A marca vende a ideia de que existe um corpo feminino ideal, de uma beleza angelical, e obtê-lo e aproximar-se dessa imagem é o que toda mulher e menina deve desejar, já que produz uma série de benefícios quase mágicos. Não ter esse corpo deve ser, então, a causa de mal-estar e insatisfação -justamente o estado perfeito de vulnerabilidade para que as mulheres comprem mais coisas que possam levá-las a preencher essa carência criada-.
Este silogismo mercadológico foi questionado recentemente pela campanha "Perfect Body”, lançado pela Victoria's Secret, onde sua legião de anjos aparece alinhada como presumindo a perfeição de seus corpos, ainda que evidentemente se trate também de uma coleção de lingerie chamada "The Body". A campanha gerou grande indignação entre grupos feministas.
- "Há uma tênue linha entre aspiração e “thinspiration” -um neologismo para designar “inspiração na magreza”- e esta campanha claramente passou do ponto", diz a colunista do Daily Mail, Sarah Vim. - "E sobre o uso da palavra “perfeito”, não só é ofensivo para 99.9% das mulheres que não compartilham as proporções perfeitas das modelos, é francamente irresponsável".
Uma petição que obteve milhares de assinaturas para remover a campanha sentenciou:
- A nova campanha de Victoria's Secret brinca com as inseguranças das mulheres e comunica uma mensagem daninha", e como resposta criaram a seguinte imagem, sob o rótulo de: "O corpo perfeito... mas das mulheres reais".
Ao final a Victoria's Secret retirou a campanha do ar, naquele que foi um "perfeito" desastre de marketing e relações públicas. O tema, no entanto, é uma das principais questões na construção de imagem corporal feminina e sua relação com o mundo. Este ideal de beleza é uma motivação que é também uma alienação em massa.
Para muitas pessoas, especialmente mulheres, mas também cada vez mais homens, a saturação de imagens idealizadas da beleza -com toda sua aura de benefícios e associações inconscientes– se traduz em uma onerosa pressão que fragmenta sua personalidade, gerando insatisfação e insegurança. Uma discrepância perene entre como se veem e como querem ser vistos. Esta dissensão, por sua vez, traça uma brecha muitas vezes insuperável, já que o ideal ao que aspiram é praticamente inatingível, seja por questões genéticas seja porque as própria imagens que usam como inspiração são alteradas digitalmente ou parte de uma produção e um meio que magnifica seu valor estético.
Se as modelos da Victoria's Secret têm o corpo perfeito, então seu corpo é imperfeito? Claro que não! O fato é que essas meninas perfeitas que a Victoria's Secret incentiva as mulheres a imitar não são normais. Elas levam obsessivos estilos de vida narcisista, em que as únicas coisas que importam são tão fúteis quanto como sua barriga negativa vai parecer em um biquíni.
De qualquer forma cada um faz o que deseja com sua vida. Se quer fazer dieta e passar fome para ter um corpo delgado, também não há nada de errado com isso. O que está errado é a mensagem incessante e totalmente desmoralizante de que uma é "perfeita" e a outro não.
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Comentários
Qualquer corpo é perfeito mas sou magra e nem tão magra assim é não deixo de sofrer deboches por isso pelo contrário em um país de corpo violão quem é magra também não se encaixa e quem fala sobre ser quase impossível atingir esse corpo, não é não, é eu não sofro distúrbios de alimentação, nem tenho qualquer tipo de doença, eu simplesmente sou assim, magra, pra mim um corpo perfeito, assim como tem gordinhas que acho que tenham o corpo perfeito, isso é uma questão de auto estima, o corpo é só superficial a verdadeira beleza está na alma, e não no que os outros acham bonito!
Gente, eu não sirvo pra ser cachorro, não!
Detesto osso!
Ah, eu também atingi uma idade que não ligo mais para o que os outros pensam sobre eu estar acima do peso... o único problema de ser gorda é na hora de fechar a sandália quando a barriga da gente fica na frente e não deixa as mãos alcançarem os pés, ou quando a gente se senta no chão e depois não consegue mais levantar, ou quando a gente se machuca na hora de passar na roleta do ônibus, ou quando não dá mais para esmaltar as unhas dos pés... :|
Sou redonda e baranga, mas não tô nem aí. O que importa é ser feliz. E além de ser feliz, é ser digna, honesta, cumprir meus deveres, ter moral e respeito por mim mesma e pelos outros. Academia? Nem pensar. Sou contra todo e qualquer tipo de esforço físico e aglomerados humanos. Comer? Como moderadamente, mas quando me dá vontade de comer algo diferente, meto a boca sem medo. Ser magra para só ser feliz usando drogas? Tô fora. Preocupada com o que os outros pensam e se tem nojo de mim por eu ser gorda? Danem-se todos, por que o prato onde como é meu. Portanto, vamos ser felizes, que a vida é curta para exibições físicas.
:lol: :lol:
A primeira coisa que eu fiz pra não ficar louca atrás do "padrão da sociedade" foi parar de procurar por isso. Parar de ler sobre. De procurar críticas sobre. Hoje eu malho e me alimento bem porque eu gosto, porque é saudável, e consequentemente isso me deu um corpo que ao meu ver -eu- gosto e me sinto bem.
E olha que tive anorexia e logo depois bulimia, ou seja, eu sei o que passei porque as pessoas me cobravam muito. Quando estava com apenas 4 kg a mais, me cobravam para que ficasse magra, quando emagreci, me falaram que eu estava feia e que era pra eu engordar.
Hoje eu tenho o meu padrão de corpo que mim mesma é bonito e me sinto feliz, isso é o que importa.
Eu sei uma simpatia para emagrecer, feita com grãos de arroz, a gente tem que mandar a simpatia para um número de pessoas igual o número de quilos que quer se perder, e depois engolir 20 grãos de arroz... O problema é que eu não conheço 20 amigas gordas que queiram emagrecer...
Eu faço academia por questões de saúde e vejo, principalmente agora nas férias que vou em horários diferentes, muita mulheres sofrendo nos aparelhos.
Tem uma rodinha lá para abdominal que é só para as muito corajosas e sofredoras. Experimentei uma vez e no dia seguinte sequer podia tossir de tanta dor.
Não vale a pena sofrer tanto pra tentar chegar no tal corpo perfeito que nem existe, pois até as fotos dessas modelos são manipuladas.
Uma das empresas que admiro as propagandas eh a dove que fala exatamente sobre isso, a beleza real,sempre gosto das campanhas da dove.
Eu me lembro dos meus tempos de juventude... em que sair à rua era arriscado... a mulherada queria me matar... só porque eu era bonitinha... Eu era o centro das atenções... mesmo sem querer... Todos os olhares eram dirigidos à mim...
Qualquer um; homem, mulher, criança, idoso... todos me olhavam... os homens me queria, as mulheres me odiavam...
Mas hoje tudo mudou! Posso sair à rua que ninguém me nota, mesmo que eu caia dura no chão e babe, ninguém me olha...
Que felicidade!
Acho que atingi o corpo perfeito! :D
Falando sério agora; acho que o importante não é a beleza física mas a beleza moral. Ser honesta, amiga, solidária, humilde, educada, altruísta... essas coisas.