..." Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda naquela noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o brioco para não cagar ali mesmo na frente dela.
Pensando bem, eu tinha ouvido falar sim alguma coisa sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras hoje no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish. Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito "vibrão" de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil!
Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos retangular, de armação escura e grossa, engraçado até! Depois de uns mil "Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.", finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!
Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Um cara de macacão, de sandália de pneu e com ar professoral. Outro de colete, tênis adidas, óculos e também com ar professoral. Pareciam ser legais, "do bem" como eles mesmo falam... Mas que não me deram muita conversa. "Do bem", isso mesmo! Gíria nova... Todos aqui são "do bem". E que nomes tão simples e idílicos: Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu que já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington. Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!
Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí... acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música:
- "De quem você é fã?", perguntou.
- "Pô, eu me amarro no George..."
Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto:
- "Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!"
Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de "Seu"! Seu Jorge! Isso é que é fã!
- "Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!", ela emendou.
Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi... Depois ela perguntou quais bandas eu gostava.
- "Eu curtia aquela banda da Bahia..."
- "Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!"
- "Não, Camisa de Vênus! 'Silvia! Piranha!'", cantei rindo.
A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar:
-"Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?" Óbvio que não funcionou... Aí, acho que dei um fora.
Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles "promovem um resgate da boa música brasileira".
- "Tipo Os Raimundos com o forró?", perguntei.
-"Claro que não!", disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque "eles são únicos", apesar de hoje existirem excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, Paulinho Moska, O Rappa, Ed Motta, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também "Marginalia" ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles. Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já tinha ouvido, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber sobre essa nova onda musical pois quando sai do Brasil o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit "Mintchura". Ainda bem que tudo mudou, né?
Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam "Os Irmãos"? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil!
Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos "Hermanos", ela usou a expressão "do bem" umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição solidificada nos tempos medievais que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá... Engraçado pra caralho!
Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo! Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda... Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais?
E eu querendo não passar em branco na conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda... "Cacete...! O que era mesmo?"
De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela:
- "Eles são todo irmãos, né, tipo os Hanson?"
Ela disse um "não" esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam "Los Hermanos"! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam muito bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo.
Fiquei prestando atenção ao show. Pô, as músicas são boas! Dá pra ver uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fódão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento "dark", como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de The Cure, Bauhaus, Sister of Mercy, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista "dark" brasileiro... Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: "Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego" ou "O tempo passou na janela é só Carolina não viu". "Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue" ou "Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni". Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!
Tentei reengatar a conversa dizendo que achava o baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada:
- "Mas ele não é da banda!"
Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada...
Adiante, ela me disse que o cara que ela mais gostava na banda era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local hoje. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: "Os Irmãos"! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento.
Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou mais acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos:
-"Aí, trouxe umas coca-colas pra vocês!"
Ouvi a seguinte resposta:
- "Coca-Cola? Isso é muito imperialista... Guaraná é que é brasileiro!"
Puxa, que pessoal politizado. Isso mesmo, viva o Brasil! "Yankees, go home..." rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o "Janelas"? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mas é fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra burro, então bebi tudo sob o olhar meio atravessado de todos eles... fazer o quê?
Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá:
- "Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!"
Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse:
- "Que Weezer o quê? O nome dessa música é 'Cara Estranho'".
Já vi que não gostou de novo. Mas quem sou eu pra dizer alguma coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que é mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles... Só não consigo dizer qual.
Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada pra descontrair, que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei:
-"Fela da putaaaaaaaaaa!"
Pra quê? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada monstra na costela que me fez enxergar em preto e branco uns 5 minutos. Pô, todo show alguém grita isso. É quase uma tradição até e é só uma piada. Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho... Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo:
-"Aí, Tainazão, se tu se animar, eu tô preparado!", mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera.
O tempo tava passando e nada de eu ficar com minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulo tão alto que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do queixo. Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer outra merda do gênero.
A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da língua. Minha boca encheu d'água e o sangue escorreu na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Janaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi:
- "Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência..."
Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É "do bem". É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Aqui, não. Que merda!
Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi alguém resmungando alguma coisa do tipo:
- "...é esse mala aí sem camisa..."
Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho... e, afinal, o que significa "mala"?
Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado para longe com a cabeça-aríete de Tainá e certamente foram esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força absurda pra achar as lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no pescoço. É claro que o silicone voou longe também. Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta!
- "Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?"
- "Que sinal?? Que sinal??", respondi, assustado!
- "De buceta, palhaço!", apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado.
- "Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?", gritou o tal hipponga na minha cara.
Que viado, eu não tava fazendo nada. Parecia uma freira de colégio. Que lance é esse de buceta? De onde esse prego tirou isso? As meninas... -Perái! Meninas? A mais nova aí tem uns 25!- ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo. A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso. "Bento", que nome mais ridículo... Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra?
Caramba, que noite infernal! Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase:
-"Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?"
Aí foi demais! Eu me atrevo:
-"Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera 'do bem' que está aqui!"
Apesar de tudo, a banda é realmente excelente. O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na TV, tudo lindo e maravilhoso. "Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro! Estamos realmente resgatando a nossa cultura!" Que exagero... Ei, é só música pop! MÚSICA POP!
Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles. Ouvi em Londres. Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto:
- "TOCA ANA JULIA!"
Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica para tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música?
Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsadas na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o "Seu Jorge" Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me bicar também. Do bem? Do bem é o caralho...
Aí, sinceramente, ainda prefiro o show do Camisa de Vênus...
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Comentários
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Fic total
Olá!
Fiquei interessada no texto e o li por inteiro. Confesso que, até metade, achei que o fato era verídico e que estava amando a crônica que lia. E ri bastante de algumas passagens, como "Loser manos", "George/Seu Jorge" ou "Almirante". Muito bem pensado e criativo.
Depois, passei a achar o narrador pedante, se sentindo superior por ter morado na Europa, coisas do tipo... Até aí, tudo bem, mas percebi que o autor deu uma voz de autoridade ao narrador, e isso me incomodou. Depois, passei a perceber que os clichês (ainda que se refiram a uma postura universitária que existia em 2007) passaram a conduzir o texto e, assim, perdeu a graça, O desfecho mirabolante me fez lembrar aqueles filmes que a gente começa a assistir e acha que serão incríveis, mas aí o diretor/o roteiro se perde em uma viagem que nos frustra. O texto se perdeu no senso comum. Uma pena... Estava indo tão bem, com humor muito refinado por um lado e pastelão por outro, o que é bem interessante.
Ignorados, agora, os aspectos linguísticos e textuais, preciso registrar que é uma imagem muito equivocada da banda. Preciso registrar ainda que nós, os fãs, continuamos amando as músicas, ouvindo-as e mostrando-as aos nossos filhos. No meu caso, a universitária hoje é minha filha, que também ama Los Hermanos.
Abraços,
Quase 1 década se passou e nada mudou. Melhor que o texto, só os comentários mesmo. Fiquei uns 30 mins rindo enquanto os lia. Bom demais. E Los Hermanos continua sendo uma merda!!! HAHAHAHAHA
A banda não é um saco.o problema é algumas pessoas que veneram demais, sendo que as pessoas, "fãs" que ridicularizam a banda!
Excelente!!! Eu ri muito com a sua narrativa, meu caro. É exatamente esse cenário broxante que criam sobre Loser manos. Eu reconheço: já ouvi muito! mas isso foi quando eu não trabalhava...
Muito bom o texto hahahahaha. Esse moralismo alternativo é foda..
Ahuahauahauahau. Obrigado por me fazer rir.
fera, sou MUITOO FÃ do Los hermanos, porém, vc MITOU nesse texto kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Ficou mto bom. Desculpe-me rir da sua infelicidade.
:lol: :lol: :lol:
Como foi que eu não li esse texto antes? Que desespero. :lol:
Sensacional!
Bela piada ;).
Seu texto é sensacional hahaha. cheers!
Só pra registrar, 90% por cento dos que comentam levando a sério esse texto fictício e muito engraçado são analfabetos funcionais. Vocês são totais imbecis, incapazes de entender ironia. E quer saber de uma coisa?Essa banda é uma merda. Bando de hipsters pretensiosos e maconheiros da PUC. FODA-SE
Confesso que ri com algumas partes do seu texto, mas quem realmente já foi a um show do Los Hermanos, sabe que não seria linchado por pedir uma música que fez a banda ter sucesso; E que o Camelo nunca sairia do palco chorando só por isso; Muito menos que o Amarante fosse ajudar na agressão!
E quem é fã de Los Hermanos pode sim, cantar Anna Julia!
E, faça-me o favor, procure REALMENTE conhecer, pra ter algum direito de criticar!
Considero Los Hermanos a melhor banda atual nacional SIM e estou rindo horrores do texto. Parabéns haha
Aê Loser Manos, mais do mesmo danado... Encontraram uma forma de agradar sonoramente uma juventude solitária com musicas depressivas e retrôs e exploraram isso ao extremo!
Parabéns, tentam provar a todo modo que são anti-mídia, se passando por autênticos hipsters, mas na verdade são uns grandes marqueteiros que encontraram um nicho e não deixam que seu rebanho cego perceba...
Pra ficar perfeito só faltava fazer uma ação de marketing com a Gilette e distribuir lâminas no início do show para todos cortarem os seus pulsos e chorarem com o ludismo das músicas! CHATO PRA CACETE!
Um dos melhores textos que eu já li! Sensacional!
Cara, esse texto é típico de quem NÃO foi a um show do LH, tampouco conhece nada sobre o grupo. Pra terminar, falou que tomou porrada por pedir 'Anna Julia'. Que mentira cara, todo mundo adora a música. Não se esqueça que foi a música que permitiu que fizessem sucesso. Crônica adolescente. Mirim.
Texto antigo... Mas continua atual.
Muito bom.
Bem feito. Da próxima vez compra o ingresso e vende pelo dobro do preço para os fãs loucos.
Muito bem escrito, ri demais!
Aiiii que dó!!
Se tivesse ido no show comigo (eu tava de bota, nada de chinelo, serve?) aposto que ia ser bem mais divertido...
Joao, quantos anoa tem seus pais? Quer dizer que eles são menos gente por que são mais idosos? E você é outro mala e imbecil. Normal se levarmos em conta que é fã dos loser manos.
HAhahahAHaHHAHAhAha
Cara, vc tem certeza que veio da inglaterra?
Ta parecendo que vc veio de 1993 direto de uma maquina do tempo?
Vc não curte música né?
Não defendo o los hermanos, mas uma coisa eu falo, agente atrai o que agente emana. Foi em um show que nao queria, criticou quem nao conhecia e a vida só se encarregou de te devolver.
"Veja bem meu bem..."
Aliás, quantos anos vc tem mesmo?
Pré conceito purooo. Não de ser racista, mas de ficar julgando tudo que vê.
Usando um pouco do seu demasiado jeito de ser. VOCÊ deve ser aquelas pessoas que estacionaram musicalmente nos anos 80.
E odeia tudo que vem depois sem nem escutar.
Você não sabe o que é "mala"?
é vc, hahaha
Um mala sem alça.
Bando de desocupados hipocritas que acham que vão mudar o mundo cortando os pulsos e entrando em depressão.
clichê
mas o povão adora se sentir shperto com esse tipo de visãozinha
Eu curto Los Hermanos e o Chico tb e Baden e os novos baianos e Mutantes. Escreveu bem porém eu considero uma critica estúpida a sua, se tu não curte essas pessoas saia de perto, não julgue.
Pelo menos eles gostam de um baseado .. ja é algo que os salvam de serem completamente insuportaveis...
O texto é maneiro, mas essa bandinha é uma merda!
E vcs um bando de pela saco q babam ovo desses caras q acham q são alguma coisa...
Sério, fui a um show dos Hermanos e comecei a gritar "bota pra fuder", me chamaram de idiota, babaca e retardado. Já pensou se eu gritasse "toca Raul!", ia ficar igual o personagem da estória.
fico intrigado pela forma como tantos comentários (talvez melhor dizer tantos flamers) conseguiram incluir uma referencia ao presidente (que segundo tantos aqui é "semi-analfabeto") nas discussões sem conteúdo que rolaram aqui.
Adorei o texto, e sou fã de Los Hermanos. Se o autor não for um cara que realmente veio do exterior, eu tiro o meu chapéu pra ele, ele conseguiu ter uma visão de LH e do público de LH difícil de ser ter... Adorei a caricatura do público-fiel de Los Hermanos...
Ah, pra quem não entendeu o final. "Anna Júlia" é a música mais simplória de Los Hermanos, mesmo assim foi a unica a fazer sucesso na grande mídia. Então "quem não é fã de LH não pode cantar Anna Júlia!" Isso é quase consenso entre os fãs. Além disso a banda foi premiada por essa música e recebeu o premio de cabeça baixa com caras de tristeza, o que retoma o fim do texto. Ótima sacada do escritor.
Muito engraçado mesmo. Foram citadas duas coisas que amo: Chico Buarque e Los Hermanos, excelentes.
Embora nao concorde com algumas coisas que foram ditas e nao ter entendido o final, vou recomenda-lo. vlw!
Vida longa a esse texto e seu autor. Seja ele eternizado na Internet. "Loser Manos"... tudo a ver. heeeee
Isso não é róqui não mininu!! EU QUERO É RÓQUIII :P
Raimundos!!! Saudades da boa bagunça do rock brasileiro. :)
Agora Loser Manos, no way...
Vai estudar em Berklee, depois vamos conversar de música.
- Muito massa o texto....Sou fã dessa banda!A melhor banda do brasil! Chico é o cara...e os Beatles..bem....são os LOS HERMANOS de Liverpool! vlw!
Até dei risada com o texto, mas não achei tão bom assim, é engraçado, mas o cara é mto idiota e tem passagens que não são bem construidas, parágrafos que ta tudo amuntuado, que poderia ser alongado e tals.
ah, o público deles aqui em SP é bem diferente, não vejo o que ele relatou por aqui.
Parabens pelo texto!
genial!!!
o texto, ja os comentarios...
AMEI!!!
MUITO BOM!!!
hahahahhahahahahahsuhaushausahs
Caranba,não acredito,bolei di rir aki!!!
Poxa,fods esse texto,curto pacas Los Hermanos,e parada da Ana Julia,poxa,o do bem foi pro saco nessa parte,hasuahsuahsuashaush
Mas o pior que eh desse jeito mesmo o show dos caras,foda que acabou a banda,mog galera cheira pó nesses show universitarios
ahsuhauashuh
tuh só foi cuma turma ruin
ahsuhasuhasuahs
Do bem eh...
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Muito bom, vou usar esse texto no meu fotolog!
Abraços!
Gosto mto da banda Los Hermanos e adorei esse texto. Textos bons assim estão cada vez mais difíceis de encontrar na net, vc está de parabéns, mto bom mesmo. Costumo ir a shows dos Los Hermanos e é bastante comum encontrar pessoas assim. Adoro gritar: -"Toca Ana Julia!", depois de gritar "Toca Raul!" é claro.
ótimo relato.
Também gosto da banda, porém existe um certo conceito sobre uma maneira de vida a ser levada em conta pois os jovens tem o costume levar a sua vida de acordo com as maneiras que seus idolos levam e se esquecem que eles estão aqui pra nos trazer música e não métodos para sermos mais fãns ou mais felizes que o normal.
Não é porque eu não fumo maconha que não curto bob marley (foi só exemplo)
grato...
Não entrarei em qq tipo de discussão.
Adoro os hermanos. Contudo, o texto é genial.
Adorei!!!
ri muito
Grande abraco a todos e parabéns ao autor
n
quem canta Ana Julia? qq
banda nacional sux
Já assisti muitos shows na minha vida, talvez de todos ou quase todos nomes da música brasileira. Mas o que mais me assustou foi um show que assisti em petrópolis no ano de 2006, quase morri linchada, tomei tanta cotovelada, quase morri sufocada. Começei a ter uma crise de desespero e pedi ao meu namorado (20 cm mais alto que eu) me tirasse carregada daquele inferno. Fiquei assustadíssima e depois disso decidi nunca mais ir a um show dessa banda. Ah, o nome da banda? Los Hermanos...
:clap:
Sou fã pra caramba do Los Hermanos.
Ainda assim (e talvez até por isso mesmo), achei o texto muito bom. Divertidissimo e cheio de sacadas geniais. O autor usou essa "falsa ingenuidade" do narrador pra apontar várias das babaquices da nossa geração. Óculos quadradinho de aro preto, putz, conheço bem esses personagens do texto.
Como literatura é bom. Como crítica é muito bom.
Outra coisa: tem muito neguinho aqui confundindo autor com narrador, eu duvido que a história seja real e, mesmo que seja, suponho que está terrivelmente exagerada. Esse, na verdade, é o seu maior mérito.
Porra, galera, na boa, to muito longe de ser um fã ardoroso do Loser Manos (huahuauhaa), mas sejamos ponderados, apesar da história ser ótima, tudo não passou de uma pessoa fora do contexto social em que vivia e consequentemente desinformada. Deu nisso, fez alguns comentários e a própria conjuntura do momento levaram o cara aos infelizes acontecimentos...
E naum eh por isso q a gente vai concluir q a galera q ouve a banda eh tudo bitolada, nada haver, preconceito puro...
E outra, tbm achava os Losers, uns caras mto chatos no palco, soh q o show e as letras são excelentes, nível bem acima do mercado midiático...
:P
Gostei muuuito do texto
mostra exatamente como está essa juventude doida!!
:D
A crítica foi ao público.
Público esse formado por universitários facistas, que enquanto estão nas universidades são contra o sistema e contra a tudo, mas depois que se formam e começam a trabalhar, aceitam tudo do jeito que é e entram no sistema imundo.
Essa história de "SOU BRASILEIRO E NÃO DESISTO NUNCA", que coisa mais escrota.
País de merda em que só ladrão e políticos se dão bem.
O Presidente da Republica era contra tudo e quando se elege, fica pior do que Fernando Henrique.
VIVER NUM PAÍS EM QUE O REPRESENTANTE DO POVO É SEMI ANALFABETO.
País que nunca vai ser levado a sério.
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