As rãs podem ser encontradas em ecossistemas terrestres e aquáticos de todo o mundo. Como são anfíbios muito vocais, usam chamadas para atrair parceiros e defender territórios. Durante a noite, o coaxar das rãs nas matas e banhados pode atingir um coro incrível e de certa forma até incômodo. As rãs são por vezes referidas como os "barômetros da floresta". Como têm uma pele permeável que as torna sensíveis às mudanças em seu ambiente, elas podem pressagiar mudanças no clima ou até antecipar mudanças nos níveis de poluição. |
Isso significa que observar as populações de rãs pode fornecer uma indicação da condição da floresta e ajudar a identificar mudanças. Além de serem sensíveis ao seu ambiente, elas também são muito fáceis de inspecionar por causa de suas chamadas muito altas. Isso as torna uma espécie indicadora perfeita.
Existem em torno de 150 espécies de rãs nas florestas de Bornéu, desde a rã-gigante-do-rio (Limnonectes leporinus), que pode alcançar quase 20 centímetros até a pequenina rã-arborícola-de-Bórneu (Metaphrynella sundana) que não supera os 2 centímetros.
Com um corpo atarracado e membros moderadamente curtos, esta rãzinha esquisita tem tubérculos arredondados na pele que são maiores nas laterais. A coloração e a textura apresentam variações consideráveis a ponto de ser difícil não pensar que sejam de espécies diferente.
No entanto a M. sundana tem uma particularidade simplesmente inacreditável, que realmente é de cair o queixo. Quando cai a noitinha e começa o tremendo coro de rãs cantando por um companheiro, o chamado dela não têm a mínima chance de ser ouvida. Quanto maior o anfíbio, mais alto o chamado e a rá-arborícola é pouco maior que uma unha. A fêmea pode estar a apenas alguns metros de distância, mas o coro dos outros toma contra de toso o espectro sonoro de forma ensurdecedora.
O que fazer? É nesse momento que o macho vai procurar poças de água que se acumulam em buracos de árvores de 1 a 5 m acima do solo em seu território. Ali o macho faz então uma classe de passagem de som para descobrir se é capaz de determinar as propriedades da ressonância do buraco da árvore de onde está chamando e ajustar suas chamadas para maximizar a amplitude dela.
Acredite se quiser, o macho consegue atrair uma parceira com um pulso curto e tonal que viaja até 50 metros de distância pela floresta ajustando seu chamado à frequência de ressonância do buraco da árvore. Aquilo é literalmente música para uma fêmea da espécie, que com excelente audição direcional vai ao encontro de onde vem o chamado. O pequeno casal então se encontra, faz as coisas deles de acasalamento escondido dos predadores. Ademais o buraco da árvore será um ótimo berçário para seus girinos.
É incrível como as formas de vida evoluíram para usar "todos os truques" para encontrar um parceiro e procriar. Como o biólogo Herbert Spencer apontou, uma das marcas da seleção natural é a adaptação complexa para a "sobrevivência da espécie" e isso é a reprodução bem-sucedida do mais apto. Igualmente notável é o naturalista que se esforça para encontrar evidências de tais grandes atos da natureza nos cenários mais improváveis.
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