O cão-vinagre (Speothos venaticus) é um animal raro brasileiro que faz parte da família de canídeos, composta de mamíferos da ordem de carnívoros que engloba cães, lobos, coiotes, raposas e chacais. Ele também é conhecido como aracambé, cachorro-do-mato-cotó e pitoco. Seu nome se deve ao cheiro azedo que desprende de sua urina. Ele é encontrado principalmente em matas cortadas por pequenos riachos. Infelizmente, esse animal quase desconhecido já é classificado como uma espécie vulnerável pelo Ibama e quase ameaçado de extinção pela IUCN. |
No Brasil, já foram registradas a presença do cachorro-vinagre na Amazônia, na Mata Atlântica, no Pantanal, no Cerrado, e até mesmo em Minas Gerais. Contudo, sua distribuição geográfica e muitas de suas características ainda são pouco conhecidas devido a temperamento arredio do animal.
O cão-vinagre é um canídeo raro, que dificilmente encontraremos para observar em campo aberto. Seus poucos dados indicam que a espécie nunca foi muito abundante, com uma estimativa atual de 15 mil indivíduos adultos, em declínio devido sobretudo à perda de habitat. Ainda assim, faltam informações para que se possa fazer estimativas populacionais mais precisas.
Seus pés são palmados, por isso preferem viver em solos macios próximos de rios, geralmente em tocas de tatu ou tocos ocos. Ademais, o cachorro-vinagre costuma formar matilhas formando grupos de até 10 indivíduos, que caçam em bandos cooperativamente.
Os aracambés parecem ser os canídeos sul-americana mais gregários e há clara dominância dos pais sobre os outros componentes da matilha. A submissão é indicada com uma expressão conhecida como "sorriso de submissão", aquela em que os cães estende m a boca de forma exagerada, que muitos confundem com sorriso, quando na verdade é medo. Tal dominância é respeitada a ponto de, caso uma a fêmea dominante se reproduza, todos os membros do grupo apresentarão comportamentos aloparentais. A relação familiar entre esses animais é tão intensa que pode influenciar o ciclo reprodutivo.
Algumas ações de conservação buscam proteger o cão-vinagre. Tanto que na maioria dos países, a caça é proibida por lei. No Brasil, tanto a caça quanto o comércio ou criação com pet também são proibidos. Além da legislação, alguns indivíduos já foram identificados em unidades de conservação. Em 2020, por exemplo, armadilhas fotográficas mostraram um grupo de quatro cachorros-vinagre na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, no estado do Amazonas.
No entanto, de acordo com a IUCN, não há plano de recuperação, controle ou esquema de monitoramento sistemático da espécie. Nesse sentido, a organização aponta como necessária a realização de pesquisas que busquem entender o tamanho populacional e a distribuição geográfica com mais precisão, além de estudar melhor a própria espécie.
Em outubro de 2012, o Ministério do Meio Ambiente elaborou um Plano de Ação Nacional para Conservação do Cachorro-vinagre, que tinha como objetivo reduzir a vulnerabilidade da espécie, mas o plano foi encerrado em 2016, com apenas 17% de ações concluídas. Com isso, a espécie passou a ser contemplada no Plano de Ação Nacional para a Conservação de Canídeos Silvestres.
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