O maior sapo-cururu foi encontrado na Austrália

O que provavelmente é o maior sapo-cururu do mundo, apelidado de Toadzilla, pesava pouco menos de três quilos quando foi encontrado no Parque Nacional Conway em Queensland, Austrália, em janeiro de 2023. O guarda-florestal Kylee Gray disse que não pode dar crédito quando se abaixou para pegar o grande e pesado sapo-boi. O governo de Queensland acredita que o grande anfíbio "poderia estabelecer um novo recorde". Sapos-cururu (Rhinella marina), nativos da América Central e do Sul, são uma espécie invasora prolífica na Austrália, Fiji, Havaí e Flórida.

Por causa de seu apetite voraz eles em geral foram introduzidos em muitos países como método de controle biológico de pragas, mas acabaram se tornando a própria calamidade. Como bolas de demolição ambiental, os sapos tóxicos ameaçam a fauna nativa, pois sua pele tóxica mata muitos predadores nativos quando ingerido.

Os índios Choco do oeste da Colômbia costumavam 'ordenhar' sapos colocando-os em tubos de bambu sobre uma fogueira aberta. O veneno concentrado escorria para uma garrafa, e a perigosa substância era espalhada sobre pontas de flechas e dardos de zarabatana.

O sapo-cururu selvagem médio geralmente atinge um comprimento de 10 a 15 centímetros e pesa cerca de três quilos. Alguns espécimes ficaram muito maiores, no entanto. Antes do Toadzilla, o maior já registrado pesava mais de dois quilos. Os sapos são sexualmente dimórficos; as fêmeas são geralmente maiores. Os machos também têm pele mais áspera e fazem uma variedade de vocalizações.

Em 1900, os produtores de cana-de-açúcar da Austrália pediram ao governo soluções para as frequentes infestações de besouros e insetos que matavam suas plantações. O Bureau de Estações Experimentais de Açúcar (BEEA) tentou vários pesticidas, mas nenhum funcionou.

Então, em 1935, o entomologista Reginald Mungomery foi enviado ao Havaí com instruções para reunir alguns sapos-cururus, que haviam sido introduzidos lá para salvar as plantações de açúcar das ilhas dos mesmos problemas de insetos. A BEEA estabeleceu um programa de reprodução em cativeiro com os sapos importados e, mais tarde naquele ano, soltou 102 sapos-cururus no norte de Queensland. Sua população disparou e totaliza cerca de 1,5 bilhão de sapos hoje.

Alguns dias depois de uma fêmea de sapo-cururu colocar seus ovos, eles eclodem em girinos, um capítulo no ciclo de vida que dura de quatro a oito semanas. Os girinos são propensos ao canibalismo e são conhecidos por comer os ovos e girinos de outros sapos-cururus, embora eles não comam seus próprios irmãos. Ainda que os filhotes possam acabar com o trabalho uns dos outros, qualquer outra coisa que tente comê-los terá uma experiência ruim: tanto os ovos quanto os girinos do sapo-cururu são venenosos.

Quando ameaçados, os sapos-cururus secretam um perigoso coquetel leitoso de produtos químicos, incluindo 5-metoxi-N, N-dimetiltriptamina. Há pessoas que não tem melhor ideia do que ingerir esse composto, geralmente lambendo os sapos, experimentando fortes alucinações e um êxtase de corpo inteiro. Infelizmente, seus sintomas também podem incluir músculos severamente enfraquecidos, vômitos intensos, convulsões e morte por parada cardíaca.

Esses sapos não são comedores exigentes e ficam felizes em devorar qualquer coisa que caiba em suas bocas, incluindo besouros, abelhas, formigas, grilos, sapos, cobras, caracóis aquáticos e até pequenos cães e gatos. Em áreas residenciais, os sapos-cururus costumam ser vistos subindo em tigelas de ração de cachorro e comendo o conteúdo.

As peles de sapo-cururu podem ser transformadas em um couro esburacado e livre de veneno. Como presente de casamento para o então príncipe Charles em seu casamento com Diana Spencer em 1981, o Departamento de Defesa australiano ofereceu ao casal real um belo livro encadernado com pele de quatro sapos-cururus.

Pelas razões mencionadas anteriormente, você deve manter os sapos-cururus vivos o mais longe possível de sua boca. Mas, se forem devidamente preparados, os sapos-cururus são realmente comestíveis. Nos últimos anos, os chefs australianos incorporaram pernas de sapo-cururu em suas entradas. Essas guloseimas suculentas podem ser salteadas, fritas ou jogadas em uma boa salada.

- "É um alimento saudável", disse Philip Hayward, professor de estudos insulares da Universidade Cruzeiro do Sul. - "Podemos reduzir drasticamente os números e, ao mesmo tempo, ter um produto saudável e economicamente viável."

Há uma estátua de sapo-cururu em Sarina, na Austrália. "Buffy", como os moradores a chamam, homenageia os produtores de cana-de-açúcar da cidade. Começou a vida em 1983 como um ornamento de papel machê em um carro alegórico no Festival de Acúcar Apex daquele ano. O modelo foi então moldado em fibra de vidro e transferido para uma rua no centro de Sarina.

O veneno do sapo-cururu pode ter valor medicinal. Pesquisadores da Universidade de Queensland avaliam os benefícios médicos dessa notória toxina desde 2010. Experimentos mostraram que o veneno do sapo-cururu mata seletivamente as células cancerígenas, deixando intactas as células saudáveis.

- "Poderíamos processar a toxina para remédios, idealmente em um comprimido porque tem um gosto absolutamente horrível", disse o Dr. Harenda Parekh, professor sênior da escola de farmácia. O produto seria semelhante ao chansu, um medicamento tradicional chinês feito com veneno de um sapo asiático indígena, para tratar problemas de pele, insuficiência cardíaca e dores de garganta.